13 C
São Paulo
terça-feira, julho 22, 2025
InícioNewsSetor de Saúde lidera adoção de GenAI, mas falhas em segurança e...

Setor de Saúde lidera adoção de GenAI, mas falhas em segurança e infraestrutura acendem alerta

Quase todas as instituições de saúde no mundo já utilizam alguma aplicação de inteligência artificial generativa (GenAI), mas enfrentam sérias limitações técnicas para garantir a segurança e o bom funcionamento dessas soluções em escala. Segundo a edição 2025 do relatório Enterprise Cloud Index, 99% das organizações do setor já empregam GenAI — em aplicações que vão de chatbots a automações clínicas. Porém, 96% admitem que não contam com infraestrutura adequada de segurança e governança de dados para suportar esse crescimento com confiabilidade.

Esse cenário revela uma contradição: enquanto a inovação avança rapidamente, a base tecnológica necessária para sustentá-la permanece defasada, o que representa riscos crescentes à integridade de dados sensíveis e ao cumprimento de exigências regulatórias.

Integração com sistemas legados e silos de dados travam a escalabilidade

A pesquisa ouviu 1.500 líderes de TI de diversos setores e regiões, incluindo o Brasil. Entre os entrevistados do setor de saúde, os principais gargalos para escalar o uso de GenAI são:

  • Integração com a infraestrutura de TI existente (79%)
  • Presença de silos de dados que dificultam o fluxo de informações (65%)
  • Baixa maturidade na adoção de aplicações cloud native e conteinerização (59%)

Tais entraves dificultam a transição de projetos-piloto para ambientes de produção robustos, ampliando o risco de falhas operacionais ou vazamentos de dados.

Instituições reconhecem necessidade de modernização urgente

Embora os benefícios de GenAI sejam amplamente reconhecidos como aumento de eficiência, automação de tarefas e melhorias na experiência do paciente, os líderes do setor de saúde demonstram consciência sobre as lacunas que precisam ser resolvidas.

A maioria admite que suas organizações poderiam fazer mais para proteger os modelos e aplicações de GenAI já em uso. A segurança de dados aparece como prioridade crítica, especialmente no contexto do uso de modelos de linguagem avançados (LLMs), que lidam diretamente com informações clínicas, diagnósticos e registros sensíveis de pacientes.

“Cada decisão tecnológica no setor de saúde impacta diretamente os resultados dos pacientes. Analisamos cuidadosamente como integrar GenAI de forma responsável, o que exigiu investimentos em infraestrutura que suporte inovação sem comprometer a privacidade”, afirmou Jon Edwards, diretor de engenharia de infraestrutura de TI da Legacy Health.

A pesquisa aponta que melhorar a infraestrutura, garantir a governança de dados e fortalecer os mecanismos de cibersegurança será fundamental para permitir que os ganhos de produtividade não venham acompanhados de riscos éticos ou legais.

Conteinerização avança como caminho para ambientes mais seguros

Apesar dos desafios, o relatório indica um movimento positivo em direção à modernização da TI hospitalar: 99% das instituições ouvidas já estão adotando ou em vias de adotar a conteinerização de aplicações, com o objetivo de melhorar a escalabilidade, a portabilidade e o controle sobre os dados.

Além disso, 92% dos executivos de TI do setor afirmam enxergar benefícios concretos no uso de aplicações nativas da nuvem, especialmente para lidar com cargas de trabalho variáveis e ambientes multicloud.

Essas tecnologias podem ser aliadas importantes na estratégia de sustentação das iniciativas de GenAI, desde que acompanhadas de investimentos estruturais em segurança e interoperabilidade.

GenAI na saúde: avanço irreversível, mas ainda com obstáculos

O uso de GenAI no setor de saúde parece irreversível, impulsionado pela crescente pressão por eficiência, atendimento mais humanizado e automação de processos clínicos. Mas o ritmo acelerado de adoção contrasta com a complexidade da TI legada, dos processos regulatórios e da criticidade das operações envolvidas.

Com base nas respostas do estudo, três pontos de atenção se destacam:

  1. O entusiasmo com GenAI precisa ser equilibrado com prudência técnica. A pressa em adotar ferramentas pode comprometer a proteção de dados e a segurança dos pacientes.
  2. Modernizar a infraestrutura não é mais opcional. Trata-se de uma condição essencial para a sustentabilidade da inovação no setor.
  3. Interoperabilidade e governança precisam caminhar junto com a tecnologia. Sem isso, o potencial transformador da GenAI pode ser comprometido por falhas estruturais básicas.

“Mesmo com altas taxas de adoção, as preocupações com privacidade e segurança persistem. Acreditamos que a adoção se tornará mais ampla à medida que esses desafios forem endereçados”, observou Scott Ragsdale, diretor sênior para o setor de Saúde na Nutanix.

Principais apontamentos do relatório no setor de Saúde

  • 1. 99% das instituições de saúde já utilizam GenAI: A adoção da inteligência artificial generativa é quase universal no setor. As aplicações mais comuns incluem chatbots para atendimento ao paciente, copilotos de programação médica, análise preditiva de dados clínicos e automação de fluxos operacionais. O dado revela um apetite crescente por tecnologias emergentes, mesmo em um setor historicamente conservador.
  • 2. 96% afirmam não ter infraestrutura de segurança e governança suficiente: A maioria esmagadora das instituições reconhece que não está preparada para escalar o uso de GenAI com segurança. Há lacunas em áreas críticas como proteção de dados sensíveis, monitoramento de riscos cibernéticos e compliance com normas regulatórias. Isso representa um ponto de atenção urgente para diretores de TI e CISOs.
  • 3. 79% enfrentam dificuldades de integração com infraestrutura legada: A coexistência entre sistemas antigos e novas plataformas de GenAI se mostra um dos principais entraves técnicos. A fragmentação de ambientes, interfaces desatualizadas e a baixa flexibilidade arquitetônica dificultam a implantação de soluções modernas em escala.
  • 4. 65% apontam a existência de silos de dados como obstáculo: A presença de repositórios de dados isolados ainda é comum em hospitais e clínicas, o que dificulta o fluxo de informações entre departamentos, aplicações e equipes. Esses silos comprometem a eficácia de modelos de GenAI, que dependem de dados integrados e em tempo real para entregar valor.
  • 5. 59% relatam desafios na adoção de aplicações cloud native e conteinerizadas: Apesar de seu potencial em ambientes dinâmicos, aplicações baseadas em nuvem e contêineres ainda enfrentam resistência ou falta de capacitação técnica. Isso limita a escalabilidade, portabilidade e automação, pilares fundamentais para o sucesso de iniciativas GenAI.
  • 6. 99% das instituições estão no processo de conteinerizar aplicações: A transformação está em curso: quase todas as organizações estão migrando para um modelo baseado em contêineres, visando maior flexibilidade e controle sobre cargas de trabalho. Essa evolução prepara o terreno para uma infraestrutura mais resiliente e orientada a microsserviços, favorecendo a GenAI.
  • 7. 92% reconhecem benefícios diretos da adoção de aplicações nativas da nuvem: A percepção de valor já está consolidada entre os líderes de TI. Entre os principais ganhos estão redução de custos operacionais, melhor desempenho, resposta mais rápida a demandas clínicas e suporte a modelos de negócio baseados em dados.

Em um setor onde cada decisão tecnológica pode impactar diretamente vidas humanas, a adoção acelerada da GenAI no ambiente hospitalar exige um equilíbrio rigoroso entre inovação e responsabilidade. O avanço dessa tecnologia já é uma realidade, mas sua consolidação dependerá da capacidade das instituições em modernizar suas infraestruturas, superar a fragmentação de dados e implementar modelos robustos de segurança e governança. A saúde caminha para um novo patamar digital mas, para que essa transformação seja sustentável e segura, será necessário tratar a base tecnológica com o mesmo grau de prioridade que se dá à própria assistência ao paciente.

Siga o Itshow no LinkedIn e assine a nossa News para ficar por dentro de todas as notícias do setor de TI e Cibersegurança!

Cíntia Ferreira
Cíntia Ferreira
Chief Operating Officer no Itshow, portal líder de notícias em Tecnologia e Telecom, com base em São Paulo. Com ampla experiência em gestão operacional e estratégia de alto impacto, ela conduz iniciativas que impulsionam inovação, eficiência e operações escaláveis. Reconhecida por liderar equipes multidisciplinares e integrar soluções de negócios e tecnologia,
Postagens recomendadas
Outras postagens