No Agro Security Summit, realizado em Ribeirão Preto no dia 10 de abril, especialistas discutiram os riscos e tendências da cibersegurança no agronegócio, que, ao se digitalizar, enfrenta novas ameaças cibernéticas. Ricardo Tavares, CEO da Gemina, destacou como as lacunas em segurança digital podem afetar a sustentabilidade do setor. A entrevista com Marcio Montagnani, diretor de portifólio e novos negócios da Biz Group e colunista do portal Itshow, revelou soluções inovadoras e a urgência em fortalecer a proteção do agro.
O crescimento do agronegócio e os riscos cibernéticos emergentes
O agronegócio brasileiro é um dos maiores responsáveis pela economia nacional, com inovação constante e alto impacto nas exportações. No entanto, essa transformação digital, embora traga muitos benefícios, também introduz novas vulnerabilidades. O Agro Security Summit, evento realizado pela Gemina, reuniu líderes da indústria para debater como a segurança digital deve evoluir para garantir a continuidade das operações no campo.
Durante a entrevista, Ricardo Tavares, CEO da Gemina, destacou que o setor agro, apesar de ser um dos mais avançados em termos de digitalização, precisa acelerar a adaptação às novas ameaças. “O agronegócio é o setor que mais lidera o Brasil. Ele é extremamente inovador e competitivo no cenário global. À medida que a digitalização avança, as preocupações com cibersegurança aumentam”, afirmou Tavares, ressaltando que as principais preocupações de gestores são garantir que a produção e a safra não sejam comprometidas por ataques cibernéticos.
Desafios de segurança: a obsolescência de sistemas no agro
À medida que os sistemas no campo se tornam mais interconectados, a segurança das operações agrícolas se torna um desafio crescente. Tavares alertou para a obsolescência de dispositivos antigos, uma das maiores lacunas de segurança no setor. “Muitos dispositivos de automação de 15 a 20 anos não são atualizados e estão conectados à IoT, o que os torna vulneráveis a ataques”, explicou. A falta de modernização dos sistemas legados expõe o agronegócio a riscos cibernéticos significativos, o que exige ação urgente.
Além disso, Tavares enfatizou que a cibersegurança no agro não pode ser tratada da mesma forma que em TI tradicional. “A principal prioridade é a disponibilidade dos sistemas, seguida pela integridade e confidencialidade. A segurança no campo é estratégica e deve ser tratada dessa forma”, afirmou. Esse ponto reflete a necessidade de integrar a segurança cibernética ao planejamento estratégico das empresas agrícolas, algo que ainda é subestimado por muitos gestores.
Tecnologias emergentes no combate aos riscos
Com o aumento das ameaças, as empresas do agronegócio começam a adotar novas tecnologias para se proteger. Tavares indicou a microssegmentação como uma das soluções mais promissoras para aumentar a segurança digital no campo. “Estamos vendo uma tendência crescente de uso de microssegmentação no agronegócio, que ajuda a proteger os sistemas legados e resolver questões de segregação de rede”, afirmou. A microssegmentação permite dividir as redes em segmentos menores, dificultando a propagação de ataques e garantindo maior controle sobre os sistemas.
Outra tecnologia em ascensão no setor é o Zero Trust Network Access (ZTNA), que ajuda a garantir uma comunicação mais segura entre dispositivos IoT, servidores e sistemas no campo. “Com o aumento das ameaças cibernéticas, as empresas estão investindo mais em tecnologias como ZTNA e nuvens híbridas”, completou Tavares. A implementação de ZTNA reduz o risco de acesso não autorizado aos sistemas e fortalece a segurança da infraestrutura no agronegócio.
A necessidade de conscientização e educação em segurança cibernética
Um dos principais desafios destacados por Tavares foi a falta de conscientização sobre a cibersegurança no agronegócio. “A segurança cibernética não é apenas uma questão de TI, é uma questão de negócio. Se as empresas não tiverem uma segurança adequada, não sobreviverão aos ataques”, alertou. O CEO da Gemina reforçou a importância de criar uma cultura de segurança que envolva todos os setores da empresa, desde a alta gestão até as equipes operacionais.
Em um setor como o agronegócio, que depende da operação contínua de tecnologias no campo, a cibersegurança deve ser vista como uma prioridade estratégica e não apenas uma responsabilidade das equipes de TI. Tavares destacou que os gestores devem entender que a segurança é essencial para a continuidade e o sucesso a longo prazo.
O impacto da inteligência artificial e o futuro do setor
Com o avanço da inteligência artificial (IA), o agronegócio está entrando em uma nova era de automação e inovação. No entanto, Tavares alertou que a adoção da IA precisa ser acompanhada de políticas rigorosas para proteger os dados sensíveis. “As empresas ainda não sabem tratar corretamente os dados com inteligência artificial, e muitas estão entregando dados sensíveis para fornecedores sem políticas bem definidas”, observou.
Para o futuro do agronegócio, as empresas precisarão continuar a adotar novas tecnologias, como IA e IoT, enquanto fortalecem suas práticas de segurança digital. A integração dessas tecnologias com soluções de segurança emergentes será fundamental para garantir que o setor continue a crescer de forma sustentável e segura.
Conclusão
O Agro Security Summit revelou que o futuro do agronegócio depende de uma transformação digital bem estruturada, que não apenas aumente a produtividade, mas também garanta a segurança das operações. Com o aumento das ameaças cibernéticas, a adaptação das práticas de segurança será fundamental para proteger os sistemas, a produção e os dados sensíveis. As tecnologias emergentes, como microssegmentação e ZTNA, representam o caminho para um agro mais seguro e resiliente.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que Ricardo Tavares, concedeu ao Itshow durante a segunda edição do Agro Security Summit!
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