A busca por elevação da produtividade nas indústrias, incluindo os Hospitais 5.0, é histórica. A primeira Revolução Industrial ocorreu há quase 260 anos, em 1.765, com o surgimento das máquinas a vapor. Desde então, avanços em energia e tecnologia marcaram cada era: o modelo fordista no final do século 19, o desenvolvimento dos primeiros robôs industriais nos anos 1960, e mais recentemente, a integração da internet com sistemas de informação complexos.
O intervalo entre essas mudanças vem diminuindo drasticamente: enquanto entre a primeira e a segunda revoluções o hiato foi de aproximadamente 130 anos, a terceira ocorreu apenas 70 anos depois. O conceito de Indústria 4.0 tem apenas 13 anos, mas já se fala da Indústria 5.0, que promete integrar a inteligência humana com máquinas inteligentes.
Essa fusão fará com que robôs colaborativos (cobots) auxiliem, com precisão e velocidade, o trabalho humano. Os resultados incluirão produtos e serviços mais personalizados e processos de fabricação mais flexíveis. Esses benefícios também se estenderão à saúde, com o atendimento centrado no paciente.
Benefícios da Indústria 5.0 nos hospitais
Ao integrar inteligência humana e robótica, utilizando big data e IA (Inteligência Artificial), a Indústria 5.0 possibilita a produção personalizada em massa, onde consumidores podem obter produtos feitos sob medida sem comprometer a eficiência. Nos hospitais, isso se traduz em tratamentos mais personalizados. A análise de grandes volumes de dados permite prever complicações e personalizar planos de tratamento, melhorando os resultados clínicos.
Cobots e IA podem resolver tarefas administrativas e operacionais, como agendamentos e gerenciamento de equipamentos. Uma pesquisa do American College of Physicians de 2020 revelou que médicos gastam, em média, mais de 16 minutos por consulta em tarefas administrativas nos sistemas eletrônicos. A adoção de IA e cobots pode liberar os profissionais para focarem no cuidado direto ao paciente.
Os pacientes, além de um atendimento mais humanizado, também se beneficiarão de resultados mais rápidos e precisos. Sistemas de IA auxiliam na interpretação de exames, enquanto cobots podem realizar cirurgias de alta precisão, reduzindo o risco de erros humanos.
Com mais tempo, os profissionais de saúde podem se dedicar a tarefas que exigem criatividade e inovação, impulsionando o desenvolvimento de novos produtos e soluções. A redução de riscos de acidentes e lesões é outra vantagem, uma vez que os cobots podem realizar atividades perigosas, além de gerar economia com o uso eficiente de recursos.
A Internet das Coisas (IoT), com dispositivos conectados enviando dados em tempo real para os profissionais de saúde, permite o monitoramento remoto dos pacientes, garantindo cuidados contínuos e intervenções oportunas, mesmo fora do ambiente hospitalar. Ferramentas com indicadores de saúde já são amplamente utilizadas, como abordado em um artigo anterior.
Por que ainda não é uma realidade?
A Indústria 5.0 é um conceito recente, surgido no Japão em 2017, e ainda está em seus estágios iniciais de implementação. Para que ela se torne acessível, é necessário que a infraestrutura (como redes 5G e sistemas de IA) evolua.
Algumas instituições de saúde pioneiras já utilizam IA para diagnósticos, robótica em cirurgias e sistemas de IoT para monitoramento de pacientes. No entanto, a transformação plena requer investimentos significativos em tecnologia e treinamento, capacitando funcionários a trabalhar com essas novas ferramentas.
Ainda convivemos com instituições de saúde sem uma estrutura eficiente de acesso e, pior, em silos, com pouca ou nenhuma integração entre sistemas, o que é essencial para a Indústria 5.0, que depende da coleta e análise de grandes volumes de dados. A interoperabilidade, que já poderia ser mais presente no Brasil, permite uma visão completa do histórico de saúde do paciente aos médicos, melhorando a qualidade e eficiência do atendimento. Ao paciente, proporciona mobilidade e novas escolhas, permitindo a transferência de dados entre instituições, economizando tempo e recursos, como exames desnecessários.
Questões regulatórias também são fundamentais. O uso extensivo de dados de pacientes levanta preocupações sobre privacidade e segurança. É preciso estabelecer regras claras para coleta, armazenamento e responsabilidades, garantindo que as empresas adotem boas práticas de segurança, eficiência e ética na colaboração entre humanos e robôs. A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) já estabelece algumas dessas diretrizes no Brasil.
Regulamentações que definam padrões de segurança cibernética são essenciais para proteger infraestruturas industriais contra ataques, garantindo a continuidade operacional e a proteção de informações sensíveis. Leis que determinem a responsabilidade em caso de falhas ou decisões automatizadas prejudiciais são cruciais para criar um quadro ético para a implementação de novas tecnologias, assegurando que as decisões automatizadas sejam transparentes, justas e auditáveis.
Próximos Passos
Com o avanço tecnológico e a adoção crescente da Indústria 5.0, espera-se uma transformação profunda na forma como produtos e serviços são criados e distribuídos. Mais do que uma evolução tecnológica, essa revolução é cultural, alterando nossa percepção e utilização da tecnologia. No setor de saúde, essa mudança permitirá que hospitais se tornem centros de inovação e cuidado personalizado, elevando a eficiência, a acessibilidade e colocando o paciente no centro das atenções, inaugurando uma nova era na medicina.
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