Em um cenário cada vez mais sofisticado de ameaças cibernéticas, muitos Centros de Operações de Segurança (SOC) continuam perdendo batalhas por se apoiarem em suposições frágeis. Um relatório recente aponta: mesmo com alertas e TTPs (táticas, técnicas e procedimentos) mapeados, organizações ainda são vítimas de invasores que conseguem driblar a vigilância. O problema? Confiança cega em dados incompletos, ausência de estratégia proativa e negligência em fundamentos essenciais da segurança cibernética.
Com a complexidade crescente dos ambientes de TI e a sofisticação dos ataques, o papel do SOC precisa ir além da mera reação a alertas. É hora de retomar o controle — e isso passa por quatro pilares muitas vezes ignorados, mas críticos para a resiliência cibernética.
Recupere a vantagem do campo: faça do ambiente um território hostil ao invasor
Tradicionalmente, muitos SOCs têm operado de forma passiva, reagindo apenas ao que os sistemas de monitoramento trazem à tona. Contudo, essa abordagem deixa lacunas perigosas. A primeira mudança estratégica é assumir o controle do próprio território digital, criando um ambiente que ativamente dificulte a movimentação de invasores.
Isso inclui, por exemplo, alterações simples de configuração que tornam a escalada de privilégios ou o movimento lateral na rede um processo mais arriscado para os atacantes. Trabalhar lado a lado com a equipe de infraestrutura para reforçar sistemas operacionais, aplicações e redes é essencial — mesmo que esses ativos não estejam diretamente sob o controle do SOC.
Um ponto crítico e frequentemente esquecido são as contas de serviço. Por serem privilegiadas, elas representam uma porta de entrada valiosa para atacantes. Entender exatamente como, quando e onde essas contas são utilizadas permite desenvolver detecções mais precisas de uso indevido.
Priorize a higiene dos dados: visibilidade é poder
Sem dados precisos e bem estruturados, qualquer análise ou detecção perde valor. Ter um inventário claro de ativos, entender que tipo de logs esses ativos devem gerar e garantir que essas informações estejam, de fato, chegando ao SIEM (Security Information and Event Management) é um trabalho contínuo — e vital.
A lacuna entre o que deveria ser registrado e o que efetivamente é coletado pode representar a diferença entre detectar uma intrusão a tempo ou sofrer um vazamento silencioso. Além disso, monitorar mudanças abruptas no volume de logs é fundamental. Um aumento inesperado pode não só comprometer a integridade dos dados analisados, mas também afetar diretamente o custo e a capacidade de armazenamento da solução de SIEM.
Outro fator crítico é a documentação. Saber exatamente como os dados estão configurados facilita o diagnóstico em caso de falhas e simplifica processos de auditoria e conformidade.
Invista na capacitação contínua: tecnologia não basta sem preparo humano
O ambiente de TI evolui rapidamente. Novas tecnologias, arquiteturas e soluções exigem atualização constante — e o mesmo vale para os métodos de ataque. Apostar na formação técnica contínua da equipe do SOC, indo além de certificações básicas, é um investimento que se traduz em respostas mais eficazes diante de ameaças emergentes.
Ambientes de laboratório internos, que simulem a stack tecnológica da empresa, são fundamentais para permitir que os analistas aprendam, testem e entendam como proteger os sistemas que operam no mundo real. Aprender a “quebrar para entender” torna-se um diferencial competitivo no combate ao cibercrime.
Desmonte os silos organizacionais: colaboração é chave na resposta a incidentes
A resposta a incidentes é, por definição, um trabalho multidisciplinar. No entanto, barreiras internas entre o SOC, equipes de TI e áreas de negócio ainda dificultam uma ação coordenada e eficaz. Construir relacionamentos antes de uma crise é o primeiro passo para uma atuação integrada quando o tempo é um recurso escasso.
Com o trabalho remoto se consolidando, o isolamento entre departamentos se intensifica. Por isso, é fundamental fomentar uma cultura de colaboração e conhecimento mútuo entre áreas. Um incidente de segurança exige confiança — e ela precisa ser cultivada com antecedência.
Fundamentos negligenciados, prejuízos evitáveis
Apesar do avanço das tecnologias de detecção e resposta, são as falhas mais básicas que ainda permitem a entrada e a movimentação de invasores dentro das redes corporativas. Retomar os fundamentos — domínio do ambiente, qualidade dos dados, capacitação da equipe e integração entre áreas — não é um retrocesso, mas uma evolução necessária.
Executivos de TI e líderes de segurança devem enxergar esses pilares como alicerces para uma postura de cibersegurança verdadeiramente resiliente. Afinal, fortalecer a base é o único caminho para sustentar estratégias mais avançadas — e conter ameaças antes que elas causem estragos irreparáveis.
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