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sábado, fevereiro 15, 2025
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Pandemia foi evento decisivo na aceleração da transformação digital nas empresas

A pandemia acelerou o processo de transformação digital nas empresas

A COVID-19 acelerou a adoção de tecnologias, uma necessidade aguda impulsionada pela sobrevivência das empresas. As tecnologias não eram novas; no entanto, seu uso se expandiu em ritmo inédito. O Zoom, por exemplo, experimentou um crescimento exponencial, enquanto outros, como o Skype, deram lugar a alternativas emergentes, como o Teams da Microsoft.

A era pré-pandêmica possuía seus próprios conjuntos de práticas e normas. A infraestrutura de TI, a configuração do local de trabalho e a mentalidade dos funcionários se ajustavam a um ambiente de escritório convencional. A pandemia de COVID-19, porém, provocou um desafio imenso, obrigando empresas e funcionários a se adaptarem a uma nova realidade. Com isso, acelerou-se as mudanças em direção à digitalização em diversos setores. 

Com restrições governamentais incentivando o trabalho remoto, empresas e escolas buscaram maneiras de manter suas operações por meio de plataformas de colaboração e videoconferência. Essa transição, que já estava em andamento antes da crise, intensificou-se para garantir a continuidade dos negócios e atender a demanda dos clientes por serviços com pouco ou nenhum contato. A transformação digital se tornou central para a comunicação, colaboração e conclusão de tarefas, impulsionando um impacto duradouro que continuará a influenciar como as organizações funcionarão no futuro.

ilustração digital de transformação digital
Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA)

O que é transformação digital

“Transformação digital”, um termo que adquiriu diversos significados, é essencial para a competitividade e sobrevivência das organizações. A falta de clareza e alinhamento sobre seu verdadeiro significado e como implementar um programa específico pode levar ao fracasso. Diferentemente das transformações comerciais regulares, que se concluem ao atingir um novo comportamento, as transformações digitais são esforços contínuos para adaptar e melhorar constantemente uma organização, levando em conta a evolução constante da tecnologia e sua crescente integração aos negócios. Como exemplo, a relevância da IA na geração de insights e na tomada de decisões sugere que qualquer solução digital também deve incorporar uma transformação na IA.

De acordo com Maurício Mazza, diretor de tecnologia da Suzano e convidado do Podcast Itshow, uma transformação digital bem-sucedida precisa de seis fatores: 

1. Estratégia Clara

As empresas precisam concentrar suas transformações digitais em áreas específicas que agreguem valor significativo ao negócio, guiadas por um plano estratégico detalhado.

2. Banco de Talentos Digitais

Para alcançar a excelência digital, as empresas devem ter uma equipe interna de talentos digitais, complementada por processos de RH eficazes e um ambiente propício ao crescimento dos funcionários.

3. Modelo Operacional Escalável

A transformação digital requer a formação de equipes multifuncionais em toda a empresa, o que necessita de um novo modelo operacional que possa ser escalonado.

4. Tecnologia Distribuída

A infraestrutura tecnológica da organização deve permitir que as equipes inovem de forma independente, proporcionando acesso aos dados e ferramentas necessárias.

5. Acesso a Dados

Dados confiáveis e atualizados são vitais para uma transformação digital bem-sucedida, exigindo uma arquitetura de dados que possibilite acesso fácil e governança eficaz.

6. Gerenciamento de Mudanças

As transformações digitais seguem um processo iterativo de design, prototipagem e feedback, requerendo um investimento equivalente em implementação de mudanças de processo, treinamento de usuários e iniciativas de gerenciamento de mudanças.

“Acredito que teremos muito mais sucesso nessa jornada de efetivamente fazer a transformação digital ao aplicar essas técnicas e abordagens”, completa.

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Quer saber mais sobre os impactos da pandemia na transformação digital das empresas? Ouça o episódio completo do nosso podcast!

O papel da inteligência artificial na transformação digital

A IA, especialmente a generativa, está remodelando a maneira como as empresas funcionam e geram valor, proporcionando oportunidades como criação de conteúdo, descobertas inovadoras e programação. No entanto, para aproveitar essas oportunidades, as empresas precisam manter o foco nas metas de negócios e compreender como a IA pode auxiliar a alcançá-las, evitando serem desviadas por tecnologias emergentes que não agregam valor. 

Para criar valor com a IA generativa, as empresas precisam das mesmas competências essenciais para uma transformação digital eficaz, como uma estratégia clara, talento digital interno e um modelo operacional escalável. Além disso, é um processo contínuo que requer a revisão constante dos planos  à medida que novos modelos de IA se desenvolvem.

A importância da liderança de TI na transformação digital

Uma transformação digital bem-sucedida envolve a coordenação de várias funções organizacionais, necessitando de investimentos abrangentes e coordenados, com o CEO no comando garantindo alinhamento, comprometimento e responsabilidade entre a liderança.  

Os líderes de nível C-suite e das unidades de negócios têm papéis fundamentais, o CIO aprimora as operações internas com a tecnologia, o CTO melhora as ofertas ao cliente, e os diretores digitais co-lideram a transformação, focando nas tecnologias digitais e IA. O diretor de RH protege e desenvolve o talento digital, o CFO administra o caso de negócios e a realização de valor, e o diretor de risco supervisiona a integração de verificações de risco e a resposta a novas ameaças, como a privacidade dos dados e a segurança cibernética.

3 exemplos bem-sucedidos de transformação digital

1. Mineradora Freeport-McMoRan 

Utilizou a IA para aumentar a produção de cobre em sua usina no Arizona sem necessidade de grande investimento de capital. Isso foi realizado com equipes multifuncionais que criaram, testaram e aprimoraram o modelo de IA, estabelecendo uma cultura de melhoria contínua e iterações rápidas. 

Um gerente de produto sênior foi designado para coordenar as equipes, um diretor financeiro foi responsável pelo rastreamento e relatórios de impacto, e um sistema de planejamento trimestral foi instituído para estabelecer objetivos e concentrar recursos.

2. Vistra

Uma das maiores produtoras de energia dos EUA, desenvolveu um modelo de rede neural multicamada para aprimorar a eficiência e confiabilidade, e reduzir emissões. O modelo analisou dois anos de dados da planta para aprender a otimizar a eficiência, convertendo isso em um mecanismo de IA que fornece recomendações aos operadores. 

O sucesso dessa iniciativa deve-se à criação de uma capacidade de dimensionar soluções que pudessem ser aplicadas a todas as estações da rede da Vistra, com uma equipe multifuncional assegurando um desenvolvimento rápido e modelos de alta qualidade.

3. Emirates Team New Zealand 

Venceu a America’s Cup de 2021 com a ajuda de um bot de Inteligência Artificial que aprendeu a velejar profissionalmente através do aprendizado por reforço. Este projeto uniu marinheiros e cientistas de dados para desenvolver e treinar o bot, com ênfase no feedback contínuo. Para permitir a escala de computação necessária, os bots e aplicativos foram hospedados na nuvem.

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Baixe o material de apoio do podcast para se aprofundar no assunto!

Adaptação da indústria no novo normal

Durante a quarentena, tornou-se necessário adaptar o lar para funcionar como local de trabalho. Um exemplo dessa mudança foi o surgimento dos aplicativos de entrega como um serviço essencial, proporcionando meios de subsistência para milhões de pessoas, tanto para as que já estavam no setor quanto para as novas. O iFood, por exemplo, atendeu a 40 milhões de pessoas, centenas de milhares de entregadores e 270 mil restaurantes, adiantando 14 bilhões de reais. A novidade foi que esses pequenos negócios começaram a usar plataformas como o WhatsApp e aplicativos como o iFood para aumentar seus lucros.

Outros setores, como a educação, também enfrentaram desafios para se adaptar ao novo modo de funcionamento em casa. Diante disso, as grandes empresas de tecnologia desempenharam um papel crucial, acelerando a disponibilidade de produtos como a computação em nuvem para o mercado. A nuvem mostrou-se benéfica para a expansão dos negócios e permitiu a continuidade da educação à distância. Foi notado que a progressão em tecnologia durante os primeiros dez meses de pandemia foi semelhante ao progresso de uma década, sugerindo a necessidade de repensar o futuro.

Com todas essas mudanças, é natural que os fluxos financeiros tenham seguido um padrão semelhante. A Usend, uma empresa que oferece serviços financeiros e não financeiros no mercado americano, vivenciou isso de duas maneiras com seus clientes brasileiros. Primeiro, houve um aumento no número de brasileiros que vivem nos EUA enviando dinheiro para o Brasil. Posteriormente, surgiu um perfil diferente, composto principalmente por profissionais de tecnologia que trabalham remotamente para empresas internacionais e recebem salários em dólares.

Aumento dos gastos com TI nas empresas

O Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcia), na sua 34ª edição da pesquisa anual, revelou que o uso, os gastos e os investimentos em Tecnologia da Informação (TI) em empresas brasileiras de médio e grande porte constituem 9% do total do faturamento líquido dessas organizações. Esse índice reflete o montante total destinado à TI, que abrange a totalidade dos investimentos, despesas e recursos alocados em TI. Entre os componentes incluídos nesse cálculo estão equipamentos, instalações, suprimentos e materiais de consumo, software, serviços, comunicações e também custos diretos e indiretos relacionados ao pessoal próprio e terceirizado em TI.

O professor e coordenador da pesquisa, Fernando Meirelles, destacou que, ao longo dos últimos 35 anos, esse índice tem registrado um crescimento anual de 6%. Este percentual subiu de 1,3% em 1988 para 9% entre 2022/23. Em 2022, o índice foi de 8,7% e, conforme a estimativa de Meirelles, ele deve superar 10% em dois ou três anos. Ele frisa, no entanto, a influência da economia nesse crescimento: “Há uma variável da qual não temos controle, que é a economia. Se a economia deslanchar mais, o índice cresce mais, se deslanchar menos, não crescerá tanto.”

Apesar do crescimento contínuo, pode-se observar que esta evolução foi particularmente notável em 2021 e 2022, tanto em termos de valor, como de maturidade e relevância para as operações de negócios existentes e para a viabilização de novos modelos de negócios. Fernando Meirelles destaca: “Pode-se comprovar que quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse índice.”

ilustração digital inteligência artificial (IA) na transformação digital
Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA)

Transformação digital no mundo do trabalho: home office

A adaptação ao trabalho remoto tornou-se um imperativo durante a pandemia. Muitas empresas precisaram configurar VPNs para todos os funcionários, fornecer notebooks e garantir acesso remoto a todos os sistemas. Mas o desafio não era apenas técnico, havia também uma faceta humana significativa. Cada indivíduo estava lidando com uma série de emoções e desafios, desde o estresse de trabalhar em casa até a incerteza do mercado. 

A crise de COVID-19 não só reformulou a forma de trabalho, mas também as expectativas de liderança. A liderança tradicional foi moldada em ambientes físicos, por isso, houve uma necessidade de adaptar e adotar um novo estilo de liderança adequado ao ambiente virtual. Em um mundo de incerteza, os líderes tiveram que demonstrar resiliência e capacidade de se reinventar, equilibrando seus próprios medos e incertezas enquanto guiavam suas equipes através do desconhecido.

Com isso, fez-se necessário uma perspectiva de “disaster recovery” mais ampla que fosse além da infraestrutura física e considerasse a continuidade do trabalho dos funcionários. As empresas precisaram entender que a residência de seus funcionários era, agora, um componente crucial de seu plano de contingência.

Os sites de contingência foram concebidos para fornecer um espaço de trabalho alternativo no caso de uma crise. Eram vistos como um plano de backup essencial, garantindo a continuidade dos negócios mesmo em meio a um desastre. Mas, com a pandemia e a transição bem-sucedida para o trabalho remoto, a necessidade desses sites tornou-se obsoleta.

A mudança para o trabalho remoto também levantou questões sobre a colocação de access points dentro das empresas. Com menos funcionários trabalhando fisicamente nas empresas, a necessidade de uma disposição fixa também se tornou obsoleta. Esta nova dinâmica exigiu uma abordagem mais flexível e adaptável para posicionar os access points.

A pandemia foi um evento disruptivo que destruiu muitos paradigmas estabelecidos. Ela testou a resiliência e adaptabilidade das empresas e funcionários, com espaços de colaboração substituindo salas de reunião, e a forma como trabalhamos sendo alterada de maneiras significativas.

Soluções digitais para o mundo pós-pandemia

A primeira e, possivelmente, mais significativa mudança no mundo pós-pandemia é que o aprendizado precisará ser um elemento perpétuo em cada profissão. “Vamos precisar nos reinventar devido à nossa longevidade e à rápida transformação tecnológica. O aprendizado contínuo é vital”, acrescenta Mazza. Na era digital e da informação, as atualizações serão recorrentes, assim como o surgimento de novas tendências, e os profissionais necessitarão assegurar que suas habilidades e competências estejam sempre alinhadas com o que é mais avançado e inovador – alguns peritos se referem a isso como “lifelong learning”.

Conforme projeções do Fórum Econômico Mundial, a negligência às demandas ocasionadas pela transformação digital pode resultar, entre as nações do G20, em uma perda econômica correspondente a $11,5 trilhões do PIB. E isso não se aplica somente à área de TI. Segundo a pesquisa, há 96 “profissões do amanhã”, as quais incluem: cuidado às pessoas e saúde, vendas, marketing, “economia verde”, recursos humanos e desenvolvimento de produtos.

3 novas práticas para as empresas na pós-pandemia

1 – DevOpSec

Atualmente, a agilidade na adaptação tem sido um diferencial para minimizar os impactos da crise. Portanto, a DevOpSec, que combina as práticas de Desenvolvimento, Operação e Segurança com automação, tende a ganhar força. Ela promove um feedback rápido e seguro em cada alteração no ciclo de desenvolvimento do software, garantindo qualidade e segurança sem sacrificar a velocidade que a era digital requer.

2 – Dados e Algoritmos

A capacidade de analisar grandes volumes de dados se tornou viável com tecnologias recentes e internet mais rápida. O uso de algoritmos para interpretar esses dados vai aumentar, inclusive na solução de problemas gerados pela Covid-19. Por exemplo, na contratação remota de profissionais, onde algoritmos podem ajudar a digitalizar processos e validar documentação.

3 – Colaboração

A comunidade e o trabalho em rede se tornaram ainda mais relevantes no pós-crise. A tecnologia demanda colaboração para acelerar a inovação, o que implica em abrir mão da propriedade intelectual em favor da comunidade de desenvolvimento, através do software de código aberto. Essa prática tem ganhado adeptos, incluindo grandes empresas como Netflix e Facebook.

ilustração digital transformação digital
Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA)

4 áreas que a maioria das empresas devem focar na era pós-pandemia

1. Experiência do cliente

Na era digital atual, a experiência do cliente tornou-se mais personalizada e emocionalmente envolvente. As empresas estão utilizando dados e tecnologias, como IA e machine learning, para aprimorar as experiências do cliente, seja através de recomendações personalizadas de roupas online ou oferecendo entregas na calçada e pagamento sem contato em lojas físicas.

2. Experiência do funcionário

As tecnologias como automação e machine learning estão trazendo eficiência às tarefas rotineiras, enquanto a realidade aumentada está auxiliando os trabalhadores de maneiras inovadoras. Por exemplo, a Newport News Shipbuilding usa AR para fornecer instruções digitais no espaço de trabalho, melhorando assim a qualidade do serviço.

3. Operações

Com o advento da Internet das Coisas e da Indústria 4.0, as inovações como gêmeos digitais e machine learning estão ajudando as empresas a utilizar os dados em tempo real para melhorar o desempenho operacional e introduzir novos serviços. As empresas estão usando essas tecnologias para aprimorar a qualidade do produto, reduzir falhas e otimizar operações.

4. Transformação do modelo de negócios

As empresas não precisam necessariamente ser disruptivas como Uber ou Airbnb. Elas podem buscar oportunidades menores para aprimoramentos digitais e extensões baseadas em informações. Por exemplo, as companhias de seguros estão utilizando dados para otimizar a precificação das apólices, enquanto as empresas de frota estão usando dados e análises em tempo real para oferecer serviços de manutenção preditiva.

Transformação digital impulsionada pela pandemia: o que o futuro nos reserva?

Esta pandemia trouxe consigo uma infinidade de desafios, mas também oportunidades para reinventar a forma como trabalhamos. As empresas que foram capazes de se adaptar e evoluir não apenas sobreviveram, mas prosperaram nesta nova realidade. A preparação para um futuro incerto envolve a aceitação da mudança como a única constante. Como líder de TI, é crucial que você esteja à frente dessas mudanças, conduzindo sua equipe e sua organização através dessas transformações de forma eficaz e eficiente. A era pós-pandêmica será ainda mais digital, exigindo das empresas e profissionais de TI soluções rápidas e inovadoras. “Devemos nos manter atualizados, já que o conhecimento tem um prazo de validade. Estamos passando por uma rápida transformação tecnológica e vivendo mais tempo, duas mudanças em paralelo que exigem preparação”, conclui.

Fernanda Martins
Fernanda Martins
Formada em Letras, com pós em mídias sociais, e redatora do portal de notícias Itshow. Já escreveu para vários blogs de cultura pop, produziu conteúdo no Facebook e no Instagram sobre literatura e até escreveu algumas fanfics pela internet. Hoje, se especializa em redação e usa suas habilidades de escrita crítica e literária para trazer mais sensibilidade aos textos e continuar fazendo o que ama.
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