Esta entrevista foi realizada durante a cobertura especial do portal Itshow no SecOps Meetup Agrotech e Indústria, evento promovido pelo SecOps Summit nos dias 11 e 12 de junho de 2025, na cidade de Passo Fundo (RS). O convidado, Diego Boelter – gerente de tecnologia e inovação da Cotripal –, foi entrevistado por Marcio Montagnani, diretor de portfólio e novos negócios da Biz Group e colunista do Itshow.
Agro digital cresce — e com ele, os riscos cibernéticos
Com uma base de mais de 6 mil associados, a Cotripal — Cooperativa Tritícola de Panambi — vem promovendo a digitalização de suas operações agroindustriais de forma acelerada. Essa modernização, no entanto, trouxe um novo desafio: proteger toda essa estrutura contra ciberataques.
“A automação chegou ao campo e, com ela, surgiram novas superfícies de ataque. Se uma colheitadeira autônoma for paralisada por falha ou ataque, o prejuízo pode chegar aos milhões,” alertou Boelter.
A fala do executivo resume a urgência de se tratar a cibersegurança como pilar estratégico no agronegócio. O setor, hoje responsável por uma parcela significativa do PIB nacional, não pode ignorar o risco crescente das ameaças digitais — especialmente em regiões do interior, onde eventos de segurança ainda são escassos.
3.800 dispositivos conectados exigem infraestrutura resiliente
Para responder a esse cenário, a Cotripal apostou em uma parceria de mais de 15 anos com a Integrasul, consultoria especializada em soluções de segurança cibernética. A escolha estratégica foi complementada pela adoção da Fortinet como fabricante de referência.
“Conectamos mais de 3.800 dispositivos à nossa rede com visibilidade total e segurança embarcada. Nunca tivemos incidentes críticos ou vazamentos de dados,” afirmou Boelter.
A arquitetura construída com apoio das parceiras resultou em uma rede protegida, escalável e voltada ao futuro. O ambiente cobre desde unidades operacionais — como armazéns, postos e mercados — até os campos agrícolas, garantindo conectividade segura para todas as pontas da operação.
Produtor rural no centro da estratégia digital
Um dos diferenciais da Cotripal está em sua abordagem inclusiva de transformação digital. A cooperativa criou um programa de conectividade voltado diretamente ao produtor rural, permitindo que ele tenha acesso à internet segura e de qualidade sem sair da propriedade.
“Durante a pandemia, expandimos o acesso digital para que o associado não precisasse se deslocar. Levamos conectividade ao campo com segurança de ponta,” explicou.
Essa estratégia representa não apenas um avanço tecnológico, mas também um movimento social de inclusão digital. O produtor, tradicionalmente afastado das discussões sobre segurança da informação, passa a ser parte ativa do ecossistema digital.
Conscientização é o novo grande desafio
Apesar das conquistas técnicas, Boelter destaca que o maior desafio atual é cultural. Segundo ele, ainda falta consciência — inclusive no board — sobre os riscos associados à ausência de investimentos contínuos em cibersegurança.
“Nosso foco agora é fazer com que o tema da segurança da informação esteja nas conversas do dia a dia das lideranças. Não investir é correr risco financeiro real,” alertou.
Para isso, a Cotripal iniciou um trabalho de comunicação com o conselho administrativo, promovendo o entendimento de que segurança não é apenas um assunto da TI, mas uma pauta de governança corporativa.
O papel do CISO como tradutor estratégico
Diego também reforçou que o CISO moderno precisa ir além da operação técnica. Para influenciar decisões no agro, é preciso falar a linguagem do negócio.
“O CISO tem que traduzir riscos técnicos em impactos financeiros. É essa conexão que sensibiliza o board a investir em segurança,” explicou.
Segundo ele, isso é especialmente necessário em segmentos como o agronegócio, onde há um foco natural em investimentos tangíveis, como maquinário, mas onde o impacto de uma falha digital pode ser devastador.
Eventos regionais são chave para a evolução da maturidade
O executivo celebrou a realização do SecOps Meetup em Passo Fundo como um marco para o setor. Para ele, descentralizar o debate sobre cibersegurança é essencial para que cooperativas e empresas do interior tenham acesso ao mesmo nível de informação e estratégia que grandes corporações.
“É fundamental que eventos como este aconteçam fora dos grandes centros. O interior do Brasil também precisa ter acesso a conteúdo de qualidade sobre segurança digital,” reforçou.
A expectativa é que esse tipo de iniciativa acelere a conscientização de líderes do agro sobre o papel estratégico da cibersegurança na sustentabilidade de seus negócios.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que Diego Boelter, concedeu ao Itshow durante o SecOps Meetup Agrotech e Indústria!
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