Relatório revela que avanços na energia geotérmica podem fornecer eletricidade acessível e confiável para a expansão acelerada dos data centers.
Oportunidade subterrânea para a infraestrutura digital
A crescente demanda por data centers, impulsionada por computação em nuvem e inteligência artificial (IA), está pressionando a infraestrutura energética global. Entretanto, um novo estudo do Rhodium Group sugere que a solução para essa crise pode estar no subsolo: a energia geotérmica avançada. Segundo a análise, essa tecnologia pode suprir até 66% da necessidade energética dos novos data centers até 2030, fornecendo eletricidade confiável e competitiva em custo.
Crescimento acelerado da geotermia pode transformar o setor
Atualmente, os Estados Unidos possuem cerca de 4 gigawatts de capacidade instalada em energia geotérmica. Se as previsões se confirmarem, esse número pode saltar para 16 gigawatts, quadruplicando a oferta de uma fonte de energia renovável e de baixa emissão de carbono. No Oeste dos EUA, região rica em recursos geotérmicos, essa energia poderia atender integralmente a demanda por novos data centers. Em Phoenix, por exemplo, haveria capacidade para adicionar 3,8 gigawatts de infraestrutura sem necessidade de novas usinas convencionais.
Essa possibilidade representa um alívio estratégico para as empresas de tecnologia, que buscam alternativas para mitigar os custos energéticos crescentes e reduzir sua pegada de carbono. A energia geotérmica avançada, ao utilizar técnicas modernas de perfuração e aproveitamento térmico, pode oferecer uma solução escalável e economicamente viável.
Como funciona a energia geotérmica avançada?
Historicamente, a geração geotérmica estava restrita a locais onde o calor do subsolo se aproximava da superfície. Com novas tecnologias de perfuração e engenharia térmica, é possível explorar reservatórios subterrâneos mais profundos e extrair calor com maior eficiência.
As startups têm desempenhado um papel essencial nessa revolução. A Fervo Energy, por exemplo, foi fundada por engenheiros do setor de petróleo e gás e aplica perfuração horizontal para otimizar a extração de calor. A empresa já captou mais de US$ 200 milhões em investimentos desde 2024.
Outra iniciativa inovadora é a Bedrock Energy, que foca na redução da pegada geotérmica para viabilizar o uso em edifícios comerciais e data centers em espaços limitados. Sua tecnologia permite perfuração de mais de 1.200 pés de profundidade para extração de calor consistente ao longo do ano.
Entre as abordagens mais futuristas, a Quaise Energy está desenvolvendo um sistema baseado em micro-ondas para vaporizar rochas subterrâneas. Essa técnica elimina o uso de brocas convencionais e pode permitir perfuração até 20 quilômetros de profundidade, onde as temperaturas chegam a 1.000 graus Fahrenheit.
A Sage Geosystems, por sua vez, está investindo em um modelo inovador de armazenamento de energia subterrânea. A empresa injeta água sob pressão em poços e libera esse fluxo conforme a necessidade, funcionando como uma usina hidrelétrica subterrânea.
Redução de custos e viabilidade para data centers
O estudo aponta que a energia geotérmica avançada pode ter um custo operacional inferior ao da eletricidade tradicional usada pelos data centers. Quando localizados em regiões com alto potencial geotérmico, os custos de fornecimento caem para cerca de US$ 50 por megawatt-hora, comparado a US$ 75 por megawatt-hora em regiões sem otimização geotérmica.
Outro fator que favorece essa alternativa é a possibilidade de conectar as usinas diretamente aos data centers, sem passar pela rede elétrica convencional (“behind-the-meter”). Esse modelo reduz tempos de espera por autorizações e minimiza perdas de transmissão, tornando a implementação mais ágil e eficiente.
A energia geotérmica será o futuro dos data centers?
Com o crescimento exponencial da demanda por computação de alto desempenho, a busca por soluções sustentáveis e acessíveis é estratégica para empresas do setor de TI e telecom. O avanço da energia geotérmica não apenas reduz a dependência de combustíveis fósseis, mas também oferece previsibilidade de custos energéticos, um fator crítico para a sustentabilidade financeira dos data centers.
Embora desafios como regulações e investimentos iniciais elevados ainda precisem ser superados, o cenário aponta para uma adoção acelerada dessa fonte de energia. Se as previsões do Rhodium Group se concretizarem, a energia geotérmica avançada pode se tornar a principal solução para alimentar a próxima geração de data centers.
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