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sexta-feira, maio 16, 2025
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Mulheres em STEM: desafios, conquistas e o futuro do setor no Brasil

A participação das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ainda está muito aquém do potencial que a população feminina pode oferecer no Brasil. Segundo a presidente do STEM Women Congress Brasil, as mulheres representam 60% do universo universitário, mas apenas 25% escolhem carreiras em STEM. Essa disparidade revela um problema estrutural que impacta diretamente o desenvolvimento econômico e a inovação tecnológica do país.

Ela reforça que essa questão vai além da inclusão por diversidade: “Se a mulher não entrar no mercado de trabalho, vão faltar profissionais. A falta de profissionais encarece o custo da tecnologia e dificulta a inovação.” A escassez de talentos qualificados já é sentida por muitas empresas brasileiras, evidenciando que a inclusão das mulheres em STEM é um fator estratégico para a inovação e o crescimento econômico do país.

A presidente também destaca que o envolvimento de todos — governos, empresas, instituições e sociedade civil — é fundamental para criar políticas e ambientes que incentivem a entrada e a permanência das mulheres nessas áreas.

Barreiras enfrentadas pelas mulheres em STEM

Um dos temas centrais do congresso foi identificar e discutir as barreiras que dificultam a entrada e a permanência das mulheres em STEM. A neurocientista do Unicef ressaltou que o problema começa muito cedo: “A exclusão territorial e a desigualdade socioeconômica reforçam ainda mais as dificuldades, pois o acesso à tecnologia e à educação de qualidade não é uniforme.”

Ela explica que, muitas vezes, o desinteresse das meninas por áreas técnicas não é falta de capacidade, mas de estímulo e referências desde a infância e adolescência. O ensino fundamental e médio são fases críticas, quando muitas meninas começam a se afastar de STEM por acreditarem que “não é para elas”.

Além disso, o ambiente educacional e profissional ainda pode ser hostil ou pouco motivador para mulheres, devido a estereótipos de gênero, baixa representatividade feminina em cargos de liderança e persistência da diferença salarial. A estrutura organizacional das empresas, muitas vezes, não oferece políticas claras de inclusão e desenvolvimento para mulheres, o que dificulta a permanência delas no mercado.

Histórias inspiradoras e o poder da educação técnica

Relatos pessoais mostraram o impacto transformador da educação técnica na vida de muitas mulheres. A gerente de sustentabilidade da Schneider Electric contou que, aos 16 anos, com uma formação técnica pelo Centro Paula Souza, começou a ganhar um salário equivalente ao do pai, que trabalhava há 45 anos. O ensino técnico foi um divisor de águas na vida dela.

Esse depoimento reforça a importância de programas que democratizam o acesso a formação técnica, especialmente para meninas e jovens de periferias, ampliando o pipeline de mulheres em STEM.

Outra representante do Unicef enfatizou que, além da formação técnica, é necessário investir em “mentoria, orientação e recursos adequados” para que mulheres, principalmente negras e periféricas, desenvolvam tanto habilidades técnicas quanto socioemocionais.

Essas histórias revelam que a inclusão efetiva depende de múltiplas frentes: desde o acesso à educação básica e técnica até o suporte emocional e profissional que permita a permanência e crescimento das mulheres no setor.

O papel das empresas na inclusão feminina em STEM

No setor privado, a presidente do Conselho Deliberativo do INSPER afirmou que “diversidade não é uma agenda paralela, mas uma estratégia de crescimento”. Para que as mulheres prosperem, as empresas precisam ir além de eventos e treinamentos, agindo com intencionalidade: “Programas como o Microsoft + Brasil já formaram milhões de jovens com foco em inclusão, mas sem intencionalidade, não há mudança real.

Ela destacou a importância de políticas efetivas, como a contratação cega e cotas afirmativas para corrigir desigualdades históricas. Outro desafio importante é a diferença salarial. “Se a mulher entra ganhando menos, o ciclo vicioso se perpetua, e é preciso políticas claras para garantir salários justos e promoções equitativas.

Uma participante do painel ressaltou a importância da representatividade: “Quando uma menina preta periférica se vê sonhando em ser cientista, quando uma mulher neurodivergente é promovida a líder, toda a estrutura muda.” Ela explica que manter esses talentos exige mudanças profundas, tanto culturais quanto estruturais.

Tecnologia, inteligência artificial e gênero

A neurocientista do Unicef alertou que “quem produz a tecnologia e para quem ela se destina influencia diretamente nos vieses e desigualdades que podem ser reforçadas ou combatidas.” A participação feminina na produção tecnológica é imprescindível para evitar que algoritmos e sistemas perpetuem discriminações, garantindo que as inovações atendam a toda a população.

Ela reforçou que, se a inserção das meninas na tecnologia não for acelerada, os desafios atuais podem se intensificar. Incentivar a educação tecnológica desde cedo, especialmente em comunidades vulneráveis, é fundamental para construir um futuro mais justo e equitativo.

Perspectivas para o futuro das mulheres em STEM

A presidente do STEM Women Congress Brasil compartilhou seu compromisso pessoal ao afirmar que “deixei meu marido e meus filhos em Barcelona para estar aqui, porque acredito que é possível ser mãe, líder, profissional, e nunca esquecer de ser mulher.” Essa trajetória ilustra o poder do propósito e da inspiração na transformação da realidade das mulheres em STEM.

Ela concluiu com um chamado à ação: “Cada um pode contribuir, mesmo que com um pequeno passo, para mudar essa realidade. A mudança depende de todos nós.” Esse compromisso reflete a necessidade de mobilização conjunta entre governos, empresas, instituições educacionais e sociedade civil para ampliar a presença das mulheres em STEM.

O caminho para a equidade de gênero em STEM no Brasil é complexo, mas há um movimento sólido e crescente em direção à transformação. A combinação de políticas públicas, iniciativas empresariais, programas educacionais e a força da representatividade são fundamentais para superar barreiras e construir um setor mais diverso, inovador e competitivo.

A inclusão das mulheres em STEM não é apenas uma questão de justiça social, mas um imperativo econômico e estratégico que beneficiará toda a sociedade, promovendo inovação e desenvolvimento sustentável.

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Natália Oliveira
Natália Oliveirahttps://www.itshow.com.br
Jornalista | Analista de SEO | Criadora de Conteúdo
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