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quinta-feira, setembro 11, 2025
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Esquecidas pela história, lembradas pelo futuro: resgatando as inventoras da tecnologia

Quando pensamos em grandes nomes da tecnologia, é comum que surjam figuras como Alan Turing, Steve Jobs, Bill Gates ou Elon Musk. Todos homens. Mas a história da inovação foi também escrita por mulheres brilhantes, que transformaram ciência, computação, comunicação e até a corrida espacial. Muitas delas, no entanto, foram invisibilizadas e suas contribuições ficaram nas sombras, seus nomes esquecidos ou só reconhecidos décadas depois.

Hoje, em um mundo em que diversidade e inclusão fazem parte da pauta das empresas e da sociedade, resgatar essas trajetórias não é apenas um exercício de memória: é um passo fundamental para reconhecer que a inovação nunca teve gênero.

As pioneiras invisíveis

No século XIX, Ada Lovelace ousou romper barreiras. Filha do poeta Lord Byron, foi incentivada pela mãe, Lady Byron, a se dedicar à matemática e às ciências exatas. Essa decisão mudou sua vida e a história da computação. Ada escreveu o que é considerado o primeiro algoritmo do mundo e foi a primeira a imaginar que máquinas poderiam ir além dos cálculos, criando música, arte e linguagens simbólicas.

Sua visão, muito à frente do tempo, antecipou conceitos da computação moderna e até da inteligência artificial. Apesar de esquecida por quase um século, hoje é reconhecida como a primeira programadora da história e um símbolo de pioneirismo feminino.

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Retrato de Ada Lovelace, circa 1840. Fotografia em daguerreótipo. Domínio público – acervo da Wikimedia Commons.

Invenções que moldaram o presente

Nos anos 1940, quando o mundo olhava para Hollywood, a atriz Hedy Lamarr se tornava famosa por sua beleza nas telas. Mas, nos bastidores, ela desenvolvia ao lado do engenheiro George Antheil um sistema de comunicação por “salto de frequência” para proteger mensagens militares contra interceptações.

À época, a invenção foi ignorada. Décadas depois, o mesmo princípio serviu de base para Wi-Fi, Bluetooth e GPS, tecnologias sem as quais não conseguiríamos trabalhar, viajar ou nos conectar hoje em dia. Hedy só recebeu reconhecimento já no fim da vida, mas sua trajetória é prova de que muitas vezes a história demorou demais para enxergar as mulheres por trás de inovações que transformaram o cotidiano.

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Retrato publicitário de Hedy Lamarr, década de 1940. Domínio público – acervo da Wikimedia Commons.

Já nos anos 1980, a cientista da computação Radia Perlman criava o protocolo Spanning Tree, peça-chave para a comunicação entre redes de computadores. Sem ele, a internet simplesmente não funcionaria como conhecemos hoje. Apelidada de “mãe da internet”, Radia ainda é menos lembrada do que outros homens da mesma época, mas sua contribuição é a base para que bilhões de pessoas estejam conectadas.

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Radia Perlman, cientista da computação conhecida como “mãe da internet”. Fotografia disponível no Wikimedia Commons, licenciada sob Creative Commons CC BY-SA 2.0.

A contribuição invisibilizada na corrida espacial

Nos anos 1960, enquanto os Estados Unidos competiam com a União Soviética para chegar à Lua, equipes inteiras de cientistas trabalhavam nos bastidores da NASA. Entre elas estavam Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, matemáticas negras que quebraram barreiras duplas: de gênero e de raça.

Katherine Johnson calculou as trajetórias que permitiram o pouso da Apollo 11 na Lua. Dorothy Vaughan foi pioneira no uso de computadores eletrônicos na agência e Mary Jackson se tornou a primeira engenheira negra da NASA. Sem elas, talvez o feito mais icônico da exploração espacial não tivesse acontecido. Suas histórias permaneceram restritas a relatórios técnicos até serem popularizadas pelo livro e filme Estrelas Além do Tempo. Hoje, inspiram gerações de meninas que sonham em ser cientistas.

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Dorothy Vaughan, Katherine Johnson e Mary Jackson – da esquerda para a direita. – Imagem: Epraja.com.br

Um padrão que persiste

Esses casos não são exceções isoladas, mas parte de um padrão histórico que associou a inovação ao universo masculino. Muitas mulheres tiveram seus nomes apagados dos créditos de projetos transformadores ou foram reduzidas a papéis secundários. O resultado é um apagamento que ecoa até hoje: em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, a presença feminina ainda é minoria.

Mas a realidade está mudando. Ao resgatar essas trajetórias, damos visibilidade ao fato de que o mundo digital, as telecomunicações e até a exploração espacial têm DNA feminino. E, mais do que isso, mostramos para as novas gerações que não há barreiras para a criatividade, a inovação e o protagonismo das mulheres na tecnologia.

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Andrea Rivetti
Andrea Rivetti
CEO e Fundadora da Arklok, em São Paulo, especializada em outsourcing de infraestrutura de TI. Com foco em eficiência tecnológica e redução de custos, lidera projetos personalizados que garantem excelência na transição digital e na fidelização de clientes.
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