A inteligência artificial deixou de ser apenas uma promessa tecnológica para se tornar um pilar de competitividade econômica e transformação digital. No Brasil, os sinais de amadurecimento nesse campo são cada vez mais evidentes e animadores. A recente aprovação de R$ 1 bilhão em crédito pelo BNDES para fomentar projetos de IA é um indicativo claro de que o país começa a estruturar um ambiente mais sólido para o desenvolvimento e a atração de investimentos nesse setor estratégico.
Segundo a IDC Brasil, os investimentos em projetos de IA e IA generativa devem ultrapassar R$ 13 bilhões no país até 2025. Já a pesquisa The State of Generative AI in the Enterprise, da Deloitte, revela que 87% dos líderes empresariais brasileiros pretendem manter ou ampliar os aportes nessa tecnologia, consolidando a IA como um dos principais vetores de inovação nos negócios.
Mas apesar do entusiasmo e do ritmo crescente, é importante reconhecer os obstáculos que ainda limitam o avanço mais consistente da IA no país. Muitas empresas seguem em estágios iniciais de adoção, concentradas em provas de conceito e estruturação de estratégias. A baixa maturidade em governança de dados, combinada com preocupações legítimas em relação à privacidade e segurança da informação, ainda representa um desafio real para a implementação responsável e escalável da tecnologia.
Nesse cenário, a regulação ganha protagonismo. A LGPD já se consolidou como uma base essencial de confiança para o ecossistema digital, e o debate em torno do Marco Legal da IA precisa avançar com responsabilidade e senso de urgência. Investidores, nacionais ou estrangeiros, observam atentamente o grau de previsibilidade jurídica de um país antes de direcionar recursos para tecnologias sensíveis. Um ambiente regulatório estável, ético e alinhado com padrões internacionais é, hoje, tão importante quanto incentivos financeiros.
Outro aspecto fundamental é a visão estratégica com que as empresas vêm incorporando a IA. Se no início a adoção se dava majoritariamente por busca de eficiência operacional, hoje vemos a tecnologia sendo usada para diferenciação, personalização e inovação real nos modelos de negócio. Tecnologias como IA generativa, sistemas multimodais e arquiteturas multiagentes já fazem parte do radar de grandes organizações brasileiras, sinalizando uma maturidade que acompanha as principais tendências globais.
O Brasil tem potencial para ocupar uma posição de protagonismo na economia digital baseada em inteligência artificial. Mas para que esse cenário otimista se concretize de forma sustentável, é preciso seguir enfrentando os gargalos técnicos e reforçando uma governança que seja não apenas eficaz, mas também ética, transparente e centrada nos direitos fundamentais.
A boa notícia é que temos os elementos certos sobre a mesa: capacidade técnica, base legal, apetite institucional e interesse empresarial. O que falta é articulação estratégica e compromisso de longo prazo.
O momento é agora: o Brasil tem a oportunidade de liderar com responsabilidade e visão estratégica.
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