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sábado, abril 26, 2025
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Digital Operations Center: a convergência entre NOC, SOC e observabilidade para fortalecer a resiliência digital

Durante muito tempo, os Centros de Operações de Rede (NOC) e os Centros de Operações de Segurança (SOC) funcionaram como estruturas paralelas, cada uma com funções bem definidas. O NOC tradicionalmente monitora a infraestrutura, garantindo disponibilidade e desempenho dos sistemas, enquanto o SOC atua na linha de frente da defesa cibernética, detectando e respondendo a ameaças e incidentes de segurança.

No entanto, à medida que os ambientes de TI evoluem tornando-se mais híbridos, distribuídos e dinâmicos, a separação rígida entre esses centros começa a mostrar suas limitações. A necessidade de maior integração, visibilidade em tempo real e respostas mais ágeis está impulsionando um movimento claro de convergência. Essa transição é potencializada por tecnologias como automação, inteligência artificial e, especialmente, observabilidade.

Esse novo modelo não se limita a unir times ou simplificar estruturas. Trata-se de uma mudança de abordagem na operação digital, que culmina no conceito de Digital Operations Center: um centro unificado de comando e inteligência capaz de alinhar performance, segurança e valor de negócio em uma única operação integrada.

De monitoração reativa à observabilidade orientada ao negócio

Historicamente, a monitoração sempre teve um papel importante ao apontar falhas de disponibilidade e uso de recursos. Porém, esse modelo tradicional é reativo por natureza e muitas vezes limitado ao que já está pré-configurado para ser observado.

A observabilidade moderna rompe essa limitação. Baseada em dados estruturados como logs, métricas e rastreamentos distribuídos (traces), ela permite entender o comportamento interno dos sistemas em tempo real, mesmo diante de eventos ainda não previstos.

Mais do que isso, a observabilidade atual incorpora a visão do usuário e do negócio. Plataformas avançadas não monitoram apenas servidores ou aplicações elas acompanham fluxos inteiros de processos críticos, como a jornada de compra de um cliente, a geração de um boleto ou a abertura de um chamado. Isso permite identificar, por exemplo, se uma falha técnica está impactando diretamente uma métrica comercial ou degradando a experiência do usuário final.

Com essa abordagem, a operação deixa de agir apenas sobre incidentes técnicos e passa a atuar com inteligência estratégica, priorizando o que realmente impacta o negócio, automatizando respostas e promovendo decisões baseadas em valor.

Command Center: a central de inteligência e orquestração

Para que essa integração entre infraestrutura, segurança e negócio aconteça de forma coordenada, é preciso ir além da tecnologia. O ponto de convergência ganha forma no Command Center uma camada de orquestração que centraliza dados operacionais e transforma eventos dispersos em decisões conectadas e ágeis.

Esse centro atua como núcleo tático e estratégico, reunindo informações do NOC, SOC, ferramentas de observabilidade e indicadores de experiência digital. A partir disso, oferece uma visão integrada do ambiente, permitindo ações coordenadas, respostas automatizadas e elevação da governança operacional.

Mais do que centralizar dados, o Command Center rompe barreiras entre times técnicos e áreas de negócio, promovendo colaboração em tempo real e decisões mais assertivas frente a eventos críticos.

O Digital Operations Center como evolução natural

A junção entre NOC, SOC, observabilidade e Command Center dá origem ao que chamamos de Digital Operations Center. Este não é apenas um espaço físico ou um painel de dashboards. É uma nova forma de operar a TI, baseada em integração, inteligência e propósito estratégico.

Implementar esse modelo exige mudanças profundas. É preciso revisar ferramentas, integrar processos, eliminar redundâncias, investir em capacitação e adotar uma cultura colaborativa, onde todas as áreas operem de forma coordenada em torno dos objetivos da organização.

É fundamental reconhecer que as especializações são distintas e isso é uma vantagem, não um problema. O time de segurança domina a visão de riscos e ameaças. A equipe de infraestrutura conhece a fundo a estabilidade dos sistemas. Já os profissionais de observabilidade trazem a capacidade de traduzir indicadores técnicos em impacto real no negócio. O diferencial está justamente em fazer com que essas competências atuem juntas, de forma ágil, orquestrada e com foco comum.

Tudo isso se torna ainda mais potente com a evolução da inteligência artificial. Ferramentas de IA generativa e machine learning podem consolidar dados de diferentes fontes, prever falhas, correlacionar causas e sugerir ou executar respostas automáticas. Imagine um cenário onde a GenAI do Digital Operations Center integra sensores de infraestrutura, sinais de segurança, fluxos de negócio e sistemas de ITSM. A partir dessa base, antecipa riscos, propõe correções, dispara alertas contextuais e ativa playbooks automatizados tudo isso em sinergia com plataformas de colaboração que mantêm a TI e o negócio sempre alinhados.

O sucesso nessa jornada depende, sobretudo, da capacidade da organização de romper silos e operar com propósito unificado. A colaboração entre áreas, a clareza na priorização e a confiança nas decisões baseadas em dados tornam-se os pilares de uma operação digital moderna, resiliente e eficaz.

Em um cenário onde a continuidade dos negócios depende de disponibilidade, segurança e experiência digital impecáveis, o Digital Operations Center deixa de ser tendência e passa a ser evolução natural. Empresas que avançam nessa direção não apenas reduzem riscos e custos — elas se tornam mais preparadas para crescer com agilidade, confiança e sustentabilidade em um mundo onde a tecnologia já não é mais suporte: é o próprio negócio.

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Rodrigo Lobo
Rodrigo Lobo
Rodrigo Lobo possui larga experiência no Grupo UOL, com passagens anteriores por UOL e UOL Diveo. Está há mais de 22 anos na companhia, e já atuou como diretor de Engenharia e Operações na Compass UOL. Hoje, Lobo está à frente da Edge UOL como COO.
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