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quinta-feira, julho 17, 2025
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Data centers entram na era da inteligência artificial e da hiperconectividade

A infraestrutura que sustenta o mundo digital está passando por uma transformação radical. Com a ascensão da inteligência artificial (IA), aplicações em tempo real, conectividade 5G e volumes de dados sem precedentes, os data centers estão deixando de ser apenas estruturas robustas de TI para se tornarem motores estratégicos da economia digital global.

Durante uma press class, Rodrigo Radaieski, COO da Ascenty, defendeu a urgência de políticas públicas que fomentem o setor. Ele destacou a política de desoneração fiscal para data centers, que deverá ser incluída no futuro Plano Nacional de Data Centers (Redata), prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A proposta visa atrair até R$ 2 trilhões em investimentos para o Brasil ao longo da próxima década, impulsionando a digitalização da economia e a instalação de novas infraestruturas.

Segundo Radaieski, esse movimento será decisivo para garantir a competitividade do país frente a mercados globais que já adotam incentivos para tecnologias de ponta.

Do CPD aos hyperscales: uma trajetória de disrupção

Entre 1950 e 2000, os Centros de Processamento de Dados (CPDs) funcionavam dentro das empresas, com mainframes, fitas magnéticas e conectividade limitada. Os investimentos eram altos, o consumo energético baixo (2–3 kW por rack), e o gerenciamento era totalmente manual.

A partir de 2018, o cenário começou a mudar com força. A virtualização, o modelo híbrido e o colocation permitiram maior eficiência e redução de CAPEX. Empresas de setores como varejo, finanças e saúde passaram a operar com densidades de até 20 kW por rack em modelos hyperscale.

Ao mesmo tempo, os data centers se tornaram carrier-neutral, com interconexões globais, acesso direto à nuvem e integração com pontos de troca de tráfego (IX), estabelecendo-se como hubs de conectividade essenciais.

IA, edge e sustentabilidade impulsionam o futuro

A era atual dos data centers é moldada por três forças principais: inteligência artificial, edge computing e sustentabilidade. A infraestrutura moderna precisa suportar cargas de trabalho de IA intensivas em GPU, exigindo altíssima densidade energética (até 150 kW por rack) e sistemas avançados de resfriamento líquido ou por imersão.

A conectividade precisa ser de baixa latência e alta capacidade, integrando-se nativamente com edge nodes e redes 5G. Isso é essencial para aplicações emergentes como veículos autônomos, realidade aumentada, telemedicina e processamento de dados em tempo real.

No centro dessa revolução, está o gerenciamento automatizado com uso de IA para balanceamento dinâmico de cargas, predição de falhas e inteligência energética. A operação dos data centers torna-se autônoma, orquestrada por algoritmos que otimizam consumo e desempenho em tempo real.

Demanda energética: o novo desafio estratégico

Um dos maiores desafios dessa nova era é o consumo de energia. Data centers dedicados à IA podem demandar entre 5 e 100 MW por instalação, tornando a eficiência energética uma prioridade crítica.

A resposta da indústria passa pela sustentabilidade. Provedores estão adotando exclusivamente fontes de energia renovável, otimizando o PUE (Power Usage Effectiveness), implementando projetos certificados como LEED e ISO 50001, e promovendo o reuso de calor e a reciclagem de água. Tudo isso, sem comprometer a performance.

Investimento público pode destravar nova onda de crescimento

A fala de Radaieski durante a press class reforça o papel do Estado como facilitador desse novo ciclo. Segundo ele, o Brasil tem potencial para se tornar um hub digital na América Latina, mas precisa de políticas de incentivo claras, previsibilidade regulatória e condições fiscais adequadas para competir por grandes projetos globais de infraestrutura.

O Plano Nacional de Data Centers (Redata) surge como uma resposta estratégica a esse desafio, mirando não apenas a modernização da infraestrutura digital do país, mas também a criação de empregos qualificados e a atração de empresas globais de tecnologia.

Considerações finais

A revolução dos data centers está em curso — e ela é silenciosa, mas profunda. Para CIOs e executivos de tecnologia, acompanhar essa transformação é mais do que uma necessidade operacional: é um imperativo estratégico.

Ao alinhar capacidade computacional com conectividade global, resiliência, automação e agora com apoio governamental, os data centers da nova era não são apenas ativos de suporte — são catalisadores de inovação, crescimento e soberania digital.

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Cíntia Ferreira
Cíntia Ferreira
Chief Operating Officer no Itshow, portal líder de notícias em Tecnologia e Telecom, com base em São Paulo. Com ampla experiência em gestão operacional e estratégia de alto impacto, ela conduz iniciativas que impulsionam inovação, eficiência e operações escaláveis. Reconhecida por liderar equipes multidisciplinares e integrar soluções de negócios e tecnologia,
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