Esse último mês foi bastante agitado em relação a assuntos de tecnologia, mas fazendo uma reflexão, após novembro de 2022, qual foi o mês calmo em relação a temas relacionados a computadores, IA e outros assuntos relacionados?
Mas entre os testes da Tela sobre robotáxis, trailer do filme F1 com resposta tátil em iPhones e a recente mudança da tela azul da morte da Microsoft para uma tela preta, algo me chamou muito a atenção nessa imensidão de novidades, o anúncio do acordo da Mattel com a OpenIA.
Para quem tem mais de 40 anos, brinquedos que simulavam voz era algo muito avançado, mas pensar em um brinquedo autônomo com possibilidades de aprendizado é algo que sonhávamos, mas sendo pai preocupa bastante, afinal, os cuidados que adotamos em relação à vida corporativa para segurança da informação, precisará ser redobrado em casa.
Brinquedos inteligentes: inovação ou invasão no espaço infantil?
Acredito que qualquer um que tenha passado por uma implementação de um programa de conscientização de segurança da informação, pensa que além dos benefícios da empresa, logo vem os pessoais, com os cuidados em relação a telefones, contas bancárias, uso de Wi-Fi público e outros correlatos.
É claro que a Mattel e a OpenIA já se anteciparam informando que os brinquedos serão produzidos levando em conta a responsabilidade, priorizando segurança, privacidade e inovação. O anúncio não trouxe detalhes de como leis americanas de privacidade infantil, europeias ou até mesmo as brasileiras serão respeitadas, uma vez que brinquedos são produzidos para um público muito sensível aos olhos das legislações, as crianças.
Esse fato novo reforça os cuidados que precisamos ter com as crianças e adolescentes online. Afinal, a Mattel anunciou implementações de IA na Barbie (seu produto mais famoso), Uno (jogo de cartas com diversas variações) e na linha Hot Wheels. O público desses produtos é muito diverso e esse será o primeiro passo de uma nova era relacionada a brinquedos. Afinal, brinquedos inteligentes não era uma categoria possível até há algum tempo.
E o que isso modifica em relação aos cuidados que já temos com as crianças?
No último mês de maio, ocorreu em São Paulo o evento Sirena Human Risk. Neste evento foi apresentado a palestra “Segurança Digital Sistêmica: Protegendo o Futuro das Nossas Crianças” pela Eva Pereira. Nessa palestra, Eva trouxe informações muito relevantes sobre os cuidados com o uso de ferramentas digitais pelas crianças e o papel dos pais nesse processo.
É importante perceber que criar uma criança hoje requer muita atenção. Antes o perigo era físico e palpável. Hoje o risco não está fisicamente próximo, pode estar longe e outras partes do globo, realizados por pessoas altamente treinadas para lidar com esse público que podemos considerar ingênuo e com ampla presença na Internet.
Considere também que talvez por comodidade, pais estejam colocando mais telas nas mãos das crianças e até “delegando” a diversão e atenção que deveriam relegar a seus filhos por cansaço e até por sua própria ingenuidade no perigo ao qual suas crianças estejam expostas.
Hoje as telas estão cada vez mais atrativas e com cada vez mais recursos, porém os pais conseguem manter seus filhos afastados por opção ou restringir. Agora com brinquedos inteligentes, essa opção pode ser mais restritiva (é claro que o preço em um primeiro momento pode ser proibitivo, mas com o passar do tempo novas opções podem surgir) e o receio de ficar para trás talvez fique cada vez mais latente.
A tendência é a idade de uso comum cair bastante, uma vez que a sofisticação será implementada em uma gama de brinquedos para faixas etárias menores. Pais que possuem mais de um filho afirmam que o segundo (ou terceiro e assim por diante) tem um aprendizado mais fácil com os irmãos. Há a possibilidade que esse irmão (ou irmã) passe a ser um brinquedo inteligente, desenhado para ser o acompanhante da criança desde seus primeiros dias.
Convido os pais a fazerem uma reflexão, pois como iniciei esse texto não houve um mês de calmaria após o anúncio do ChatGPT em 2022 e, certamente, Lulu Santos foi uma pessoa muito feliz em fazer uma música onde trazia que “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Precisamos estar antenados e nos preparar cada vez mais para um cenário mais dinâmico em relação a novidades tecnológicas.
Conectividade e segurança: o que observar nos brinquedos?
Reforço que é importante acompanhar as atividades da criança, hoje realizadas em tela ou aplicativos para o que será tratado futuramente nesses brinquedos inteligentes. Outro ponto a ser verificado será as opções de segurança e acompanhamento que serão incorporadas nesses novos dispositivos. Se precisarão de acesso à Internet e como esse acesso será feito.
Como serão realizadas as rotinas de atualização desses equipamentos. Um ponto importante será avaliar o fabricante desses brinquedos, pois hoje o caso que inspirou esse artigo foi o da Mattel. Certamente outros entrarão nesse jogo e como já feito hoje, cópias serão produzidas.
Para quem não conhece, há requerimentos da Anatel para certificar equipamentos que necessitem de acesso a redes. Ainda não é claro, mas provavelmente esses novos brinquedos possam participar desse processo de certificação. Não se engane que uma certificação por mais bem feita que seja não diminuirá a necessidade dos pais de participarem e acompanharem a atividade das crianças com os brinquedos inteligentes.
No caso das cópias (ou dispositivos não homologados), o cuidado deverá ser ainda maior, uma vez que inseridos em nossa rede doméstica (ou acessos públicos) não haverá como saber quais dados poderão estar em risco com o uso dessas cópias. Neste ponto, o risco de comprar um brinquedo de origem duvidosa pode trazer riscos além dos que podem ser mapeados. Uma questão a ser respondida, você gostaria que seu filho(a) tivesse um acompanhante cuja origem e modelo de treinamentos sejam desconhecidos.
De qualquer forma, a própria música do Lulu traz uma resposta para refletirmos: “Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo agora há tanta vida lá fora aqui dentro, sempre”. Sendo assim, é preciso abraçar os novos desafios e o novo na criação dos filhos e se atentar às novidades tecnológicas e se adaptar sempre.
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