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Futurecom Connect: estratégias para transformar ISPs em protagonistas da próxima geração de redes

O setor de provedores de internet (ISPs) vive um momento decisivo. A rápida evolução tecnológica, a demanda crescente por conectividade de alta qualidade e o surgimento de novas aplicações como inteligência artificial, internet das coisas (IoT) e smart cities — estão redesenhando o papel desses operadores no ecossistema digital.

A transformação no mercado de ISPs não é recente, mas vem ganhando intensidade. Leonardo Furtado destacou que, ao longo dos últimos 15 anos, houve uma profissionalização expressiva das engenharias dessas empresas: “Essas empresas, da maneira como operavam há 15 anos para os dias atuais, passaram por uma mudança absurda em termos de profissionalização das suas engenharias.”

Apesar desse avanço, o especialista alerta que ainda existem desafios técnicos básicos, como topologias de rede mal estruturadas, que prejudicam protocolos e serviços, especialmente em arquiteturas Metro e IP. Isso afeta diretamente a capacidade de adoção de tecnologias mais modernas, como o edge computing e o segment routing v6.

Edge computing e descentralização: o novo paradigma

O edge computing é hoje uma das forças motrizes para redes modernas. Ele desloca o processamento para mais perto do usuário, reduzindo latência e melhorando a experiência em aplicações críticas, como jogos em nuvem, telemedicina e IA generativa.

Leonardo ressalta que essa transição exige uma ruptura: “A descentralização das topologias é uma ruptura necessária para viabilizar o Edge Computing, que é o componente mais estratégico da rede moderna.”

Para aplicar esse conceito, é necessário repensar tanto a topologia física quanto a lógica das redes, adotando estratégias usadas por cloud providers, mas adaptadas à escala de um ISP regional.

Escalabilidade como requisito de sobrevivência

No universo dos ISPs, escalabilidade não é um luxo: é sobrevivência. Ivan Ianelli explica: que ela precisa ser prevista desde o início do planejamento “Você pode projetar uma rede para atender um número específico de assinantes, mas quando o ecossistema muda, é preciso reconfigurar o backbone para suportar essa transformação.”

Escalar significa crescer sem grandes alterações na arquitetura original, o que demanda uma visão clara de capacidade de hardware, processamento de software e limites de infraestrutura.

Sérgio Cardoso complementa, destacando que o sucesso de um ISP é percebido quando ele “se torna invisível” para o cliente, ou seja, quando o serviço é tão estável e rápido que não gera reclamações.

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Inteligência Artificial e automação: da teoria à prática

A inteligência artificial está rapidamente se tornando indispensável para a gestão de redes. Em empresas de grande porte, já se utiliza o conceito de AIOps para prever tráfego, detectar anomalias e aplicar auto-remediação.

Leonardo explica: “O AIOps ajuda na previsão de tráfego de rede, algo vital para empresas com data centers massivos, onde a escalabilidade precisa ser precisa para evitar custos altos.”

Mesmo que a realidade dos ISPs brasileiros seja diferente, tecnologias como co-pilotos para engenharia de rede, classificação de tráfego inteligente e previsão de qualidade de experiência (QoE) já são aplicáveis, especialmente para melhorar a competitividade e reduzir custos operacionais.

SDN e NFV: redes mais flexíveis e preparadas para novos serviços

Redes definidas por software (SDN) e virtualização de funções de rede (NFV) oferecem a possibilidade de reconfigurar e adaptar a rede em tempo real, algo fundamental em um cenário de constante mudança de demanda.

Sérgio lembra que essas tecnologias ainda enfrentam barreiras de custo e capacitação no Brasil, mas considera inevitável sua adoção: “O SDN e o NFV são tecnologias que permitem adaptar a rede de maneira mais rápida e econômica, oferecendo flexibilidade e escalabilidade para atender à crescente demanda por novos serviços.

IPv6: mais que uma atualização técnica

O IPv6 é peça-chave para a escalabilidade, segurança e viabilidade de serviços futuros. Leonardo alerta que o maior erro foi não ter implementado o protocolo antes: “Os problemas enfrentados pelos ISPs hoje não são sobre colocar o IPv6 para rodar, mas sobre não tê-lo implementado antes.”

O IPv6 elimina a dependência do NAT, reduz custos, melhora a compatibilidade com aplicações modernas e abre caminho para a expansão de IoT e smart cities.

Cibersegurança como diferencial de mercado

A segurança digital é um campo onde os ISPs podem gerar valor imediato para seus clientes, oferecendo serviços de proteção contra malware, phishing e ataques de rede.

Sérgio explica que, além de proteger a infraestrutura, os provedores podem incluir soluções de baixo custo para o usuário final, transformando a segurança em um serviço agregado.

Leonardo recomenda que ISPs adotem frameworks sólidos como Zero Trust e NIST CSF, além de práticas como RPKI, IRR e ASPA, para proteger o plano de controle da rede.

Caminho para o futuro: automação declarativa e integração de equipes

Para Leonardo, o futuro das redes será moldado por automação declarativa, telemetria em tempo real e integração entre times de redes, operações e desenvolvimento: “A automação declarativa é um desafio muito mais humano do que orçamentário. APIs abertas e muito software, esse é o caminho para a transformação digital nas redes.”

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Natália Oliveira
Natália Oliveirahttps://www.itshow.com.br
Jornalista | Analista de SEO | Criadora de Conteúdo
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