15.1 C
São Paulo
quarta-feira, agosto 6, 2025
InícioNewsResfriamento a plasma: a nova fronteira para data centers

Resfriamento a plasma: a nova fronteira para data centers

A startup espanhola YPlasma está desafiando o modelo tradicional de resfriamento por ventiladores em servidores ao apostar em soluções de plasma, que convertem eletricidade em fluxo de ar iônico. A inovação, que elimina partes móveis e promete reduzir consumo energético e vibrações, começa a chamar atenção de gigantes da tecnologia como Intel e Lenovo. O objetivo? Tornar o resfriamento de servidores mais eficiente, confiável e adaptado às demandas crescentes de computação.

Enquanto o resfriamento líquido direto ao chip domina as discussões para workloads de alta densidade, a maior parte dos data centers ainda opera com ar forçado. Milhares de ventiladores continuam soprando ar frio e quente em racks de servidores, consumindo energia e exigindo manutenção. A YPlasma quer mudar esse cenário com o chamado vento iônico, um fluxo controlado de partículas carregadas capaz de substituir pequenas ventoinhas e até mesmo melhorar a dissipação de calor em ambientes industriais adversos.

Como funciona o resfriamento a plasma

A tecnologia da YPlasma é baseada na Descarga de Barreira Dielétrica (DBD). O sistema utiliza tiras de eletrodos de cobre, isoladas por materiais como Teflon, que ao receberem alta tensão ionizam o ar, gerando plasma e produzindo um fluxo laminar de vento iônico.

  • Velocidade do fluxo de ar: até 40 km/h (10 m/s)
  • Consumo energético: inferior a 0,05 W por atuador
  • Eficiência: equivalente ou superior a uma ventoinha de 80 mm para cargas térmicas de 10 W

Além de direcionar o ar, o plasma remove a camada limite térmica dos chips, melhorando a convecção e distribuindo o resfriamento de forma uniforme, o que reduz hotspots. Em testes internos, um chip caiu de 84°C para 49°C, superando ventiladores tradicionais em desempenho.

A empresa destaca ainda vantagens adicionais:

  • Redução de vibrações e ruído
  • Maior vida útil do hardware
  • Proteção contra poeira, oxidação e umidade
  • Potencial para uso em ambientes industriais ou implantações de Edge Computing com alta exposição a contaminantes

Parcerias estratégicas e próximos passos

Fundada em 2024, após ser desmembrada do Instituto Nacional de Tecnologia Aeroespacial (INTA), a “NASA da Espanha”, a YPlasma já conta com 1,1 milhão de euros em aportes iniciais, incluindo investimentos da SOSV/HAX e Esade Ban, além de apoio do Collider da MWC e da Agência Espacial Europeia. Em 2025, a startup levantou mais 2,5 milhões de euros para acelerar o desenvolvimento.

O CEO David Garcia confirma que a tecnologia está sendo testada em laptops e workstations em parceria com Intel e Lenovo, com protótipos já prontos e implementação prevista ainda este ano. A próxima meta é expandir para servidores e data centers, onde busca parceiros para desenvolvimento de produtos comerciais.

“Nosso objetivo é avaliar se essa tecnologia pode ajudar a indústria de data centers. Talvez não nas aplicações que exigem resfriamento líquido, mas certamente nas intermediárias, substituindo ventiladores com ganhos de eficiência”, afirma Garcia.

Competição e potencial de mercado

A corrida pelo resfriamento a plasma não está restrita à YPlasma. A suíça Ionic Wind Technologies, spin-off da Empa (Laboratórios Federais Suíços de Ciência e Tecnologia de Materiais), também desenvolve amplificadores de vento iônico que prometem dobrar a velocidade do fluxo de ar com menor consumo de energia. A Apple, por sua vez, já registrou uma patente para resfriamento por plasma em 2012, e a Intel pesquisa o tema desde 2022, em parceria com a Purdue University.

Especialistas apontam que essa tecnologia pode transformar a infraestrutura de TI, reduzindo custos de operação e manutenção e abrindo caminho para data centers mais sustentáveis e compactos. Além dos servidores, há aplicações possíveis em sistemas HVAC, prevenção de corrosão e até na geração de água ativada por plasma, com maior capacidade de transferência de calor.

Com o avanço da IA e workloads de alto desempenho, soluções inovadoras como o vento iônico podem representar um divisor de águas para a próxima geração de data centers.

Siga o Itshow no LinkedIn e assine a nossa News para ficar por dentro de todas as notícias do setor de TI e Cibersegurança!

Cíntia Ferreira
Cíntia Ferreira
Chief Operating Officer no Itshow, portal líder de notícias em Tecnologia e Telecom, com base em São Paulo. Com ampla experiência em gestão operacional e estratégia de alto impacto, ela conduz iniciativas que impulsionam inovação, eficiência e operações escaláveis. Reconhecida por liderar equipes multidisciplinares e integrar soluções de negócios e tecnologia,
Postagens recomendadas
Outras postagens