Com o aumento da contratação remota, cresce também uma ameaça invisível e perigosa: profissionais de TI falsos, muitas vezes ligados a grupos norte-coreanos, estão se infiltrando em empresas ao redor do mundo. Utilizando identidades falsas, deepfakes em entrevistas e uma sofisticada rede de apoio, esses agentes têm acesso privilegiado a sistemas corporativos, comprometendo dados sensíveis e expondo as organizações a riscos que vão além da segurança cibernética — configurando um problema com repercussões geopolíticas. Executivos e líderes de TI precisam redobrar a atenção sobre quem estão contratando e como proteger seus ambientes.
Profissionais de TI remotos: falsos, mas perigosos
Nos últimos anos, um esquema que mobiliza profissionais de TI remotos falsificados vem crescendo globalmente, sobretudo ligado à Coreia do Norte. Esses falsos colaboradores não apenas roubam criptomoedas ou distribuem malwares — eles se infiltram diretamente nas empresas, assumindo cargos remotos para ganhar acesso a informações estratégicas e sistemas críticos.
Embora seja difícil quantificar o número exato desses atores, agências americanas como o FBI, o Departamento de Estado e o Tesouro dos EUA estimam que o esquema tenha movimentado centenas de milhões de dólares anualmente desde 2018. Inicialmente focados nos EUA, esses grupos têm expandido suas operações para a Europa e outras regiões, reagindo à pressão das autoridades americanas.
Como eles enganam as empresas
Esses agentes usam uma combinação sofisticada de técnicas para se passar por profissionais legítimos:
- Identidades falsas ou credenciais roubadas permitem que sejam contratados remotamente, sem necessidade de presença física ou entrevistas presenciais.
- Deepfakes em entrevistas por vídeo utilizam inteligência artificial para criar imagens e vídeos realistas que enganam recrutadores e gestores.
- A IA aprimora currículos e comunicação, corrigindo gramática e superando barreiras linguísticas para aumentar suas chances de contratação.
- Contam com uma rede estruturada de suporte, incluindo recrutadores especializados, “fazendas de laptops” para mascarar localização e intermediários que recebem e repassam salários para dificultar o rastreamento.
Os riscos para sua empresa
Uma vez inseridos na organização, esses falsos profissionais de TI representam uma ameaça multifacetada:
- Comprometimento de sistemas, instalando malwares e backdoors para manter acesso mesmo após revogação inicial.
- Roubo de propriedade intelectual e dados confidenciais, incluindo estratégias corporativas e segredos comerciais.
- Engenharia social interna, onde fingem ser colegas confiáveis para obter senhas e permissões adicionais.
- Risco de chantagem e vingança, caso sejam descobertos, aumentando o dano potencial à empresa.
Como as empresas podem se defender
O desafio de identificar esses profissionais falsos começa já na contratação. Executivos e líderes de RH, TI e segurança devem trabalhar juntos para fortalecer as defesas:
Aprimorar processos de contratação e verificação
Mesmo para posições remotas, é vital aplicar verificações técnicas e de antecedentes rigorosas, incluindo uma segunda opinião técnica para analisar os candidatos.
Cautela e julgamento humano
Além das qualidades técnicas, é essencial que os avaliadores estejam atentos a sinais de alerta e não ignorem potenciais incoerências, mesmo que o candidato pareça altamente qualificado.
Princípio do menor privilégio
Garanta que cada funcionário tenha acesso apenas ao que é necessário para seu trabalho, limitando danos em caso de infiltração.
Monitoramento constante
Analise padrões de acesso, horários incomuns, logins de países inesperados e qualquer atividade fora do padrão, como downloads não autorizados ou instalação de software suspeito.
Avaliação rigorosa de fornecedores e recrutadores
Nem sempre o ponto de entrada é direto. Muitas vezes, esses agentes chegam por meio de agências terceirizadas. É fundamental validar processos e credibilidade dos parceiros de recrutamento.
Contextualização: a segurança cibernética encontra a geopolítica
O fenômeno dos falsos profissionais de TI remotos transcende o campo tradicional da segurança da informação. Trata-se de uma operação sofisticada que une tecnologia avançada e interesses geopolíticos, com grupos estatais usando trabalhadores remotos como pontos de penetração em corporações estratégicas globais.
Para a alta liderança de TI, entender essa ameaça exige uma visão integrada: além das ferramentas tecnológicas, o fator humano e os processos precisam ser continuamente aprimorados para evitar que um falso profissional remoto coloque em risco toda a operação e a reputação da empresa.
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