A dark web, frequentemente associada a atividades ilegais, é também um espelho das vulnerabilidades das empresas diante de ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas. Longe de ser apenas um espaço caótico, ela funciona como um mercado altamente organizado e eficiente, onde cibercriminosos operam com lógica empresarial, oferecendo desde kits de phishing a malwares prontos para uso.
Essa economia paralela não só alimenta o crescimento do crime digital, como também expõe, de forma brutal, as falhas mais exploradas pelas gangues virtuais. Compreender como essas operações funcionam pode ajudar líderes de segurança e executivos de TI a repensarem suas estratégias de proteção digital.
A lógica de mercado da dark web: eficiência, inovação e oportunidade
Nos fóruns e marketplaces da dark web, hackers vendem e compram dados, acessos comprometidos e softwares maliciosos com agilidade comparável a qualquer loja online. Esses ambientes têm sistemas de reputação, suporte ao “cliente” e até garantias de funcionamento, tudo para tornar o crime mais acessível e lucrativo.
A sofisticação é tamanha que já se fala em “hackers empreendedores”, que fornecem ataques sob demanda. Casos como o da Snowflake, que teve dados de mais de 160 empresas comprometidos, e o da prestadora de serviços médicos Synnovis, vítima de vazamento de 400 GB de dados, são exemplos claros da eficácia desse modelo criminoso.
Inteligência artificial e crime como serviço
A popularização de tecnologias como inteligência artificial deu novo fôlego aos cibercriminosos. Ferramentas de Malware as a Service (MaaS) estão cada vez mais acessíveis. Com apenas alguns cliques, até mesmo agentes de ameaça pouco experientes conseguem executar invasões de alto impacto, graças a pacotes completos contendo adware, spyware, keyloggers, worms e trojans.
Segundo o relatório Global Cybersecurity Outlook 2025, do Fórum Econômico Mundial, o comércio de ferramentas baseadas em deepfake na dark web cresceu 223% em apenas um ano. Essa estatística evidencia o desequilíbrio entre ofensiva e defesa no atual cenário digital.
Espelhar o inimigo: como a estratégia dos hackers pode inspirar a defesa corporativa
Para conter essa onda, as organizações precisam se antecipar aos movimentos dos cibercriminosos. Isso significa ir além das práticas tradicionais e incorporar inteligência ofensiva à defesa. Monitorar fóruns da dark web, entender as técnicas mais utilizadas e descobrir quais dados são mais valiosos são atitudes essenciais.
Dados de identificação pessoal, senhas e credenciais de acesso continuam liderando o ranking de ativos digitais mais negociados no submundo da internet. Concentrar esforços na proteção desses dados é, portanto, uma medida vital.
Reforçar a base: autenticação, identidade e descentralização
Embora ainda subestimadas, as senhas são uma das principais portas de entrada exploradas pelos criminosos. Empresas devem acelerar a adoção de autenticação multifator, biometria e tokens de segurança para dificultar ataques, mesmo os realizados por operadores amadores utilizando ferramentas prontas da dark web.
A descentralização da identidade é outra medida importante. Ao dificultar a centralização de dados sensíveis, essa abordagem reduz o impacto de uma eventual violação e complica a ação dos criminosos que dependem da agregação de informações.
Use a dark web como uma aliada estratégica
Executivos de tecnologia e líderes de segurança da informação precisam encarar a realidade: ataques cibernéticos são inevitáveis. A diferença estará em quem estiver melhor preparado. Ao adotar uma postura mais estratégica e informada, inspirada nas próprias ferramentas e táticas dos cibercriminosos, as empresas podem transformar uma ameaça invisível em fonte de aprendizado.
A dark web, por mais obscura que pareça, oferece informações valiosas para quem souber observá-la com olhar analítico. Em um mundo onde os ataques digitais se multiplicam, conhecer o modus operandi do inimigo pode ser a chave para sair na frente.
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