A infraestrutura de TI se tornou o núcleo das operações empresariais, sendo responsável por armazenar, processar e proteger dados cruciais para a competitividade das empresas. Contudo, à medida que a demanda por capacidade computacional e armazenamento de dados cresce, o consumo energético se tornou um dos maiores desafios no gerenciamento de data centers.
De acordo com a International Energy Agency (IEA), data centers são responsáveis por aproximadamente 1% do consumo global de energia e essa tendência tende a aumentar com o crescimento do uso de inteligência artificial (IA), big data e computação em nuvem. Para as empresas, isso significa que o custo com energia está diretamente ligado à eficiência operacional, competitividade e sustentabilidade.
No Brasil, a situação não é diferente. Segundo a Brasscom, o setor de TI no país deve gerar R$ 845 bilhões até 2026, sendo a eficiência energética um fator crucial para as empresas se destacarem em um mercado altamente competitivo. A boa notícia é que as soluções para esse desafio já estão disponíveis e envolvem tecnologias de ponta que não só aumentam a eficiência energética, mas também oferecem economia operacional e vantagens estratégicas para os gestores de TI.
O impacto da eficiência energética no custo total de um data center
Com o aumento da demanda por dados e processamento, o consumo de energia dos data centers cresceu exponencialmente nos últimos anos. Hoje, equipamentos mais potentes, como placas de vídeo e sistemas de climatização, exigem mais energia, o que leva as empresas a repensarem a infraestrutura de TI de maneira estratégica.
Raphael Carvalho, Gerente de Projetos de Energia e Data Center da GP Cabling, comentou: “Hoje, com a crescente demanda de TI, o papel da energia no custo de um data center é enorme. Produtos mais eficientes e sistemas de cooling otimizados tornam o negócio mais competitivo e sustentável do ponto de vista comercial.”
A modernização da infraestrutura é, portanto, crucial para reduzir os custos operacionais e otimizar os recursos energéticos. Soluções como micro data centers e sistemas de resfriamento inteligente estão ajudando as empresas a reduzir o impacto ambiental e aumentar a eficiência energética.
Tecnologia e inovação como catalisadores da eficiência
Além da eficiência energética, a tecnologia verde também tem se destacado como um componente essencial da estratégia de sustentabilidade de empresas de TI. Inovações como liquid cooling, free cooling e gases ecológicos aplicados em sistemas de climatização já são tendências, com grandes players como a Schneider Electric se destacando no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para data centers.
Beatriz Carvalho, gerente de contas da APC by Schneider Electric, destacou: “A sustentabilidade não se limita apenas ao setor de TI, ela deve ser abordada em toda a companhia, desde as métricas ESG até as soluções e produtos oferecidos.”
Isso significa que a eficiência energética no setor de TI envolve não apenas redução de custos, mas também inovação contínua em soluções ecoeficientes que ajudem as empresas a atingir suas metas ESG (ambientais, sociais e de governança).
Retrofit ou Greenfield: a escolha da infraestrutura de TI
Para muitas empresas, a decisão de atualizar data centers antigos ou migrar para uma nova infraestrutura envolve um dilema estratégico: retrofit ou greenfield? A escolha depende de vários fatores, como o estado dos equipamentos, o custo de modernização e o impacto potencial na performance e eficiência energética.
Retrofit se refere ao processo de atualizar a infraestrutura existente, enquanto greenfield implica a construção de um novo data center do zero. No caso de equipamentos ultrapassados ou infraestruturas deficientes em termos de eficiência energética, investir em um retrofit pode ser um erro. No entanto, para data centers mais novos, a atualização de sistemas de resfriamento, energia e servidores pode ser uma solução eficiente.
Raphael Carvalho complementa: “Com equipamentos mais eficientes, o cliente percebe nitidamente que paga menos e ainda conta com mais tecnologia, confiabilidade e segurança. É por isso que o conceito de data center vem crescendo cada vez mais no mercado.”
O papel dos KPIs na medição da eficiência energética
Em data centers, o Power Usage Effectiveness (PUE) é o KPI fundamental para medir a eficiência energética. O PUE é a relação entre o total de energia consumida por um data center e a energia utilizada apenas pelos seus equipamentos de TI. Quanto mais próximo de 1.0 for o PUE, mais eficiente é o data center.
Para empresas que buscam reduzir custos e melhorar a competitividade, o PUE se torna uma métrica crucial. Segundo dados da Schneider Electric, mais de 50% dos data centers globais já aplicam IA para otimizar o consumo energético e melhorar o PUE.
Davi Medeiros, Marketing Manager da APC by Schneider Electric, destaca a importância de se focar não apenas em economia de energia, mas também em segurança e confiabilidade: “A eficiência não deve ser medida apenas pela economia de energia, mas também pela segurança do sistema. O Econversion permite um alto nível de eficiência e, ao mesmo tempo, assegura que a carga esteja sempre energizada, algo que outros métodos de economia de energia não garantem.”
A Inteligência Artificial como aliada na gestão energética
A inteligência artificial (IA) desempenha um papel crucial na gestão energética de data centers. Softwares de IA permitem o monitoramento de calor, consumo e desempenho de cada rack em tempo real, ajustando automaticamente o consumo de energia de acordo com a demanda e prevenindo falhas.
Beatriz Carvalho compartilhou um exemplo prático: “Com IA, conseguimos prever onde há excesso de calor, otimizar o funcionamento do ar-condicionado e reduzir custos de manutenção. A visibilidade vai desde KPIs de consumo até o uso correto da infraestrutura contratada.”
Além disso, a IA generativa também está ajudando a automatizar a otimização do consumo energético em data centers de alta performance, como os usados para IA e supercomputação, onde o consumo de energia por rack pode chegar a 100 KVA.
Sustentabilidade em data centers
Como o consumo de energia por rack aumenta exponencialmente, novas tecnologias de resfriamento tornam-se fundamentais para garantir a eficiência energética. Soluções como liquid cooling estão ganhando popularidade, especialmente em data centers de alta performance.
No entanto, a implementação de free cooling e liquid cooling depende de vários fatores, como a localização do data center, o clima local e a eficiência das tecnologias de refrigeração disponíveis. Como lembrou Davi Medeiros: “O maior desafio nos data centers hoje é dissipar o calor específico dos racks. O uso de liquid cooling é eficiente, mas exige um consumo elevado de energia.”
Competitividade e sustentabilidade
Em um mercado cada vez mais digital, onde a demanda por dados e processamento cresce a cada dia, a eficiência energética em data centers não é apenas uma questão de economia de custos. É uma estratégia que impacta diretamente a competitividade e sustentabilidade das empresas.
Como afirmou Raphael Carvalho: “Quanto mais eficiente for a infraestrutura, menor a perda de energia e maior o retorno para o negócio. A eficiência se traduz em economia e competitividade.”
A transformação digital exige investimentos em tecnologias que garantam eficiência energética, segurança e sustentabilidade, ao mesmo tempo que asseguram alto desempenho. Empresas que se adaptarem rapidamente às novas demandas de IA, greenfield e retrofit e adotarem soluções de cooling inovadoras estarão melhor posicionadas para garantir um futuro mais sustentável e competitivo.
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