20.6 C
São Paulo
terça-feira, abril 22, 2025
InícioColunistasHype ou Hope? O dilema das tecnologias disruptivas

Hype ou Hope? O dilema das tecnologias disruptivas

Toda nova tecnologia nasce envolta em promessas de revolução. Algumas conseguem cumprir e transformam mercados inteiros, enquanto outras se tornam apenas um capítulo na longa história das inovações que nunca se consolidaram. Mas como distinguir uma tendência passageira de uma revolução genuína?

Este dilema nunca foi tão crítico quanto na era atual, em que avanços como IA generativa, blockchain e metaverso são anunciados como o futuro dos negócios, sem garantias de que, de fato, gerarão valor sustentável. Empresas investem milhões no desenvolvimento dessas tecnologias, enfrentando o risco de apostar em algo que pode se provar inviável no longo prazo.

No universo da inovação, duas forças opostas disputam a atenção de companhias e investidores: hype e hope. O hype representa o entusiasmo exagerado em torno de uma nova tecnologia, alimentado por promessas de transformação radical e por um mercado ávido por novidades. Por outro lado, o hope (esperança) reflete a crença de que determinada solução pode, de fato, trazer mudanças positivas e sustentáveis.

Na prática, o dilema entre ambas forças acompanha o ciclo de adoção de qualquer tecnologia disruptiva. A pergunta que deve ser feita é: estamos diante de uma transformação real ou apenas mais um ciclo de expectativas infladas?

Ciclo do Hype: expectativa vs. realidade

Desde a década de 1990, a consultoria Gartner tem estudado como as tecnologias emergem, evoluem e, em alguns casos, desaparecem. O famoso Gartner Hype Cycle mapeia o ciclo de adoção tecnológica, geralmente composto por cinco fases:

  1. Acionador de inovação: a tecnologia surge e recebe atenção inicial da mídia e investidores;
  2. Pico das expectativas infladas: as promessas grandiosas do início levam a uma onda de euforia e investimentos;
  3. Vale da desilusão: a solução não tem um retorno imediato, gerando frustração e abandono por parte do mercado;
  4. Ladeira da informação: algumas aplicações começam a se consolidar, trazendo benefícios reais;
  5. Planície da produtividade: a tecnologia se estabelece e passa a ser amplamente utilizada.

A maioria das inovações passa por esse ciclo, mas nem todas chegam à “planície da produtividade”. Algumas desaparecem antes de gerar impacto.

Exemplos históricos: entre o exagero e a concretização

Olhar para o passado pode nos ensinar muito sobre como separar hype de inovação real. Algumas tecnologias enfrentaram o ceticismo e demonstraram seu valor ao longo do tempo, outras ainda estão em fase de incerteza:

  • Internet nos anos 90: durante a bolha das empresas “.com”, acreditava-se que qualquer negócio com um site teria sucesso. O colapso do mercado entre 2000 e 2002 provou que não era bem assim. No entanto, empresas resilientes como Amazon e Google emergiram desse período e moldaram a economia digital como a conhecemos hoje.
  • Blockchain: durante anos, foi visto como a solução definitiva para segurança digital, gestão de contratos e descentralização de dados. Embora tenha revolucionado o mercado financeiro com as criptomoedas, ainda luta para encontrar casos de uso práticos e amplamente adotados fora desse setor.
  • IA Generativa: chatbots como ChatGPT e Google Gemini elevaram o debate sobre IA a um novo patamar. Apesar do seu enorme potencial, o impacto nos negócios ainda está sendo testado e regulado.

Entre expectativas e realidade

No embate entre hype e hope, o verdadeiro desafio não está apenas em identificar as tecnologias que irão prosperar, mas em entender como e quando elas entregarão valor real. A história mostra que a adoção bem-sucedida de inovações exige visão estratégica, paciência e um olhar crítico diante das promessas grandiosas que frequentemente as acompanham.

Diante disso, cabe aos líderes de tecnologia e inovação equilibrar otimismo com pragmatismo, investindo não apenas no potencial de uma nova solução, mas também na sua viabilidade e impacto sustentável. Afinal, o futuro da tecnologia não é determinado pelo entusiasmo inicial, mas pela sua capacidade de transformar realidades de maneira concreta e duradoura.

Siga o Itshow no LinkedIn e assine a nossa News para ficar por dentro de todas as notícias do setor de TI e Telecom!

Postagens recomendadas
Outras postagens