Enquanto a inteligência artificial (IA) conquista espaço crescente no mundo corporativo, a adoção da tecnologia pelas empresas brasileiras ainda patina, com menos da metade das organizações do país utilizando soluções baseadas em IA. O Brasil ocupa apenas a 11ª posição no ranking global de adoção de IA generativa, atrás de potências como China, Reino Unido e Estados Unidos. Esse atraso está atrelado a desafios estruturais, culturais e de capacitação que limitam a transformação das intenções em resultados concretos no mercado nacional.
A realidade da Adoção de IA nas empresas brasileiras
Segundo levantamento realizado pela SAS em parceria com a Coleman Parkes, apenas 46% das empresas brasileiras adotam IA generativa — um percentual inferior à média global de 54%. Enquanto isso, países como China (80%), Reino Unido (70%) e EUA (65%) já avançaram consideravelmente nessa tecnologia. No Brasil, a disseminação da IA é mais forte em grandes empresas, com 38% de adoção, seguida por médias (29%) e pequenas (10%), de acordo com o estudo TIC Empresas, divulgado recentemente pelo CGI.br. Esse cenário ainda deixa o país alinhado com a média da União Europeia, mas longe da liderança global.
Apesar do alto interesse — 98% das empresas afirmam estar desenvolvendo ou implementando estratégias de IA —, apenas 25% se sentem realmente preparadas para integrar essa tecnologia em suas operações diárias. Grande parte das organizações ainda está presa a fases iniciais de planejamento ou testes piloto, sem conseguir escalar suas iniciativas.
Desafios que travam a transformação digital com IA
Um dos maiores obstáculos para o avanço da IA nas empresas brasileiras é a distância entre a intenção e a execução. Muitos projetos ficam estagnados devido a dificuldades em estruturar dados, insuficiência de infraestrutura tecnológica adequada e a escassez de profissionais qualificados para conduzir as soluções. Além disso, a ausência de casos de sucesso locais limita o estímulo para a adoção em larga escala, criando um ciclo vicioso de baixa maturidade.
Outro ponto crítico está no descompasso entre o investimento e os resultados obtidos. Pesquisa da Cisco revela que metade das empresas dedicou entre 10% e 30% do orçamento de TI para IA no último ano, mas 26% dos líderes afirmam que os resultados ficaram abaixo das expectativas. Essa frustração gera cautela, desacelerando a velocidade de implementação e reduzindo a confiança no potencial transformador da IA.
Além dos desafios técnicos, questões ligadas à remodelação da força de trabalho também impactam a adoção. As mudanças nos cargos e funções, assim como o processo de aprendizagem para lidar com novas ferramentas, requerem tempo e investimento em capacitação. A insegurança jurídica e as dúvidas sobre ética no uso da IA também contribuem para a hesitação empresarial.
Oportunidades e perspectivas para o futuro
Apesar das dificuldades, o horizonte mostra sinais promissores. Em 2023, 67% das grandes empresas latino-americanas aceleraram a adoção de IA, superando a média global de 59%, segundo dados recentes do setor. Esse movimento aponta para uma trajetória de crescimento que pode impulsionar o Brasil a um protagonismo maior, desde que haja investimento consistente em capacitação, infraestrutura e cultura digital.
Para que o país consiga acompanhar essa evolução, é essencial transformar as intenções declaradas em execução efetiva, além de estruturar melhor as bases tecnológicas e promover a qualificação de profissionais. Sem essa preparação, o Brasil corre o risco de continuar relegado a posições intermediárias, perdendo competitividade em um cenário onde a IA será cada vez mais central para a inovação e eficiência dos negócios.
Para o Brasil avançar de fato na adoção da inteligência artificial, será indispensável superar os gargalos atuais com ações concretas que envolvam desde o investimento em infraestrutura e dados até a capacitação contínua dos profissionais. Além disso, é necessário fomentar uma cultura organizacional que compreenda o valor estratégico da IA e esteja preparada para navegar os desafios éticos e legais dessa transformação. Só assim o país poderá transformar seu potencial em resultados reais, posicionando-se como protagonista no cenário global de inovação tecnológica.
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