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quarta-feira, março 12, 2025
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Majorana 1: o que o novo chip quântico da Microsoft significa para a descriptografia e a segurança cibernética?

A Microsoft anunciou um dos avanços mais significativos na computação quântica com o Majorana 1, o primeiro processador quântico a utilizar qubits topológicos. Segundo a empresa, essa tecnologia abre caminho para um sistema escalável de um milhão de qubits em um único chip. Este marco promete avanços revolucionários na ciência e na indústria, mas também levanta preocupações críticas sobre a segurança cibernética, especialmente no que diz respeito à capacidade futura de descriptografar sistemas criptográficos convencionais.

Computação quântica: promessa e ameaça

A computação quântica é amplamente considerada uma revolução tecnológica capaz de transformar setores inteiros. Desde a descoberta de novos medicamentos até a otimização da logística global, os computadores quânticos podem resolver problemas complexos que seriam impossíveis para sistemas clássicos.

Porém, essa mesma tecnologia também representa uma ameça direta à segurança digital. Uma vez desenvolvidos em larga escala, computadores quânticos poderão quebrar a criptografia baseada em chaves públicas (PKE), que protege dados financeiros, governamentais e empresariais em todo o mundo. A corrida para criar um computador quântico funcional não é apenas sobre inovação, mas também sobre quem controlará a próxima geração da segurança digital.

A diferença dos qubits topológicos

Os qubits topológicos do Majorana 1 oferecem uma abordagem inovadora para enfrentar um dos principais desafios da computação quântica: a estabilidade dos qubits. A maioria dos processadores quânticos atuais utiliza qubits supercondutores ou de íons presos, que são extremamente sensíveis ao ruído ambiental e suscetíveis à decoerência, tornando necessária a implementação de qubits corretores de erro.

Os qubits topológicos, por sua vez, codificam informações na topologia do sistema físico, reduzindo significativamente a taxa de erro e melhorando a escalabilidade. Isso permite um design mais eficiente, com menos qubits necessários para formar um sistema funcional. Se essa abordagem se comprovar viável, pode representar um salto significativo rumo a computadores quânticos práticos e comercialmente viáveis.

Majorana 1: a tecnologia por trás do chip

O Majorana 1 é o resultado de quase duas décadas de pesquisa da Microsoft. Ele se baseia na utilização de materiais semicondutores (arsenieto de índio) e supercondutores (alumínio), combinados com resfriamento extremo e campos magnéticos precisos para criar nanofios supercondutores topológicos. Esses nanofios contêm os chamados Modos Zero Majorana (MZMs), que permitem a formação de qubits altamente estáveis.

A Microsoft apelidou essa tecnologia de “topocondutor”, uma espécie de transistor para a era quântica, prometendo a escalabilidade necessária para sistemas funcionais. Segundo Chetan Nayak, vice-presidente de hardware quântico da empresa, “o futuro da computação quântica depende da capacidade de criar um sistema de um milhão de qubits, e essa tecnologia é um passo essencial nessa direção”.

Impacto na segurança cibernética e na criptografia

Embora o Majorana 1 ainda esteja nos estágios iniciais, a possibilidade de computadores quânticos escaláveis coloca em alerta os especialistas em segurança digital. Hoje, muitos sistemas críticos dependem da criptografia RSA e ECC, que podem ser quebradas por um computador quântico suficientemente poderoso. Esse cenário daria origem a um computador quântico criptoanaliticamente relevante (CRQC), ameaçando a segurança de transações financeiras, dados confidenciais e infraestrutura governamental.

A Microsoft, porém, acredita que a transição para criptografia pós-quântica (PQC) deve ocorrer agora, independentemente do Majorana 1. Empresas e governos precisam adotar sistemas resistentes a ataques quânticos para garantir a segurança dos dados a longo prazo.

O que esperar nos próximos anos?

A Microsoft projeta que um sistema quântico funcional tolerante a falhas pode surgir em menos de dez anos, possivelmente em apenas cinco. Isso representa um desafio para as organizações que ainda não iniciaram a migração para criptografia resistente à computação quântica.

Conclusão

O Majorana 1 representa um salto tecnológico significativo e pode acelerar a chegada da computação quântica escalável. No entanto, suas implicações vão além da inovação, exigindo que empresas e governos ajam agora para proteger suas infraestruturas digitais. A computação quântica não é mais um conceito distante: ela está chegando mais rápido do que muitos imaginam.

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