O SecOps Meetup Football 2025, realizado no Rio de Janeiro, consolidou-se como um dos principais fóruns de inovação e segurança digital do setor esportivo brasileiro. Durante dois dias, executivos de tecnologia da informação, especialistas em cibersegurança e líderes jurídicos e de compliance debateram como os clubes de futebol estão se transformando em organizações digitais complexas, onde TI e segurança deixaram de ser áreas de suporte e passaram a ser ativos centrais de negócio.
Logo no primeiro dia, o evento foi aberto pelo painel “Futebol como Ativo Digital: TI e Segurança como Agente Estratégico para o Negócio, além das Quatro Linhas”, reunindo Marcio Montagnani (diretor de portfólio e novos negócios da Biz Group e colunista do It Show), Calza Neto (DPO do Corinthians), Ismael Dambrós (IT Brasil) e Willian Rocha (DPO do Flamengo). Os executivos ressaltaram que, no atual cenário, dados e infraestrutura tecnológica se tornaram ativos críticos para a performance, monetização e proteção do negócio futebolístico, indo muito além da gestão do jogo em campo.
Calza Neto destacou que a LGPD elevou a régua de governança de dados, e que falhas de segurança podem gerar prejuízos imediatos e duradouros para a reputação dos clubes:
“Um incidente pode abalar a confiança da torcida, afastar patrocinadores e até impactar resultados esportivos”, afirmou.
Marcio Montagnani acrescentou que os clubes estão começando a adotar modelos de gestão de risco semelhantes aos de grandes corporações financeiras e industriais, investindo em centros de operações de segurança (SOCs), automação de respostas a incidentes e políticas robustas de continuidade de negócios.

Continuidade de negócios: manter o jogo funcionando
Ainda no primeiro dia, a palestra “Interoperabilidade e Continuidade de Negócios”, com Eduardo Rocco (EXBIZ), trouxe um alerta sobre os riscos operacionais e reputacionais de falhas tecnológicas em jogos e grandes eventos.
“Confiança só se perde uma vez. Se um clube ficar fora do ar em um dia de jogo, a perda de receitas, de imagem e de credibilidade com patrocinadores pode ser devastadora”, afirmou Eduardo Rocco.
Ele enfatizou a necessidade de planos de contingência testados periodicamente, integração entre sistemas críticos e avaliação constante de fornecedores terceirizados, já que a cadeia digital do futebol hoje envolve plataformas de bilhetagem, streaming, e-commerce e análise de desempenho em tempo real.
Segundo dia aprofunda debates com casos reais e ameaças emergentes
Com os fundamentos estratégicos estabelecidos no primeiro dia, o segundo dia do SecOps Meetup Football 2025 foi marcado por uma agenda intensa de painéis e palestras técnicas que mergulharam nos riscos concretos enfrentados pelas operações digitais dos clubes.
A abertura ficou por conta do painel “Ameaças Atuais na Segurança Digital dos Clubes”, com Marcio Montagnani (diretor de portfólio e novos negócios da Biz Group e colunista do It Show), Bruno Siffert (diretor de TI da CBF), Diego Baldi (coordenador de TI do Grêmio) e Denis Martinelli (Telium). Os especialistas foram unânimes ao apontar que os clubes ainda enfrentam baixa maturidade de cibersegurança no board, o que dificulta investimentos proporcionais ao risco.
“TI não faz gol, não defende pênalti, então, muitas vezes sobra pouco orçamento para proteger ativos críticos”, afirmou Marcio Montagnani, lembrando que incidentes já geram impactos financeiros diretos em bilheterias, patrocínios e imagem institucional
Bruno Siffert reforçou que o intercâmbio de experiências entre os clubes está se tornando vital para elevar a maturidade do setor, enquanto Diego Baldi destacou que “as conversas de bastidores são tão importantes quanto os painéis formais para construir estratégias colaborativas”.
Gestão de riscos, incidentes e continuidade operacional
Em seguida, o painel “Case – Gestão de Riscos e Incidentes”, com Paul Penaloza (IntelGuardX), Diego Baldi e Tiago Hendges do Grêmio, trouxeram um caso real de resposta a incidentes em sistemas críticos, evidenciando como a inteligência de ameaças e a reação rápida evitam paradas operacionais completas. Penaloza defendeu que os clubes estruturem SOCs com protocolos bem definidos e simulações periódicas de crises.
Dados, biometria e governança de identidades
Outro painel de destaque foi “Identidade Digital, Biometria Facial e Gestão de Acessos”, com Evaldo Júnior (DPO do Santos), Andressa Guerra (vice-presidência SAF Botafogo), Mariana Lucas (DPO) e Henrique Rocha (Peck Advogados). Eles abordaram os desafios da autenticação segura de dezenas de milhares de torcedores por partida, conciliando experiência fluida e proteção de dados sensíveis.

Os especialistas destacaram que a proteção de dados deixou de ser obrigação legal e passou a ser um ativo estratégico, capaz de viabilizar parcerias, patrocínios e novos modelos de negócio baseados em dados.
IA, ativos digitais e a nova cultura de segurança
O painel “Proteção de Ativos Digitais no Esporte”, com Denis Martinelli (Telium), Calza Neto (DPO Corinthians), Jeremias Goedert (head de TI do Internacional) e Cleberson Fontoura (Palmeiras), debateu como os dados de performance, contratos e engajamento de torcida são hoje os ativos mais valiosos dos clubes e precisam ser protegidos com classificações, controles de acesso e análise preditiva de riscos.
Em seguida, a apresentação “A Defesa Mais Importante do Jogo: Como a IA da ZenoX Protegeu a Torcida do Corinthians na Campanha Doe Arena”, com Danrley Souza e Ana Cerqueira (ZenoX), mostrou como a IA detectou e bloqueou campanhas fraudulentas direcionadas aos torcedores, evitando desvios financeiros e ataques de phishing.
Na sequência, o painel “IA e Tecnologias Emergentes e Cultura da Segurança”, com Calza Neto (DPO Corinthians), Thiago Hendges (Grêmio), Fábio Farias (Instituto Navegue Bem)Denis M e Ana Cerqueira (ZenoX), explorou como modelos de machine learning reduzem drasticamente o tempo de detecção e resposta a incidente.
Evento marca virada de chave digital para o futebol brasileiro
Ao final de dois dias de debates, o SecOps Meetup Football 2025 deixou evidente que o futebol brasileiro está migrando para uma lógica corporativa, altamente digitalizada e interconectada, na qual TI e segurança da informação não são custos, mas vetores de crescimento, inovação e confiança de mercado.
A presença maciça de DPOs, CISOs e diretores de TI reforçou que os clubes caminham para operar como empresas de grande porte, com governança digital avançada, estratégias de proteção de ativos e uso intensivo de dados e IA para sustentar o desempenho dentro e fora de campo.

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