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quarta-feira, setembro 10, 2025
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Ataque GPUHammer expõe vulnerabilidade em GPUs e derruba precisão de IA em nuvem

Uma pesquisa conduzida por especialistas da Universidade de Toronto revelou uma falha alarmante na arquitetura de placas de vídeo modernas. O chamado ataque GPUHammer mostrou ser capaz de reduzir a precisão de IA de 80% para apenas 0,01%, representando um risco significativo para ambientes corporativos e serviços em nuvem que dependem de aprendizado de máquina em larga escala.

O que está por trás da ameaça

O experimento realizado pela equipe canadense comprovou que GPUs de alto desempenho, como a Nvidia RTX A6000, podem ser exploradas a partir de uma adaptação da técnica Rowhammer. Essa abordagem força acessos repetitivos em áreas específicas da memória, provocando interferências elétricas que resultam em mudanças indesejadas de bits. No contexto da memória GDDR6, comum em placas gráficas voltadas para inteligência artificial, mesmo uma única alteração comprometeu drasticamente os resultados de modelos de aprendizado profundo.

O professor Gururaj Saileshwar, líder da pesquisa, destacou que esse tipo de exploração foge do campo tradicional da segurança cibernética, geralmente voltado para camadas de software. Aqui, o problema reside em falhas físicas, um cenário mais complexo e difícil de monitorar.

Impactos diretos para empresas

Organizações que utilizam modelos de machine learning em aplicações críticas — como detecção de fraudes, diagnósticos médicos e análise preditiva — ficam expostas ao risco de resultados corrompidos. A queda da precisão de IA para níveis praticamente nulos inviabiliza a tomada de decisão automatizada, o que pode acarretar prejuízos financeiros, operacionais e até riscos à segurança de pessoas.

Os ambientes de serviços em nuvem são considerados os mais suscetíveis, já que compartilham GPUs entre diferentes clientes. Nesse modelo, uma única aplicação maliciosa pode afetar sistemas de terceiros, ampliando a superfície de ataque e dificultando a contenção imediata.

Como o ataque foi estruturado

Diferentemente de CPUs, as GPUs apresentam características únicas: latência de memória mais lenta, taxas de atualização rápidas e paralelismo elevado. Esses fatores, em teoria, dificultariam a execução de um Rowhammer convencional. Contudo, os pesquisadores exploraram justamente o poder de processamento paralelo da GPU para otimizar o padrão de acessos, gerando inversões de bits de maneira eficiente.

O resultado foi uma demonstração prática de que a barreira arquitetônica não era suficiente. A alteração de um único bit foi o bastante para comprometer modelos inteiros, provando que o ataque GPUHammer pode ser executado com relativa viabilidade em condições reais.

Resposta da Nvidia e medidas de mitigação

Após receber os resultados do estudo, a Nvidia emitiu um alerta de segurança cibernética e recomendou a habilitação do recurso de ECC (Error Correction Code) em placas compatíveis. Essa tecnologia é capaz de detectar e corrigir alterações de um único bit, evitando que a corrupção de dados comprometa os cálculos internos.

No entanto, o uso do ECC traz um efeito colateral relevante: a performance das tarefas de aprendizado de máquina pode cair em até 10%. Para provedores de serviços em nuvem, essa redução representa custos adicionais, já que clusters inteiros precisariam de mais tempo ou recursos extras para entregar o mesmo volume de processamento.

Quem corre mais risco

De acordo com o estudo, usuários individuais que operam GPUs dedicadas em computadores pessoais têm menor chance de exposição, embora não estejam completamente imunes. O cenário crítico é observado em data centers que compartilham hardware entre diversos clientes. Nesses ambientes, a possibilidade de uma exploração cruzada é maior e pode afetar sistemas de empresas que sequer têm relação entre si.

Por isso, especialistas defendem que medidas de segregação de workloads, monitoramento contínuo e validação de integridade de memória sejam incorporadas às rotinas de governança.

Próximos passos para o setor

O episódio reforça a necessidade de ampliar a visão da segurança cibernética, incluindo também vulnerabilidades de hardware. Testes de confiabilidade de memória, auditorias regulares e mecanismos de atestação podem ser estratégias complementares para reduzir riscos.

Além disso, a indústria já trabalha em alternativas como controladoras de memória mais resilientes e técnicas de randomização de acessos, dificultando padrões previsíveis. Até que essas soluções amadureçam, a ativação do ECC, combinada com políticas de isolamento, aparece como medida imediata mais eficaz.

O ataque GPUHammer revela uma dimensão pouco explorada dos riscos em ambientes de computação de alto desempenho. Ao atingir diretamente a memória GDDR6, a técnica mostra que a confiabilidade de modelos de inteligência artificial pode ser comprometida sem deixar rastros evidentes. Para empresas e provedores de serviços em nuvem, o episódio serve como alerta para reforçar práticas de mitigação e reavaliar estratégias de segurança.

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Natália Oliveira
Natália Oliveirahttps://www.itshow.com.br
Jornalista | Analista de SEO | Criadora de Conteúdo
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