Vivemos um contexto de abundância tecnológica: produtos, SaaS, frameworks e startups batem às portas das áreas de negócio, muitas vezes sem o crivo da TI. Ricardo Stucchi descreve esse cenário como um quebra-cabeça que exige base sólida e perenidade: “O CIO tem que garantir um ambiente sustentável e uma base sólida, capaz de suportar esse quebra-cabeça de soluções”. Governança de TI, aqui, não é “controle pelo controle”, e sim a capacidade de orquestrar ofertas, minimizar débito técnico e alinhar o caminho tecnológico à estratégia corporativa.
Maturidade antes de automação: a inovação que paga as contas
“Existe a inovação de processo, que acontece todos os dias e gera eficiência real”, lembra Rosana Nitta. Automatizar o que é imaturo digitalmente não resolve a causa raiz; apenas acelera o que está torto. Governança de TI impõe o rito de medir maturidade do processo e do dado antes de “codificar”, garantindo que o que vai para o backlog tem chance de se tornar perene e rentável.
Checklist prático: processo mapeado; dado confiável; integração prevista; ROI explícito.
Seleção de software é decisão de arquitetura (e de gente)
“Boa parte de um projeto de seleção de software é discussão de arquitetura”, diz Stucchi. A virada: não escolhemos “telas bonitas”, mas definimos recortes funcionais, integrações e impactos organizacionais. Governança de TI expande a RFP para considerar aderência à arquitetura, interoperabilidade, custo total e capacidade de operação. Rosana sintetiza: “O sistema perfeito não existe; precisamos trabalhar com boas integrações e eficiência de custo”.
4) Arquitetura: proteger o legado sem travar a inovação
Em empresas que crescem por aquisições, a arquitetura “nasce legada”. Jair de Oliveira relata: “Adotamos uma camada de middleware que interage e protege os sistemas legados, permitindo que soluções inovadoras funcionem sem sofrer com a performance do ambiente antigo.” É governança de TI aplicada à integração: desacoplar, reduzir dependência de fornecedor e preservar estabilidade, enquanto se expõem capacidades modernas via APIs.
Business partnering: qualificar a demanda acelera o time-to-value
“TI catalisa melhor resultados quando está próxima do negócio”, diz Jair. Em vez de “fila de pedidos”, governança de TI cria células de business partnering que dominam processos e tecnologia da área que atendem. O resultado é demanda com contexto, hipóteses de ROI e encaixe arquitetural e time-to-value menor.
IA generativa com responsabilidade: políticas, dados e métricas
Para Lucia Almeida, a IA generativa elevará a autonomia das áreas e a régua de exigência. “O desafio é equilibrar inovação com segurança, velocidade com compliance e dados com propósito de valor.” Governança de TI deve prever políticas de uso responsável, proteção de dados, explicabilidade e auditoria sem engessar o aprendizado.
Ambidestria metodológica: escolher a ferramenta certa para cada problema
“Não existe metodologia única”, resume Rosana. Em partes conhecidas, previsibilidade; em fronteiras desconhecidas, MVP. Governança de TI define critérios de escolha da abordagem, pactua marcos e colhe indicadores comparáveis (lead time, confiabilidade, ROI). Lucia alerta: aplicar “ágil” em incidentes críticos é erro de contexto, governança é escolha consciente.
Custo, contratos e valor: plataforma boa sem estratégia vira custo
“Não adianta ter a melhor plataforma se ela estiver desassociada da estratégia: ela vira custo”, alerta Lucia. Governança de TI deve amarrar contratos e investimentos a métricas de negócio (showback/chargeback, QBRs, rotas de saída) e ao portfolio management.
Liderança e cultura: do super-herói ao orquestrador de valor
“O CIO não precisa ser super-herói”, segundo Ricardo, papel evolui para orquestrar pessoas e parceiros, oxigenar o time e manter escuta ativa às áreas que desafiam a TI. Governança de TI cria o palco: fóruns de decisão, ritos de priorização, critérios transparentes e educação contínua.
Roteiro de 12 semanas
Semanas 1–2 — Diagnóstico: mapa de sistemas e integrações críticos; top 10 riscos; inventário de contratos; backlog linkado a OKRs.
Semanas 3–4 — Guardrails: princípios arquiteturais; política de dados e segurança mínima (LGPD); modelo de governança de TI (comitês, ritos, DRI).
Semanas 5–8 — Execução: MVP de middleware; catálogo de APIs; observabilidade básica; piloto de business partnering.
Semanas 9–12 — Valor: revisão de contratos e ROI; trilha de governança de TI para IA; roadmap trimestral com 3–5 entregas ligadas a métricas de negócio.
Perguntas que destravam decisões difíceis
- Esta demanda alinha com a estratégia e mexe qual métrica de negócio?
- Sem dados confiáveis, faz sentido automatizar?
- Se adotarmos este software, qual sistema morre?
- Qual o custo de não fazer?
- A arquitetura atual sustenta pico e crescimento?
- O que terceirizamos e o que dominamos?
Governança de TI como vantagem
“Estamos entrando em uma nova era da tecnologia, tão disruptiva quanto a chegada da internet”, lembra Lucia. Em um ambiente de “inovação em série”, governança de TI separa curiosidade de compromisso, tendência de resultado, ruído de estratégia. Com arquitetura protegida, seleção de software como decisão de negócio, IA responsável e células de business partnering, o CIO sai do modo “apaga-incêndio” e assume o lugar de orquestrador de valor.

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