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quinta-feira, setembro 4, 2025
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Jaguar Land Rover sofre incidente cibernético que paralisa vendas e produção

A Jaguar Land Rover (JLR), fabricante britânica de veículos de luxo controlada pela indiana Tata Motors, confirmou ter sido alvo de um incidente cibernético que resultou na interrupção severa de suas operações globais de vendas e produção. A empresa divulgou uma nota sucinta em 2 de setembro informando que desligou proativamente seus sistemas de TI como medida de contenção e que trabalha na retomada gradual de seus aplicativos críticos.

Embora não haja indícios de vazamento de dados de clientes até o momento, a companhia admitiu que as atividades de varejo e de manufatura estão severamente comprometidas, afetando diretamente concessionárias, funcionários e consumidores em um dos períodos mais movimentados do setor automotivo no Reino Unido.

Impacto imediato: concessionárias e fábricas paradas

Segundo veículos britânicos, o impacto do ataque foi sentido já no primeiro dia de setembro, data estratégica para o registro de novos automóveis no país. As concessionárias não conseguiram processar matrículas de veículos, o que prejudicou um dos dias de maior volume de vendas do ano.

Na frente industrial, a fábrica da JLR em Halewood, Merseyside, orientou funcionários a permanecerem em casa enquanto os sistemas permanecem inoperantes. Um e-mail interno à equipe, citado pelo jornal Liverpool Echo, informou que os colaboradores teriam horas acumuladas e só deveriam retornar no dia 3 de setembro, salvo nova orientação da empresa.

Declarações oficiais e comunicação ao mercado

No comunicado ao público, a JLR afirmou estar conduzindo uma resposta controlada, com medidas de contenção e planos para restabelecer os sistemas de forma progressiva. Paralelamente, a controladora Tata Motors notificou a Bolsa de Valores da Índia em 1º de setembro, descrevendo a situação como “problemas globais de TI” que afetavam os negócios da subsidiária.

“Estamos trabalhando em ritmo acelerado para resolver os problemas globais de TI que afetam nossas operações e forneceremos atualizações quando apropriado”, destacou a nota enviada ao mercado.

Especialistas apontam estratégia dos criminosos

Jake Moore, consultor global de segurança da ESET, destacou que o timing do ataque não parece coincidência. Segundo ele, criminosos cibernéticos costumam escolher datas críticas para causar o máximo de impacto e visibilidade. “Ao atingir a JLR justamente no momento em que concessionárias esperam grande volume de registros e entregas, os invasores aumentaram de forma significativa o poder de sua mensagem”, avaliou.

Esse modus operandi está alinhado à tendência global: grupos de ransomware e ciberextorsão preferem alvos onde a interrupção operacional se traduz em prejuízos financeiros imediatos e pressão para negociar resgates.

Indústria automotiva sob ataque

A manufatura tem se consolidado como um dos setores mais visados por criminosos digitais. A dependência de sistemas legados de tecnologia operacional (TO), que frequentemente convergem com aplicações e dispositivos de TI modernos, cria brechas exploráveis. Linhas de produção altamente automatizadas tornam-se vulneráveis a paralisações massivas quando softwares de controle ou integrações são comprometidos.

De acordo com um relatório recente da Comparitech, o setor de manufatura registrou um aumento de 57% nos ataques de ransomware apenas entre julho e agosto de 2025, saltando de 72 para 113 incidentes. Esse cenário reforça o apelo financeiro para os grupos de ataque, que exploram a incapacidade das empresas de absorver longos períodos de inatividade.

O que está em jogo para a Jaguar Land Rover

A crise expõe não apenas os riscos cibernéticos crescentes que desafiam fabricantes globais, mas também a vulnerabilidade de cadeias de valor complexas e integradas digitalmente. No caso da JLR, a interrupção coincide com um período fundamental para o mercado europeu, onde a competição é acirrada e a confiança do consumidor é um ativo vital.

Além da pressão para restaurar a normalidade, a montadora precisará avaliar com precisão se dados sensíveis foram acessados e, em caso afirmativo, lidar com potenciais obrigações regulatórias em múltiplos mercados. Mesmo sem vazamento confirmado, o simples anúncio de paralisação já afeta reputação, percepção de investidores e relações comerciais.

Tendências e lições para executivos de TI

O episódio da JLR serve de alerta para líderes de TI em todos os setores industriais. Com a aceleração da digitalização e a crescente convergência entre TO e TI, a superfície de ataque se expande e exige investimentos consistentes em resiliência cibernética. Estratégias de zero trust, monitoramento contínuo, exercícios de resposta a incidentes e redundância em sistemas críticos deixam de ser opcionais para tornar-se prioridade estratégica.

Para executivos brasileiros de tecnologia, a lição é clara: em um cenário de ataques sofisticados e orquestrados em datas sensíveis, não basta apenas ter planos de resposta. É preciso assegurar que a continuidade operacional esteja blindada, sob risco de comprometer toda a cadeia de valor em questão de horas.

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