A cibersegurança no setor da saúde deixou de ser um detalhe técnico para se tornar um fator essencial na continuidade dos serviços médicos. Não estamos falando apenas de proteger sistemas, mas sim de preservar vidas. Com a crescente digitalização dos hospitais e clínicas, garantir a integridade dos dados e a segurança operacional tornou-se um desafio crítico.
Com uma atuação de destaque na cibersegurança, Leandro Ribeiro foi reconhecido na lista dos 100 Tech Informers do Itshow. Em entrevista, ele apresentou sua experiência à frente da segurança digital do Hospital Sírio-Libanês e analisou os principais riscos e avanços na área.
“O setor da saúde lida diretamente com vidas humanas. Um incidente de segurança pode impactar diretamente a continuidade do atendimento, atrasando exames, comprometendo tratamentos e, em casos mais graves, colocando vidas em risco“, destaca Leandro Ribeiro.
Leandro Ribeiro: A Cibersegurança na Saúde
A digitalização dos serviços de saúde trouxe eficiência, mas também abriu portas para ameaças cibernéticas. Dados sensíveis dos pacientes, como históricos médicos e informações de contato, são alvos valiosos para criminosos digitais. Em alguns casos, o vazamento de informações pode comprometer não apenas a privacidade dos pacientes, mas também sua segurança.

“Os criminosos cibernéticos exploram ambientes com segurança fragilizada. O setor da saúde, por ainda não ter uma regulamentação tão rígida quanto outras áreas, acaba sendo um alvo recorrente“, explica Ribeiro.
Principais Ameaças Cibernéticas na Saúde
O phishing continua sendo uma das estratégias mais utilizadas por cibercriminosos para obter acesso indevido aos sistemas hospitalares.
“Ataques de phishing continuam sendo um dos principais riscos. Muitas vezes, um clique em um e-mail aparentemente inofensivo pode comprometer todo um sistema“, alerta Leandro Ribeiro.
Muitas vezes, um profissional de saúde, em meio à rotina agitada, pode cair em um golpe, fornecendo credenciais ou executando um software malicioso sem perceber.
Ransomware: O Inimigo Silencioso
Os ataques ransomware são devastadores para hospitais, pois bloqueiam o acesso aos sistemas até que um resgate seja pago. Em 2020, um hospital alemão foi alvo de um ataque desse tipo, o que resultou na impossibilidade de atendimento a um paciente que acabou falecendo.
“A paralisação dos serviços hospitalares por conta de um ataque ransomware pode ser catastrófica. Em muitos casos, o tempo de resposta faz toda a diferença na vida do paciente“, reforça Ribeiro.
Ataques a Dispositivos Médicos
Com a conectividade dos equipamentos médicos, como monitores de sinais vitais e bombas de infusão, surge uma nova preocupação: a vulnerabilidade desses dispositivos a ataques cibernéticos.
“Muitos hospitais ainda não possuem ferramentas específicas para monitorar vulnerabilidades em equipamentos médicos, o que pode abrir brechas críticas para ataques“, enfatiza Leandro Ribeiro.
Como os Hospitais Podem se Proteger?
Apesar do aumento das ameaças, há medidas eficazes que podem ser adotadas para reforçar a segurança:
- Treinamento Contínuo: Conscientizar os profissionais de saúde sobre boas práticas de segurança, evitando que sejam vítimas de ataques de engenharia social.
- Monitoramento Ativo 24/7: Implementação de um Security Operations Center (SOC) para detectar e responder rapidamente a ameaças.
- Gerenciamento de Riscos de Fornecedores: Avaliação criteriosa de terceiros que tenham acesso a dados sensíveis.
- Segurança de Dispositivos Médicos: Implementação de soluções específicas para proteção de equipamentos conectados à rede.
Regulamentações e Compliance: O Brasil Está Preparado?
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi um avanço significativo para o Brasil, mas o setor da saúde ainda carece de regulamentações mais específicas, como a HIPAA nos EUA.
“Hospitais de grande porte já seguem padrões internacionais de certificação, mas a maioria das instituições ainda precisa avançar na implementação de políticas estruturadas de segurança“, afirma Ribeiro.
O caminho para um ambiente mais seguro envolve avanços tecnológicos e colaboração entre diferentes players do setor. Entre as principais tendências, destacam-se:
- Proteção Avançada para Dispositivos Médicos.
- Adoção de Normas e Certificações Internacionais.
- Automação e Inteligência Artificial na Detecção de Ameaças.
- Maior Cooperação Entre Hospitais e Empresas de Tecnologia.
A cibersegurança no setor da saúde já não pode ser tratada como um diferencial, mas sim como um pré-requisito essencial.
“Os desafios da segurança digital na saúde são grandes, mas a conscientização e o investimento adequado fazem toda a diferença. As instituições que não se adaptarem correm o risco de enfrentar crises severas“, finaliza Leandro Ribeiro.
Garantir a proteção dos dados médicos e a continuidade dos serviços não é apenas uma questão de tecnologia, mas sim de responsabilidade. A segurança da informação precisa estar no centro das estratégias hospitalares, garantindo que os avanços tecnológicos sejam aliados da saúde e não uma ameaça oculta.
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