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segunda-feira, junho 30, 2025
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Estratégia e Decisão Baseada em Dados: Liderança de Verdade no Mundo Tech

Em tempos de transformação digital acelerada, quem lidera equipes de tecnologia não pode mais contar apenas com o “feeling” ou com aquele famoso “jeito de fazer que sempre deu certo”. Hoje, a liderança mais eficaz é aquela que une pensamento estratégico à tomada de decisão baseada em dados (ou data-driven decision making, para os mais fluentes no jargão).

Mas o que isso significa na prática? Como isso muda a rotina de quem lidera projetos, squads, times de produtos ou equipes de infraestrutura ou tudo isso junto? Vamos descomplicar esse papo e mostrar, com exemplos reais, por que dados são o novo “cinturão do Batman” dos líderes tech.

1. A diferença entre opinião e estratégia

Se liga no cenário: você lidera uma equipe de desenvolvimento e precisa decidir se vale a pena investir mais tempo numa funcionalidade A ou numa funcionalidade B para o próximo sprint. Um caminho seria perguntar ao time o que eles acham que os usuários preferem. O outro seria olhar para os dados de uso do produto, analisar o funil de conversão, rodar testes A/B ou consultar mapas de calor para entender o comportamento real da base.

Escolher o segundo caminho é aplicar pensamento estratégico com base em evidências. Ou seja, sair da opinião e entrar no território da estratégia. Claro que, com os dados na mão, o próximo passo é alinhar tudo isso com os objetivos de negócio.

2. Responder perguntas com visão de futuro

Pensar estrategicamente não é só sobre ter grandes ideias ou visões de futuro. É conectar cada decisão operacional a um objetivo maior. Um líder com esse tipo de pensamento consegue responder:

  • Como essa decisão impacta o faturamento?
  • Isso melhora a experiência do cliente?
  • Estamos reforçando nossas vantagens competitivas?

No mundo tech, a tradução pode ser:

  • Este backlog está priorizado segundo o valor para o usuário?
  • Essa arquitetura sustenta a escalabilidade que projetamos?
  • Os indicadores mostram que resolvemos o problema real?

3. Dados: o complemento que transforma apostas em direção

É aqui que entra o data-driven de verdade. Usar dados não significa apagar o instinto ou a criatividade significa validar e aprimorar ambos com uma boa dose de realidade. Veja alguns exemplos práticos:

a. Gestão de performance e burnout: Equipes tech vivem sob pressão. Ferramentas como Jira ou Trello mostram muito além do progresso: revelam tendências de sobrecarga, queda de produtividade e retrabalho. Se os dados mostram alerta vermelho, talvez seja hora de redistribuir tarefas, pausar projetos ou reforçar o time. Decisões difíceis, mas baseadas em evidências.

b. Priorização de features sem achismo: Toda equipe de produto tem mais ideias do que capacidade de entrega. Em vez de priorizar pelo que parece legal, use métricas como CAC, LTV e churn para focar no que realmente move a agulha do negócio. O roadmap deixa de ser um desejo coletivo e vira plano com justificativa.

c. DevSecOps com foco em riscos reais: Em segurança, nem toda vulnerabilidade tem o mesmo peso. Times mais maduros usam dados de logs, incidentes e fontes de ameaça para priorizar correções com base no que realmente representa risco. Menos achismo, mais proteção inteligente.

d. Melhoria contínua com dados comportamentais: Retrospectiva é legal, mas dados contam a história completa. Pesquisas de clima, NPS interno e dashboards de engajamento mostram se a equipe está evoluindo sprint após sprint. É a diferença entre fazer ajustes no escuro ou com o farol alto.

4. Saber buscar (e mostrar) as informações certas

Nem sempre os dados estão prontinhos num dashboard bonitão. Um líder atento sabe provocar essa construção e buscar as fontes certas. Aqui vão algumas:

  • Dados de produto: Google Analytics, Mixpanel, Hotjar
  • Dados de engenharia: GitHub, Velocity, SonarQube
  • Dados de atendimento: Zendesk, Intercom
  • Dados de pessoas: pesquisas internas, People Analytics
  • Dados financeiros: MRR, churn, CAC, entre outros

E no final das contas… dados não substituem pessoas.

Vamos combinar uma coisa: dados são aliados, não substitutos. Eles não tiram o lugar do bom senso, da escuta ativa e da empatia apenas ajudam a tomar decisões melhores. Em um mundo cada vez mais VUCA, BANI, RUPT ou TUNA (escolha seu acrônimo favorito!), liderar sem dados é como navegar sem mapa. Pode até dar certo uma vez ou outra, mas você não vai querer depender só da sorte num ambiente tão complexo.

Se você está liderando em tecnologia e ainda não tomou o caminho do data-driven, este é um ótimo momento para começar. E fica aqui a provocação final:

Na próxima decisão que você tiver que tomar, vai confiar só no seu feeling… ou vai abrir o seu “cinto de utilidades” e chamar os dados para a conversa?

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Alex Julian
Alex Julian
Possui mais de 20 anos de experiência em transformação tecnológica, atuando como executivo sênior, conselheiro e mentor de startups. Com uma abordagem focada em pessoas, estratégia e cultura, liderou projetos inovadores, desenvolvendo times de alta performance e otimizando custos em mercados globais. Sua expertise combina visão estratégica com execução local, unindo tecnologia, governança e gestão de pessoas. Atualmente, além de sua atuação executiva, contribui no ecossistema de inovação, formando novas lideranças e transformando histórias e vidas, como na Hlera DOBEM.
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