A corrida por soluções de cibersegurança mais ágeis e escaláveis acaba de ganhar um novo protagonista. Pesquisadores anunciaram o White-Basilisk, um modelo de inteligência artificial (IA) projetado para detectar vulnerabilidades em bases de código extensas de forma mais rápida, precisa e ecologicamente correta do que modelos muito maiores e caros de operar. Com apenas 200 milhões de parâmetros, ele supera modelos com mais de 30 vezes esse tamanho em benchmarks públicos, prometendo transformar a maneira como equipes de segurança e desenvolvimento lidam com ameaças cada vez mais complexas.
O lançamento ocorre em um contexto em que CISOs e líderes de tecnologia enfrentam desafios crescentes para proteger bases de código cada vez mais distribuídas e multifuncionais, sem depender de infraestrutura computacional massiva ou emissões de carbono elevadas.
Um modelo compacto que desafia os gigantes da IA
Ao contrário dos Large Language Models (LLMs) populares, que exigem bilhões de parâmetros e consumo energético altíssimo, o White-Basilisk se destaca pelo design enxuto e pelo desempenho surpreendente.
Com capacidade para processar sequências de até 128 mil tokens em uma única passagem, abrangendo múltiplos arquivos e funções, ele elimina uma limitação histórica das ferramentas de IA na análise de código: a dificuldade de lidar com vulnerabilidades que se espalham por diferentes partes de uma base complexa.
“A maioria das falhas não existe isoladamente. Elas frequentemente cruzam arquivos e funções, e os modelos tradicionais não conseguem lidar com essa complexidade sem custos proibitivos”, explica Ioannis Lamprou, pesquisador líder do projeto.
A arquitetura inovadora combina camadas Mamba para padrões locais, atenção linear para contexto global e um Mixture of Experts, que distribui tarefas de forma inteligente, atingindo complexidade linear. Em termos práticos, isso significa que o custo computacional cresce de forma proporcional ao tamanho do código, e não de maneira exponencial, como nos modelos baseados em atenção quadrática.
Segurança mais sustentável e acessível
Além de eficiência técnica, o White-Basilisk aposta na sustentabilidade operacional, um tema cada vez mais estratégico para CIOs e CTOs que precisam alinhar inovação com metas ESG.
Durante seu treinamento, a emissão estimada foi de apenas 85,5 kg de CO₂, comparável a uma curta viagem de carro a gasolina, enquanto LLMs tradicionais podem gerar toneladas de emissões.
Sua execução também é econômica: o modelo roda em uma única GPU de ponta, sem a necessidade de clusters ou infraestrutura distribuída, viabilizando uso em startups, equipes pequenas de DevSecOps e ambientes on-premises restritos, como sistemas IoT e data centers isolados.
Integração com fluxos de trabalho corporativos
Os pesquisadores destacam que o White-Basilisk foi pensado para adaptação imediata aos processos existentes. Entre os cenários previstos:
Extensões para IDEs como VSCode, oferecendo alertas em tempo real diretamente na máquina do desenvolvedor, sem depender da nuvem;
Integração com pipelines de CI/CD, detectando falhas a cada commit antes de chegar à produção;
Ambientes fechados e críticos, onde latência, privacidade e limitação de recursos são desafios permanentes.
Ao invés de substituir ferramentas tradicionais, o modelo funciona como uma camada complementar de análise profunda, elevando o padrão de segurança para bases de código modernas.
Limitações e próximos passos
Apesar dos avanços, o White-Basilisk ainda enfrenta barreiras:
Foi treinado apenas em C e C++, exigindo expansão para outras linguagens populares como Java, Python e Go;
A explicabilidade das decisões continua restrita, o que pode gerar desafios em auditorias e ambientes regulados;
Vulnerabilidades extremamente raras ou inéditas ainda representam obstáculos significativos.
A equipe já trabalha para ampliar o suporte multilinguagem, melhorar a interpretabilidade e explorar novos domínios de aplicação em análise de longo alcance. Segundo Lamprou, o estudo está sob revisão em uma conferência internacional de IA e tem potencial de democratizar ferramentas de segurança avançadas para organizações de todos os portes.
O White-Basilisk representa um marco estratégico para líderes de TI e segurança, oferecendo uma alternativa prática, verde e escalável à abordagem tradicional de grandes LLMs. Em um cenário de ataques sofisticados e escassez de recursos, modelos compactos e inteligentes podem redefinir o equilíbrio entre proteção, custo e sustentabilidade na cibersegurança corporativa.
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