O sexto episódio da temporada Confraria Tech Leaders apresenta um bate-papo conduzido pelo host Marcio Montagnani e pelo co-host Fernando Justino, com a participação especial de Thiago Carvalho, gestor de infraestrutura com mais de 20 anos de experiência em tecnologia, e outros especialistas da área. O episódio explora as complexidades da gestão de ambientes híbridos e gestão de Infraestrutura, abordando tópicos como migração para a nuvem, controle de custos e segurança baseada no modelo Zero Trust.
Migração para a Nuvem e Gestão de Infraestrutura
Durante a pandemia, muitas empresas foram pressionadas a migrar rapidamente para a nuvem para garantir a continuidade dos negócios. Thiago Carvalho compartilhou sua experiência e alertou sobre os riscos dessa migração emergencial: “No primeiro momento, viramos boa parte dos serviços para a nuvem de forma não tão estruturada, e a conta chegou”. Ele explicou que, embora a nuvem ofereça flexibilidade, os custos podem se tornar elevados quando a transição ocorre sem um planejamento criterioso.
Além disso, Thiago destacou que não é necessário migrar tudo para a nuvem. Algumas aplicações estáveis e de uso constante podem ser mantidas localmente para evitar gastos desnecessários. A análise cuidadosa sobre o que realmente precisa ser migrado é essencial para um modelo híbrido eficiente.
Ele também apontou o impacto da falta de organização inicial: “Sem planejamento, você precisa recuar, revisar e muitas vezes reestruturar a operação. Isso gera ainda mais custo”.
Integração e Segurança em Ambientes Multi-Cloud
Outro tema de destaque foi a integração entre diferentes provedores de serviços em uma arquitetura multi-cloud. Cada fornecedor possui especificidades em suas soluções, o que pode dificultar a gestão integrada. Thiago enfatizou a importância de criar uma camada de autenticação única e robusta para melhorar a segurança e garantir a eficiência das operações: “Hoje, a identidade é tudo. Consolidar tudo em uma única identidade que autentique todas as ferramentas é um passo fundamental”.
Além disso, foi mencionada a complexidade das integrações em ambientes críticos: “Se uma aplicação depende de serviços distribuídos, qualquer falha de comunicação pode comprometer toda a operação”. Para resolver isso, é necessário um monitoramento constante e a implementação de soluções que detectem falhas rapidamente e ajam para corrigi-las.
Zero Trust: Segurança Baseada na Desconfiança
O modelo Zero Trust foi amplamente debatido no episódio, com os participantes explicando que ele se baseia na verificação contínua de todas as solicitações de acesso, independentemente da origem. Thiago foi enfático ao dizer que “Zero Trust não é bala de prata, é um processo. Você precisa começar pelo mais crítico e avançar camada por camada”.
A conversa trouxe exemplos de boas práticas, como a utilização de ferramentas que definem quem pode acessar determinados sistemas, de onde e quando: “Se um login foi feito em São Paulo e, minutos depois, outro surge da China, algo está errado”. Isso demonstra como um sistema eficiente pode identificar comportamentos suspeitos e proteger a operação.
Além disso, foi destacada a importância de separar as camadas de processamento e segurança para evitar dependências perigosas: “Segurança deve ser independente para que mudanças em uma camada não comprometam outra”.
FinOps: Controle de Custos em Ambientes Híbridos
A gestão financeira de ambientes híbridos foi um dos pontos mais relevantes do episódio. Thiago ressaltou que a falta de uma estratégia de FinOps pode transformar uma solução promissora em um pesadelo financeiro. Ele alertou sobre a necessidade de prever os custos com transferência de dados e criar planos de contingência: “Muitas empresas esquecem de considerar o custo do tráfego de dados na nuvem, e isso pode pesar na conta”.
Além disso, ele reforçou a necessidade de revisões periódicas dos recursos em uso: “A cada ano, você precisa rever seu orçamento e adequar suas expectativas, porque o budget é limitado e as demandas só aumentam”.
Um ponto interessante foi a abordagem sobre picos de consumo durante eventos sazonais, como Black Friday. Thiago sugeriu que as empresas invistam em soluções que permitam escalonamento temporário para atender à demanda sem comprometer o orçamento anual.
Visão de Futuro: Inteligência Artificial e Edge Computing
Ao final do episódio, os participantes discutiram as tendências tecnológicas que moldarão o futuro das infraestruturas híbridas. Thiago destacou a importância da inteligência artificial para automatizar processos e prever falhas: “IA não resolve tudo, mas é uma poderosa aliada quando seus dados estão organizados”.
A expansão de redes de processamento Edge também foi mencionada como uma solução para reduzir a latência e melhorar a performance de aplicações críticas. “Quanto mais próximo do usuário final estiver o processamento, melhor será a experiência”, explicou ele.
Além disso, a conversa trouxe à tona exemplos de empresas que utilizam redes via satélite em regiões com pouca infraestrutura, como áreas portuárias e indústrias remotas. O uso de tecnologias de baixa órbita, como a Starlink, foi citado como uma alternativa promissora: “Com latências abaixo de 30 milissegundos, essas soluções podem revolucionar setores que dependem de comunicação em tempo real”.
O episódio reforçou que a gestão de uma infraestrutura híbrida requer um equilíbrio constante entre inovação e controle. Cada etapa dessa jornada precisa ser cuidadosamente planejada, com decisões baseadas nas necessidades específicas da empresa e nas tendências do mercado. Além disso, a capacitação contínua das equipes e a cultura de segurança são elementos essenciais para o sucesso.
Como concluiu Thiago Carvalho: “TI não é custo, é investimento. Sem uma infraestrutura bem planejada, ninguém faz nada”. Essa frase sintetiza a relevância de adotar práticas robustas de gestão e segurança para garantir operações estáveis e eficientes.
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