Em um movimento estratégico para moldar o futuro da Inteligência Artificial (IA) no cenário global, a China propôs a criação de uma organização mundial de governança e cooperação em IA. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Li Qiang durante a abertura da World AI Conference 2025, em Xangai, que reuniu mais de mil líderes de 40 países e organizações internacionais sob o tema “Solidariedade Global na Era da IA”. A proposta busca estabelecer um ecossistema aberto, seguro e inclusivo, garantindo que os avanços da tecnologia beneficiem toda a humanidade.
China intensifica seu papel na governança global da IA
No discurso de abertura, Li Qiang enfatizou a urgência de abordagens colaborativas para enfrentar os riscos crescentes associados à Inteligência Artificial. Segundo ele, a proliferação de deepfakes, as alucinações de modelos generativos e a possibilidade de uso descontrolado da tecnologia exigem respostas coordenadas entre nações.
“Existe uma necessidade urgente de encontrar o equilíbrio entre desenvolvimento e segurança na IA”, declarou Li Qiang. “Somente com solidariedade internacional será possível garantir que a tecnologia sirva ao bem comum.”
O primeiro-ministro também alertou que, diante de uma governança global fragmentada, a ausência de regras claras pode abrir espaço para conflitos regulatórios, riscos éticos e assimetrias de acesso, especialmente prejudicando países em desenvolvimento.
O que propõe a organização mundial de IA
De acordo com o governo chinês, a entidade internacional teria funções estratégicas para garantir que o ecossistema de IA seja cooperativo, inclusivo e seguro. Entre os principais objetivos propostos, destacam-se:
- Criação de normas globais para desenvolvimento e uso ético da IA;
- Promoção de pesquisa e inovação em modelo aberto, incentivando colaboração transnacional;
- Estabelecimento de mecanismos de mitigação de riscos, prevenindo desinformação, vieses e ameaças cibernéticas;
- Garantia de inclusão do Sul Global, para evitar concentração tecnológica em poucas nações;
- Fomento de fóruns multilaterais permanentes, reunindo governos, academia e setor privado.
A ideia reforça a posição de Pequim como líder propositivo em debates internacionais sobre novas tecnologias, especialmente em meio à corrida global por regulação da IA.
Estratégia diplomática e contexto geopolítico
O anúncio de Li Qiang deve ser visto à luz da disputa tecnológica entre China e Estados Unidos, que domina áreas como modelos de linguagem, semicondutores e computação em nuvem de alta performance. Enquanto Washington aposta em legislações nacionais, parcerias privadas e acordos entre aliados estratégicos, Pequim propõe um mecanismo multilateral que dialoga com países emergentes e defende um desenvolvimento mais equitativo da tecnologia.
Para analistas do setor, a iniciativa busca legitimar a liderança chinesa em um momento em que blocos como o G7 e a União Europeia já discutem marcos regulatórios próprios, como a Lei Europeia de Inteligência Artificial (AI Act). A criação de uma organização mundial poderia padronizar normas internacionais e oferecer um contraponto aos modelos de governança ocidentais.
Conferência marca novo capítulo na agenda global de IA
A World AI Conference, realizada anualmente em Xangai, se consolidou como um palco estratégico para a diplomacia tecnológica chinesa. Em 2025, o evento contou com executivos de big techs, pesquisadores renomados e autoridades de 40 países. Ao final do encontro, foi aprovado o Plano de Ação Global para a Governança da IA, documento que convoca governos, empresas e instituições a trabalhar em solidariedade para promover inovação responsável e segurança digital.
Esse plano reforça iniciativas anteriores da China, como:
- Iniciativa Global de Governança da IA (2023);
- Plano de Ação de Capacitação em IA para o Bem (2024), voltado a garantir que países do Sul Global também colham os benefícios da tecnologia.
Impactos para líderes de TI e o setor corporativo
Para CIOs, CTOs e executivos de inovação, o movimento chinês pode gerar novos cenários regulatórios e oportunidades de cooperação internacional. Empresas que atuam em múltiplos mercados precisarão acompanhar a evolução dessas diretrizes globais, ajustando estratégias de compliance, segurança e desenvolvimento ético de IA.
Especialistas destacam que a criação de um organismo multilateral poderia antecipar padrões internacionais semelhantes ao que aconteceu com a ISO em qualidade e segurança. Para setores estratégicos como telecomunicações, finanças e saúde, essa padronização pode se tornar determinante na competitividade global.
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