Durante a cobertura do SecOps Meetup Agrotech e Indústria, realizado nos dias 11 e 12 de junho em Passo Fundo (RS), o portal Itshow conversou com Cristiano Maynart, CISO da APESC, grupo que reúne o Hospital Santa Cruz, Universidade de Santa Cruz do Sul e outras instituições da região. A entrevista foi conduzida por Márcio Montagnani, diretor de portfólio e novos negócios da Biz Group, colunista e apresentador do Itshow.
O especialista abordou temas críticos como a falta de eventos técnicos fora dos grandes centros, a escassez de profissionais de cibersegurança no interior e a necessidade de investimento na formação de talentos internos como alternativa sustentável para o mercado nacional.
A descentralização da cibersegurança é urgente
Para Cristiano, eventos como o SecOps Meetup são essenciais para reduzir a distância entre grandes centros e regiões periféricas, onde também há grande demanda por qualificação técnica, mas acesso limitado.
“Faltam eventos de segurança fora dos grandes centros. Para quem está no interior, deslocamentos são caros e limitam o acesso à capacitação“, alertou.
Ele explica que participar de encontros como o realizado em Passo Fundo é uma forma de criar conexões, trocar experiências e manter-se atualizado com tendências e soluções que, muitas vezes, não chegam aos profissionais do interior.
“Eventos como o SecOps Meetup atualizam nossa visão sobre o mercado e orientam decisões estratégicas“, complementa.
Exigências desproporcionais e escassez real de talentos
Outro ponto sensível é a falta de mão de obra especializada em segurança digital, um fenômeno que, segundo Maynart, atinge com mais intensidade as empresas do interior. Ele aponta que muitas vagas exigem um acúmulo de funções em um único perfil, algo que se mostra cada vez mais inviável diante da complexidade crescente do setor.
“Muitas vagas em cibersegurança exigem demais de um único profissional, o que mostra a dificuldade das empresas em formar equipes completas“, observa.
A falta de talentos formados diretamente em cibersegurança também é reflexo da juventude do setor. Muitos profissionais ainda vêm de áreas como redes e infraestrutura e precisam ser adaptados às novas exigências.
Capacitar dentro de casa: solução prática e estratégica
Como alternativa, Cristiano defende que as empresas invistam em programas de capacitação interna, criando planos de carreira para profissionais em início de jornada.
“Formar profissionais internamente pode ser mais eficiente. Comece com um talento júnior, treine, retenha e desenvolva ao longo da jornada“, defende.
Segundo ele, essa abordagem permite não apenas desenvolver as competências técnicas desejadas, mas também construir lealdade e alinhamento cultural, o que facilita a retenção.
O desafio do êxodo digital: mercado global entra na disputa
Mesmo com esforços internos, o executivo ressalta que há um desafio crescente no cenário nacional: a concorrência com o mercado global. Profissionais com fluência em idiomas e acesso à internet estão cada vez mais sendo contratados por empresas de fora, impulsionados pela valorização do trabalho remoto.
“A concorrência com o exterior é real. Com fluência em línguas e trabalho remoto, muitos profissionais estão migrando para fora do país“, conclui.
A disputa por talentos é agora global — e quem não investir em formação, retenção e cultura organizacional sólida poderá perder sua força de trabalho mais qualificada para outras geografias.
A força do SecOps Summit e o papel do interior no futuro da TI
Cristiano é um dos apoiadores constantes do SecOps Summit e defende que ações como a realizada em Passo Fundo precisam ser replicadas nacionalmente. Os eventos não só capacitam profissionais, mas também ajudam a manter o interior incluso na transformação digital.
Os eventos do SecOps Meetup promete consolidar ainda mais esse movimento de interiorização e segmentação da cibersegurança, dando voz a regiões que há pouco tempo estavam fora do radar de grandes iniciativas de TI.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que Cristiano Maynart, concedeu ao Itshow durante o SecOps Meetup Agrotech e Indústria!
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