As fraudes digitais voltaram a registrar crescimento expressivo no Brasil, com destaque para o aumento entre jovens de até 25 anos. Dados recentes apontam que, somente em abril de 2025, as tentativas de golpes contra esse grupo cresceram 50,2% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. O resultado revela um cenário de atenção para uma população que, apesar de estar mais conectada, muitas vezes não dispõe de conhecimento suficiente para identificar riscos e se proteger de ameaças virtuais.
O levantamento contabilizou 1.101.410 tentativas de fraude no período, o que significa que, a cada 2,4 segundos, um brasileiro foi alvo de um golpe digital. O número mantém o país em um patamar elevado desde o início do ano, evidenciando que as estratégias criminosas permanecem ativas e em constante evolução.
Faixas etárias mais afetadas
A análise por faixa etária mostra que o grupo entre 36 e 50 anos ainda concentra a maior parte dos casos, representando cerca de um terço do total. Adultos de 26 a 35 anos somam aproximadamente 26,3% das ocorrências, enquanto jovens com até 25 anos representam 15% do volume geral. Apesar de não liderarem em quantidade absoluta, os mais jovens foram o grupo com a maior variação percentual, sinalizando que se tornaram alvo prioritário de golpistas.
Setores mais visados pelos criminosos
No recorte por setores, bancos e cartões continuam no topo da lista, respondendo por 54,2% das investidas. Em seguida aparecem empresas de serviços, com 30,9%, financeiras com 7,2%, telefonia com 5,8% e varejo com 1,9%. O segmento de telefonia, embora menor em participação, foi o que apresentou o maior crescimento anual, registrando alta de 61,1%. Isso demonstra que os criminosos estão diversificando suas frentes de atuação, aproveitando brechas em áreas que lidam diretamente com dados e cadastros de clientes.
Formas de detecção das fraudes digitais
Entre os métodos de detecção das fraudes digitais, as inconsistências cadastrais lideram, com 52,1% dos casos identificados por divergências em informações como CPF, endereço ou telefone. A validação por documentos e biometria facial respondeu por 39,9% das ocorrências, enquanto o monitoramento de comportamentos suspeitos em dispositivos foi responsável por 8% das interceptações. Esse dado reforça a importância de sistemas integrados e automatizados na prevenção contra ataques.
Distribuição regional dos ataques
A distribuição geográfica das fraudes digitais revela que a região Sudeste concentrou 47,3% das tentativas, com mais de meio milhão de ocorrências somente em abril. O Nordeste registrou 246.550 casos, o Sul 177.351, o Norte 79.431 e o Centro-Oeste 76.627. Apesar de o Sudeste liderar em números absolutos, o maior crescimento proporcional foi observado no Norte, com alta de 38,3%. O Nordeste também registrou expansão relevante, de 33,7%, com destaque para estados como Amazonas, Pará e Maranhão, que apresentaram aumentos superiores a 38%.
Estados com maior incidência de golpes
No ranking por estados, São Paulo ocupa a primeira posição com 301.195 tentativas de golpe, seguido pelo Rio de Janeiro com 104.117 e Minas Gerais com 96.161. Quando considerada a população, o Distrito Federal lidera a taxa proporcional, com 7.759 tentativas por milhão de habitantes. Na sequência estão São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro. A média nacional é de 5.166 tentativas por milhão de habitantes, um indicador que mostra a presença generalizada do problema em todas as regiões do país.
Por que os jovens estão mais expostos
O crescimento das fraudes digitais entre jovens está diretamente relacionado ao comportamento dessa faixa etária, que faz uso intensivo de dispositivos móveis, redes sociais, aplicativos de pagamento e compras online. A facilidade de acesso e a busca por rapidez nas transações muitas vezes levam à negligência com medidas de segurança, abrindo espaço para golpes de phishing, clonagem de contas e roubo de dados pessoais.
Como reduzir os riscos de fraudes digitais
Especialistas recomendam ações preventivas que vão desde a criação de senhas fortes e únicas para cada serviço até o hábito de evitar clicar em links recebidos por e-mail, mensagens ou redes sociais sem verificar sua origem. Também orientam a cadastrar chaves Pix exclusivamente por canais oficiais, desconfiar de promoções com preços muito abaixo do mercado e revisar periodicamente as informações pessoais cadastradas em bancos e empresas.
Além disso, o uso de autenticação em duas etapas, biometria e aplicativos de verificação pode aumentar a barreira contra ataques, dificultando o acesso indevido a contas e sistemas. As instituições financeiras e empresas de tecnologia vêm investindo em soluções mais robustas, mas a participação ativa do usuário ainda é a peça central para reduzir o risco.
Educação digital como prevenção
A análise geral do mês de abril indica que o país vive um momento de adaptação às novas modalidades de crimes cibernéticos. Com o avanço da inteligência artificial e a sofisticação das táticas de engenharia social, os golpistas conseguem criar abordagens personalizadas e convincentes, elevando o potencial de sucesso das investidas. Diante desse cenário, especialistas defendem que a educação digital seja incorporada desde cedo na vida dos jovens, com informações sobre práticas seguras, identificação de ameaças e uso consciente das ferramentas online.
A atenção redobrada no ambiente digital tornou-se indispensável, especialmente para públicos mais vulneráveis, como jovens em início de vida financeira. Embora a tecnologia ofereça conveniência e oportunidades, também amplia os pontos de exposição a riscos. O equilíbrio entre uso e proteção depende de hábitos seguros e de uma postura preventiva contínua.
O aumento expressivo das fraudes digitais registrado em abril de 2025 reforça a necessidade de integração entre políticas de segurança, tecnologia avançada e conscientização da população. Com ações combinadas e a colaboração entre empresas, órgãos reguladores e usuários, é possível reduzir o alcance das tentativas de golpe e preservar a integridade das informações pessoais.
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