Nesta semana, o podcast Futurecom Connect lança um novo episódio que antecipa uma discussão estratégica para o mercado de telecomunicações: a evolução dos ISPs (provedores regionais de internet) para o modelo 4.0. O episódio conta com a participação de Sandro Augusto Paiva, executivo com trajetória em empresas como Vivo, Huawei, Google e EllaLink, e Henrique Leibholz, sócio-diretor do grupo IPv7, episodio apresentado por Márcio Montagnani, host do portal Itshow.
O episódio foca na transformação estrutural e tecnológica dos provedores, abordando desde a aplicação da inteligência artificial até a necessidade de profissionalização da gestão. O conteúdo reforça que a sustentabilidade dos ISPs no mercado atual depende da capacidade de inovar, personalizar o atendimento e diversificar a oferta de serviços.
ISP 4.0: muito além da conectividade
Um dos temas centrais do episódio é a mudança de mentalidade que os ISPs precisam adotar para sobreviver à pressão do mercado. “A zona de conforto do ISP é vender conectividade. Ele domina isso. Mas se quiser crescer no modelo 4.0, vai precisar sair dessa zona e fazer diferente”, afirma Sandro Paiva.
Segundo os especialistas, o setor exige um salto de gestão e estrutura. É necessário que os provedores deixem de operar apenas como distribuidores de internet para atuar como plataformas de serviços, com foco em dados, automação e inteligência de mercado. “O churn é o centro do universo do provedor. Ele tem todas as respostas que precisamos para conduzir uma engenharia reversa e trazer valor para dentro da operação”, explica Henrique.
Dados e IA: a base da diferenciação
A aplicação de inteligência artificial ganha destaque como uma das soluções mais promissoras para os ISPs aumentarem sua competitividade. No entanto, os convidados alertam que tecnologia sem estratégia não gera resultado. “A IA deve ser vista como uma tecnologia estratégica, não como um substituto barato de atendente”, pontua Sandro.
Durante o episódio, são apresentados exemplos reais de como a IA já está sendo usada no setor. Um dos casos citados é o de uma startup que permite que o próprio cliente envie uma foto do modem, permitindo diagnóstico remoto sem necessidade de visita técnica. “É uma aplicação que reduz custos e melhora a experiência do cliente. Mas para isso, é necessário que os processos internos estejam preparados para suportar esse tipo de inovação”, reforça Henrique.
Regionalização como trunfo estratégico
Outro ponto abordado é o papel da regionalização como vantagem competitiva frente às grandes operadoras. A proximidade com o cliente, a agilidade no atendimento e a flexibilidade nas ofertas são ativos valiosos dos ISPs locais. “Se uma operadora de grande porte souber usar dados para atuar de forma micro e personalizada, ela terá sucesso. Mas o segredo está em compreender o cliente com profundidade”, destaca Sandro.

O episódio cita o caso da aiQfome, aplicativo regional que cresceu de forma exponencial apostando na chamada hiperfocalização. “Eles entenderam que o cliente regional quer atendimento personalizado. O mesmo vale para os ISPs: quem conhece seu território e se adapta a ele, fideliza mais e cresce com solidez”, complementa.
Diversificação de receita e novos serviços
O episódio também trata da importância de os ISPs diversificarem suas fontes de receita. Computação em nuvem, segurança da informação, soluções IoT e atendimento B2B foram apontados como caminhos viáveis para ampliar o portfólio e aumentar o ticket médio. “O ISP precisa rentabilizar sua base. Isso passa por empilhar serviços com valor real para o cliente. Vender apenas conectividade esgota o modelo”, analisa Henrique.
Para isso, parcerias estratégicas com fornecedores que compartilhem do mesmo DNA empresarial são essenciais. “O cliente já é seu. Por que não oferecer a ele serviços relevantes de tecnologia com parceiros certos? As grandes operadoras já fazem isso. Os ISPs também podem”, completa Sandro.
O futuro dos ISPs começa agora
O episódio fecha com um alerta sobre o momento decisivo que o setor atravessa. A consolidação do mercado, as mudanças regulatórias e a digitalização acelerada exigem ação imediata por parte dos provedores. “Vai crescer na dor ou no amor? Porque o crescimento vai acontecer. Só depende de como você quer que ele venha”, diz Sandro.
Henrique finaliza destacando a importância da cultura de experimentação como prática constante. “O provedor precisa testar, errar rápido e corrigir. Só assim será possível inovar de verdade e não apenas repetir modelos do passado.”
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