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quinta-feira, agosto 14, 2025
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O fim silencioso do 2G: impactos, oportunidades e como se preparar

Você sabia que muitas redes 2G no Brasil estão sendo progressivamente desligadas, sem grande alarde? Embora pouco noticiado, esse processo já está em andamento e afeta diretamente dispositivos e aplicações que ainda dependem fortemente dessa tecnologia. Trata-se de uma transição inevitável, impulsionada pela necessidade das operadoras de liberar espectro e otimizar recursos para tecnologias mais modernas e eficientes, como o 4G e o 5G.

A manutenção da infraestrutura 2G, além de onerosa, não atende mais às exigências atuais de velocidade, capacidade de tráfego e segurança das aplicações conectadas (Fonte:GSMA Intelligence, 2024).

Esse movimento, no entanto, não é exclusivo do Brasil. Globalmente, diversos países já concluíram ou estão em fase avançada de desligamento da rede 2G. A Austrália, por exemplo, finalizou a desativação em 2018. Os Estados Unidos iniciaram o processo com a AT&T em 2017, seguido pela T-Mobile.

Na Europa, países como Suíça, Noruega e Holanda já desligaram suas redes 2G ou anunciaram cronogramas claros (Fonte: GSMA Report – Mobile Economy 2023). Esses casos demonstram que a transição é uma tendência irreversível no cenário internacional e serve de alerta para empresas que ainda operam com base nessa tecnologia.

A Anatel já sinalizou que a manutenção do 2G é uma decisão comercial das operadoras, mas a tendência regulatória é clara: incentivar o uso eficiente do espectro. Algumas operadoras, como a TIM e a Claro, já iniciaram processos de refarming, especialmente em áreas urbanas (Fonte: Anatel – Consulta Pública nº 65/2023 e notícias setoriais).

Isso significa que, mesmo sem uma data única de desligamento, o 2G deixará de estar disponível de forma gradual e regionalizada. Em outras palavras, a rede pode desaparecer em determinadas regiões antes que qualquer anúncio oficial chegue ao mercado.

Setores mais afetados e os impactos da transição tecnológica

Apesar de tecnicamente obsoleta, a rede 2G ainda está bastante presente em diversos setores da economia. Muitas aplicações críticas continuam operando com essa tecnologia, incluindo rastreadores veiculares e de cargas, terminais POS (as populares maquininhas de cartão), sensores de telemetria industrial, sistemas M2M antigos, alarmes, medidores inteligentes de energia e dispositivos de monitoramento ambiental (Fonte: Teleco – Panorama M2M Brasil 2023). Em geral, são equipamentos legados, desenvolvidos para funcionar com baixo consumo de dados e longos ciclos de vida útil, o que prolongou sua permanência no mercado.

Estima-se que ainda existam mais de 5 milhões de dispositivos M2M operando exclusivamente em 2G no Brasil, especialmente em setores como logística, segurança patrimonial e meios de pagamento (Fonte: Anuário Tele.Síntese de IoT e M2M 2023). Esses números revelam o tamanho da oportunidade e do risco para empresas que ainda não iniciaram o processo de migração tecnológica. A dependência contínua dessa tecnologia representa riscos significativos.

À medida que o desligamento das redes avança, dispositivos que operam exclusivamente em 2G podem simplesmente deixar de funcionar sem aviso prévio. Isso pode acarretar falhas em serviços de segurança, interrupção em rastreamento de frotas, perdas em sistemas de pagamento, problemas logísticos e indisponibilidade de dados críticos. Além disso, muitos dos chips mais antigos não são compatíveis com redes LTE-only, que já são comuns em muitas regiões (Fonte: Qualcomm – Cellular IoT Market Trends 2024).

Embora o investimento em novos dispositivos possa parecer alto em um primeiro momento, o custo de inércia ou seja, os prejuízos operacionais causados por falhas de conectividade tende a ser muito maior. A migração planejada evita urgências, reduz riscos e permite negociações mais estratégicas com fornecedores (Fonte: McKinsey – Unlocking Value in IoT 2022). Empresas que se antecipam à mudança podem também redesenhar seus processos e adotar soluções mais modernas e integradas, melhorando eficiência e controle.

Esse cenário, embora desafiador, também representa uma janela de oportunidade para evolução tecnológica e modernização operacional. A migração para redes como LTE Cat-M1 e NB-IoT oferece ganhos substanciais em confiabilidade, alcance, eficiência energética e controle. Além disso, essas tecnologias abrem espaço para novos modelos de negócio, como o uso de redes dedicadas, SIM cards programáveis, perfis de tarifação flexíveis e sistemas de gestão de conectividade em tempo real, recursos essenciais para escalar operações de IoT e M2M com segurança e previsibilidade (Fonte: GSMA IoT Guide – NB-IoT & LTE-M Deployment, 2023).

Em projetos recentes no setor logístico, empresas que migraram de rastreadores 2G para dispositivos LTE-M reportaram redução de falhas de comunicação em áreas remotas e ganho de autonomia energética, com baterias durando até 3x mais. A melhoria operacional se refletiu diretamente na performance dos serviços e na experiência do cliente final (Fonte: Casos de uso de empresas do setor – 2024).

Como se preparar para o fim do 2G e transformar o desafio em vantagem

Para conduzir essa transição de forma estratégica, é fundamental seguir algumas etapas práticas. O primeiro passo é realizar um inventário detalhado dos dispositivos que ainda utilizam conectividade 2G. Em seguida, deve-se consultar operadoras ou MVNOs para compreender os prazos locais de desligamento e as opções de cobertura futura.

A substituição dos equipamentos deve considerar não apenas a compatibilidade técnica com redes LTE-M ou NB-IoT, mas também fatores como consumo energético, integração com plataformas existentes e suporte ao longo do ciclo de vida. Soluções com retrocompatibilidade e suporte estendido são altamente recomendadas (Fonte: Anatel + GSMA Best Practices 2023).

Empresas especializadas em conectividade M2M e IoT estão preparadas para apoiar o mercado nesse processo. Essas fornecedoras oferecem soluções completas de conectividade para aplicações industriais, logísticas, agrícolas e urbanas, com suporte às redes LTE-M e NB-IoT, perfis multi-banda, integração com plataformas de gestão, dashboards de controle de consumo e APIs de provisionamento em tempo real. Além disso, entregam consultoria técnica e operacional para apoiar a migração com segurança, sem comprometer a continuidade dos serviços.

Alguns desses fornecedores se diferenciam ao oferecer uma jornada completa, desde o provisionamento de SIM cards até o controle centralizado de linhas via API, com suporte técnico especializado e integração com as principais plataformas de rastreamento e telemetria do mercado. Isso garante agilidade, visibilidade e controle total para operações críticas, além de flexibilidade comercial para adaptar a estratégia de conectividade ao modelo de negócio de cada empresa.

O desligamento do 2G é silencioso, mas os impactos podem ser barulhentos para quem não estiver preparado. Transformar esse desafio em uma oportunidade depende de informação, planejamento e parceiros com a capacidade de entregar inovação com confiança. Empresas de IoT que se posicionarem agora sairão na frente.

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Fábio Pinho
Fábio Pinho
Fábio Mendes de Pinho é Engenheiro de Telecomunicações e Doutorando em Ciência e Tecnologia da Informação. Com 15 anos de experiência em consultoria técnica e 10 anos atuando na área comercial, construiu sua carreira em empresas líderes dos setores de TI e Telecom.É especialista na condução de iniciativas de transformação digital e projetos de infraestrutura de redes móveis e fixas.
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