Durante a cobertura do portal Itshow no Mind The Sec 2025, realizado nos dias 06, 17 e 18 de setembro na cidade de São Paulo, o maior evento de cibersegurança da América Latina. A equipe do Itshow conversou com Thiago Branquinho, CTO da TI Safe, que apresentou o protótipo da plataforma Safer, solução de inteligência artificial voltada à segurança cibernética de infraestruturas críticas.
Cibercrime adota IA e ganha escala
A inteligência artificial, antes restrita a centros de pesquisa e grandes corporações, passou a ser utilizada também pelo cibercrime. Essa mudança está reconfigurando o cenário global de ameaças digitais, reduzindo barreiras de entrada para criminosos iniciantes e ampliando a eficiência de grupos organizados.
Projeções do Google Cloud indicam que, até o fim de 2025, sistemas baseados em aprendizado de máquina responderão por 85% da detecção de ameaças em tempo real. Mas a mesma tecnologia que fortalece defesas está agora sendo explorada por atacantes para burlar mecanismos de segurança e acelerar a criação de malwares.
Segundo Thiago Branquinho, o cibercrime opera hoje como uma indústria estruturada.
“A IA tornou-se um produto de valor nesse ecossistema: ferramentas generativas sem filtros são oferecidas para escrever códigos nocivos, burlar sistemas de proteção e automatizar golpes. Ainda em 2022, surgiram as primeiras evidências de hackers usando o ChatGPT para desenvolver scripts maliciosos”, afirmou.
O executivo destaca que, em poucos meses, fóruns clandestinos foram tomados por versões alternativas da IA generativa, como WormGPT, FraudGPT e DarkGPT.
“Entre 2023 e 2024, a presença dessas ferramentas cresceu mais de 200% nesses espaços, confirmando a ascensão de uma verdadeira ‘indústria sombria’ da IA”, alerta.
Phishing, deepfakes e malwares autônomos
O impacto da IA criminosa já é perceptível em diversas frentes. Hoje, até usuários sem experiência conseguem gerar malwares funcionais, como ladrões de dados e ransomwares, usando apenas prompts. Criminosos mais experientes utilizam modelos que criam malwares polimórficos, que se reescrevem automaticamente e passam despercebidos por antivírus.
No phishing, golpes antes denunciados por erros de escrita agora são redigidos com perfeição, em qualquer idioma, e adaptados a contextos específicos.
“Em golpes de Business Email Compromise, ferramentas como o WormGPT ajudam a compor e-mails convincentes em nome de executivos, reduzindo custos e ampliando as taxas de sucesso. Paralelamente, deepfakes de voz e vídeo começaram a ser usados em fraudes milionárias”, explica Branquinho.
Essa combinação torna os ataques mais convincentes, mais baratos e mais difíceis de detectar, exigindo uma mudança de paradigma na defesa corporativa.
Combater IA com IA: nasce a plataforma Safer
Para Branquinho, a única forma de combater ameaças criadas por IA é com IA defensiva. É nesse contexto que surge a plataforma Safer, solução inédita da TI Safe baseada em inteligência artificial e voltada exclusivamente para a proteção de sistemas industriais e infraestruturas críticas.
O protótipo foi apresentado no Mind The Sec 2025 e o lançamento ao mercado está previsto para janeiro de 2026. A solução reunirá módulos de consultoria, governança, auditoria, resposta a incidentes e treinamento, todos suportados por IA para acelerar a detecção e resposta a ameaças.
“Organizações precisam adotar ferramentas inteligentes capazes de detectar padrões anômalos em tempo real, criar planos de contingência contra ataques automatizados e investir em tecnologias de verificação de deepfakes. Também é preciso conscientizar os colaboradores: vozes podem ser falsificadas e e-mails perfeitos ainda podem ser armadilhas”, reforça.
Um novo patamar para a segurança industrial
Branquinho afirma que o Safer é um marco estratégico para a cibersegurança industrial no Brasil e América Latina.
“Nossa expectativa é que o Safer se consolide como a principal referência nacional em proteção de sistemas ciberfísicos baseada em IA, promovendo conformidade regulatória, redução de riscos e aceleração da maturidade cibernética”, destaca.
Com quase duas décadas de atuação no setor, a TI Safe aposta que o uso intensivo de IA será o divisor de águas para a proteção de infraestruturas críticas, e um caminho inevitável para quem deseja acompanhar a transformação digital de forma segura.
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