A agenda ESG (ambiental, social e governança) está ganhando espaço no setor de telecomunicações como um norte estratégico para promover práticas mais sustentáveis. Durante o evento TelecomESG, realizado em São Paulo, especialistas e representantes do setor discutiram como integrar esses princípios às políticas públicas, equilibrando impactos sociais e ambientais sem comprometer a competitividade.
Ana Beatriz Rodrigues de Souza, chefe de gabinete da superintendência executiva da Anatel, foi enfática ao afirmar que os reguladores precisam acompanhar as mudanças do cenário global. “Os setores regulados têm um papel muito importante de fomentar essas modificações. O papel do regulador nesse contexto é se adequar a essa necessidade de mudança”, destacou ela. Em suas palavras, a sustentabilidade deve ser parte do DNA das políticas públicas, sem que isso signifique obrigatoriedade.
ESG
Nos últimos anos, o ESG deixou de ser apenas um tema corporativo para se tornar um guia para decisões estratégicas em diferentes setores. No caso das telecomunicações, a ideia é que esses princípios possam nortear as políticas públicas, com foco em impactar positivamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Márcio Lino, fundador da Colin Consultoria, reforçou a necessidade de incluir o ESG no coração das estratégias de órgãos reguladores. “Trazer o conceito de ESG para dentro da estratégia de uma agência reguladora faz com que ele se torne um direcionador para todas as políticas públicas”, afirmou.
Na prática, a Anatel já tem adotado medidas para incentivar essas mudanças, especialmente entre pequenos e médios provedores, que enfrentam mais desafios para implementar práticas sustentáveis. No entanto, Ana Beatriz admite que ainda há trabalho pela frente. “Ainda temos um caminho a percorrer dentro do processo de absorção desse conhecimento pela casa. Mas vejo que há um movimento muito estruturado no âmbito do Serviço Público Federal para internalização dessas práticas”, revelou.
Incentivo
Uma das principais preocupações levantadas no evento foi como transformar as boas intenções do ESG em ações concretas, sem que isso resulte em regulamentações excessivas ou custos elevados. Jonathan Palhares, coordenador jurídico da Conexis, ressaltou que o equilíbrio entre o setor público e as empresas é fundamental para que as mudanças aconteçam de forma orgânica e colaborativa.
“Existe uma sinergia entre o poder público e as prestadoras de telecom para que tenha um diálogo possível e não seja uma obrigação”, explicou. Essa abordagem busca incentivar o setor a adotar práticas ESG de forma voluntária, criando uma cultura de sustentabilidade que beneficie todos os envolvidos, sem prejudicar a saúde financeira das empresas.
Investimentos
Outro ponto de destaque foi a importância dos investimentos privados para viabilizar projetos sustentáveis no setor de telecomunicações. Segundo Daniel Ricas, especialista sênior do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os recursos públicos, sozinhos, não são suficientes para atender às demandas de sustentabilidade. “O recurso público é uma gota no oceano, então tem que ser usado como alavancador do recurso privado. Se juntar todo recurso público global, ainda assim não resolve o problema”, explicou.
O BID está atuando como um catalisador, direcionando recursos para atrair investimentos privados em projetos que tragam impactos sociais e ambientais positivos. Essa estratégia visa fortalecer o setor de telecomunicações, ajudando a alcançar os ODS enquanto estimula a economia de forma sustentável.
ESG no Futuro do Setor
O evento TelecomESG trouxe reflexões valiosas sobre como o setor de telecomunicações pode liderar mudanças positivas, utilizando a agenda ESG como ferramenta para construir um futuro mais sustentável. Ao adotar esses princípios como guia estratégico, o setor não apenas acompanha as demandas globais, mas também se posiciona como exemplo de inovação responsável.
Incentivar práticas sustentáveis sem torná-las obrigatórias é um caminho que favorece tanto as empresas quanto os consumidores, criando um modelo equilibrado de desenvolvimento. Além disso, a sinergia entre o poder público e o privado mostra que a sustentabilidade pode ser alcançada de forma colaborativa, sem sacrificar a eficiência e a competitividade.
A mensagem principal é clara: a agenda ESG não é apenas uma tendência, mas uma necessidade que precisa ser incorporada às políticas públicas e práticas empresariais. No setor de telecomunicações, essa integração pode ser o primeiro passo para transformar a maneira como lidamos com os desafios ambientais, sociais e econômicos, criando um impacto positivo duradouro para a sociedade como um todo.
Este texto foi desenvolvido com base na notícia publicada pelo portal Teletime intitulada “Agenda ESG deve nortear as políticas públicas em telecom, mas não ser obrigatória”
Siga o Itshow no LinkedIn e assine a nossa News para ficar por dentro de todas as notícias do setor de TI e Telecom!