O Carnaval, um dos eventos mais aguardados do ano, também se torna um campo fértil para criminosos digitais. O chamado “golpe do abadá” tem se tornado cada vez mais comum, com quadrilhas organizadas criando sites falsos que imitam plataformas oficiais de venda de ingressos para camarotes, festas VIP e pacotes open bar e food. A fraude, que tem grande incidência em Salvador (BA), causa prejuízos financeiros e expõe dados sensíveis das vítimas.
Como funciona o golpe do abadá?
Os criminosos exploram a empolgação dos foliões e a pressa em garantir ingressos para eventos concorridos. Em muitos casos, as ofertas incluem descontos irreais, como abadás com 70% de desconto ou camarotes VIP que normalmente custariam R$ 15 mil sendo anunciados por apenas R$ 5 mil.
Para dar credibilidade ao golpe, os golpistas criam páginas online que imitam os sites oficiais, reproduzindo logos, cores e até depoimentos falsos de compradores satisfeitos. A pressão psicológica também é uma tática comumente utilizada: cronômetros regressivos e mensagens sobre a “última unidade disponível” incentivam a tomada de decisão rápida e impulsiva.
Ao efetuar a compra, o consumidor realiza a transferência via PIX e, após o pagamento, os criminosos desaparecem sem entregar o abadá ou qualquer comprovante válido de compra. Para piorar, muitos desses sites exigem o preenchimento de formulários com informações pessoais, como CPF, endereço e número de telefone, aumentando o risco de outros tipos de fraudes, como roubo de identidade e golpes bancários.
Depoimentos e medidas de prevenção
De acordo com Francisco Gomes Junior, advogado especializado em cibersegurança e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e Consumidor (ADDP), golpes sazonais se aproveitam da pressa e da alta demanda. “Tem plataformas que colocam, inclusive, cronômetro em contagem regressiva na tela, forçando a vítima a tomar uma decisão sob pressão, sem verificar se a compra é segura”, alerta o especialista.
Para evitar cair nesse tipo de fraude, especialistas recomendam:
- Conferir a URL do site: domínios oficiais geralmente contêm protocolos de segurança (HTTPS) e são verificados por buscadores.
- Desconfiar de ofertas muito abaixo do preço de mercado: descontos exagerados costumam ser iscas para golpes.
- Verificar a reputação da empresa: procurar opiniões de outros consumidores em sites confiáveis e redes sociais.
- Evitar pagamentos via PIX para desconhecidos: optar por métodos de pagamento mais seguros, como cartão de crédito, que oferece possibilidade de estorno.
- Não fornecer dados pessoais a sites não verificados: informações sensíveis podem ser usadas em novos golpes.
Ações das autoridades para conter a fraude
Com o aumento das fraudes no Carnaval, as Secretarias de Segurança Pública estaduais têm reforçado a fiscalização. Na Bahia, a Polícia Militar conduz a Operação Abadá, voltada ao combate tanto dos crimes digitais quanto dos roubos físicos, que ocorrem após a retirada dos abadás.
No âmbito digital, a Secretaria de Segurança da Bahia aposta em ferramentas como o Cyberlab, um sistema de monitoramento de fraudes online, além do aumento da vigilância por câmeras para coibir crimes durante os eventos.
Outros golpes comuns no carnaval
Além do golpe do abadá, outra fraude comum durante a festa é o golpe do cartão bancário. Os foliões, distraídos pela euforia, podem ser vítimas de:
- Troca de cartão: o vendedor devolve um cartão idêntico ao da vítima, mas que pertence ao golpista.
- Cobranças indevidas: ao pagar por aproximação, valores exorbitantes podem ser registrados sem que a pessoa perceba.
Para se proteger, especialistas recomendam nunca entregar o cartão a terceiros, conferir o valor na maquininha antes de autorizar o pagamento e solicitar o comprovante da transação.
Conclusão
A festa mais animada do Brasil também atrai criminosos digitais prontos para se aproveitar da empolgação dos foliões. Para curtir o Carnaval sem preocupações, é essencial redobrar a atenção na compra de ingressos, evitar ofertas suspeitas e seguir boas práticas de segurança financeira. Afinal, prevenir é sempre a melhor forma de garantir que a diversão não vire prejuízo.
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