No contexto de transformação digital do agronegócio, a cibersegurança se destaca como um desafio crítico para a continuidade das operações. Em entrevista realizada no Agro Security Summit 2025, Tiago Alves, diretor comercial da Gemena, compartilhou insights sobre as ameaças digitais que o setor agropecuário enfrenta e como os líderes de TI podem mitigar riscos por meio de soluções de segurança inovadoras. A entrevista foi conduzida por Márcio Montaganani, diretor de portfólio e novos negócios da Biz Group e colunista do portal Itshow.
O agro 4.0 e os novos riscos digitais
A digitalização no agronegócio não é mais uma tendência, mas uma realidade crescente. Com a adoção de tecnologias avançadas como tratores conectados e sistemas de telemetria, o setor agro está se transformando rapidamente para se tornar mais eficiente. No entanto, esse movimento também trouxe novos riscos de segurança. Durante a entrevista, Tiago Alves ressaltou a preocupação da Gêmena com a proteção desses novos sistemas, que, por sua natureza, estão cada vez mais expostos à internet.
“O agro foi para o 4.0 e isso traz uma exposição maior. Nossa principal preocupação é criar camadas de proteção contra essas novas vulnerabilidades”, disse Alves. A conectividade crescente, sem as devidas camadas de segurança, pode abrir portas para ataques cibernéticos, impactando diretamente a operação das empresas do setor.
Cibersegurança: um diferencial competitivo no agro
A evolução digital não só exige maior atenção à segurança, mas também coloca a cibersegurança como um fator de competitividade. Com a visibilidade crescente de ciberataques no setor agro, executivos do setor agrícola têm se tornado mais conscientes da importância de proteger não só seus dados, mas também as relações com fornecedores e clientes.
“A cibersegurança no agro está se tornando visível e fundamental, com maior preocupação de executivos sobre segurança com clientes e fornecedores”, afirmou Tiago Alves. Segundo ele, os líderes de TI no setor precisam entender que a segurança da informação não é mais uma preocupação apenas interna, mas também externa, devido à cadeia de fornecimento interligada. Um ataque cibernético a um fornecedor pode, facilmente, comprometer toda a operação de uma usina, por exemplo.
Desafios com sistemas legados no setor agro
Apesar dos avanços, o setor agro ainda enfrenta desafios significativos com sistemas legados. Muitas empresas não podem realizar grandes atualizações tecnológicas de forma imediata devido ao alto custo e à complexidade envolvida. Isso, por si só, gera riscos, pois esses sistemas mais antigos frequentemente não possuem as proteções necessárias para suportar novas ameaças digitais.
“A Gemena entra com o que chamamos de camadas de segurança para lidar com legados até que um projeto mais robusto seja viabilizado”, explicou Alves. Ele destacou que é possível minimizar os riscos com a implementação de soluções temporárias enquanto se trabalha na substituição de sistemas mais antigos. Isso é especialmente crítico para a indústria agrícola, onde as operações são muitas vezes contínuas e não podem ser interrompidas facilmente para realizar grandes mudanças tecnológicas.
Governança de TI e cibersegurança no agro: a chave para o sucesso
A governança de TI é outro ponto fundamental levantado por Tiago Alves. De acordo com ele, muitos líderes de TI no agro cometem o erro de não envolver o board nas discussões sobre segurança cibernética, o que pode resultar em investimentos inadequados ou em falhas na implementação de soluções de segurança. A governança eficaz assegura que os recursos necessários sejam alocados de maneira estratégica para proteger a infraestrutura crítica.
“Não se pode monitorar o que não se conhece. A primeira coisa que as empresas devem fazer é entender o que têm dentro de casa antes de investir em ferramentas de segurança”, afirmou Alves. Ele destacou que um bom firewall ou antivírus só será eficaz se houver uma estratégia bem estruturada e governança para garantir que as ferramentas sejam monitoradas e atualizadas adequadamente.
O futuro da cibersegurança no agro
Tiago Alves projetou o futuro da cibersegurança no agro, apontando para uma maior necessidade de proteção das tecnologias industriais, especialmente as relacionadas à automação de processos. Com o aumento da adoção de sistemas de OT (tecnologias operacionais), o setor agro está se tornando mais vulnerável a ataques que podem interromper operações críticas, como o processamento de alimentos e a produção de commodities.
“O futuro da cibersegurança no setor agro envolve um foco ainda maior no monitoramento industrial. Os ataques agora estão direcionados para a parte industrial, onde o impacto no negócio é imediato”, explicou Alves.
A cibersegurança como pilar do crescimento sustentável
À medida que a digitalização do setor agro avança, a cibersegurança se consolida como um pilar essencial para o crescimento sustentável do setor. A conscientização sobre os riscos e a implementação de soluções de segurança robustas são fundamentais para garantir que as empresas possam operar de forma segura e competitiva. Executivos de TI no setor agro precisam estar à frente das ameaças, adotando tecnologias de ponta e práticas de governança que assegurem a proteção de seus ativos digitais.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que Tiago Alves, concedeu ao Itshow durante a segunda edição do Agro Security Summit!
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