A crescente adoção da inteligência artificial generativa trouxe avanços significativos para empresas em diversos setores. Contudo, o impacto ambiental dessa tecnologia está levando organizações ao redor do mundo a revisarem suas metas climáticas e estratégias de sustentabilidade. De acordo com um relatório do Instituto de Pesquisa da Capgemini (CRI), quase metade dos executivos entrevistados acredita que o uso de IA generativa tem aumentado as emissões de gases de efeito estufa (GEE), representando um desafio para os objetivos ambientais.
Adoção Acelerada da IA Generativa e Seus Impactos
Nos últimos anos, o uso de IA generativa tem crescido, saltando de 6% das organizações em 2023 para 24% em 2024. Essa tecnologia, que depende de grandes volumes de dados e de um poder computacional robusto, exige quantidades consideráveis de eletricidade e recursos, como água, para alimentar suas operações.
Apesar de seu potencial transformador, a pegada de carbono da IA generativa já preocupa executivos. Segundo o relatório, atualmente 2,6% das emissões totais das organizações estão ligadas à tecnologia, e a previsão é que esse número atinja 4,8% nos próximos dois anos. Essa crescente pressão ambiental pode dificultar o cumprimento de compromissos com os critérios de ESG, desafiando o equilíbrio entre inovação e sustentabilidade.
Sustentabilidade e Responsabilidade: Onde Estão os Gaps?
Embora a IA generativa tenha se mostrado essencial para aumentar a eficiência e a produtividade em diversas áreas, ainda há lacunas significativas na forma como as empresas abordam seus impactos ambientais. Apenas 12% dos executivos afirmam medir regularmente a pegada ambiental associada ao uso da IA generativa. Além disso, menos da metade está plenamente consciente desse impacto, segundo os dados do relatório.
O estudo revela também que apenas um quinto das organizações considera a sustentabilidade como um dos principais fatores na escolha de modelos de IA. Essa baixa priorização da questão ambiental reflete a falta de uma abordagem integrada para mitigar os efeitos negativos da tecnologia.
Medidas Sustentáveis em Implementação
Apesar dos desafios, algumas organizações têm tomado iniciativas para incorporar medidas sustentáveis ao ciclo de vida da IA generativa. De acordo com o relatório, 31% das empresas já implementaram ações como o uso de modelos menores, que consomem menos energia, e a alimentação de infraestruturas com fontes de energia renovável. Nos próximos 12 meses, espera-se que esse número aumente, à medida que as empresas busquem alinhar suas operações às metas climáticas globais.
Outro ponto destacado é a dependência de modelos pré-treinados, utilizados por mais de três quartos das organizações. Apenas 4% das empresas desenvolvem modelos próprios do zero, o que limita a capacidade de controlar diretamente a pegada ambiental desses sistemas. Isso reforça a importância de parcerias estratégicas com fornecedores que tenham práticas sustentáveis e transparentes.
Transparência e Colaboração na Indústria
Uma das principais barreiras para a redução do impacto ambiental da IA generativa é a transparência limitada dos fornecedores. Aproximadamente 75% dos executivos consideram desafiador medir a pegada ambiental da tecnologia devido à falta de padrões claros no setor. A ausência de métricas padronizadas dificulta a tomada de decisões informadas e responsáveis.
Para enfrentar esse problema, especialistas defendem a criação de normas industriais que permitam a medição precisa do impacto ambiental da IA generativa. Cyril Garcia, líder de serviços globais de sustentabilidade da Capgemini, destacou que uma colaboração entre empresas e fornecedores será essencial para garantir que a tecnologia seja uma força motriz para um futuro mais sustentável.
Caminhos para um Futuro Sustentável
A transição para uma IA generativa mais sustentável exige um esforço conjunto. A implementação de medidas como otimização de infraestruturas, maior uso de energia renovável e a seleção criteriosa de fornecedores são passos importantes para reduzir a pegada de carbono da tecnologia. Além disso, incluir critérios de sustentabilidade no desenvolvimento e na escolha de modelos de IA pode gerar benefícios não apenas ambientais, mas também econômicos e reputacionais para as organizações.
Empresas que adotam práticas mais conscientes também ganham vantagem competitiva em um mercado onde consumidores e investidores estão cada vez mais atentos às questões ambientais. Por isso, o investimento em inovação sustentável não é apenas uma necessidade climática, mas também uma oportunidade estratégica.
O impacto ambiental da IA generativa está no centro das discussões globais sobre sustentabilidade. Com a aceleração do uso dessa tecnologia, as organizações precisam adotar medidas proativas para alinhar suas operações às metas climáticas e reduzir sua pegada de carbono. O relatório da Capgemini evidencia a necessidade urgente de maior transparência, colaboração e padrões claros para garantir que a IA generativa se torne um pilar para um futuro mais sustentável.
À medida que as organizações se adaptam a essa nova realidade, é fundamental que a sustentabilidade não seja apenas uma meta, mas uma prioridade em todas as decisões relacionadas à tecnologia. A adoção de práticas inovadoras e conscientes será essencial para enfrentar os desafios ambientais e construir um mundo mais equilibrado e responsável.
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