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Brasil e China desenvolvem satélite geoestacionário e colocam país no top 10 global da tecnologia espacial

O Brasil acaba de dar um passo estratégico em sua trajetória no setor aeroespacial. Em parceria com a China, o país confirmou o desenvolvimento do satélite CBERS‑5, que terá capacidade de operar em órbita geoestacionária, algo inédito dentro da série de satélites sino-brasileiros. O projeto posiciona o Brasil entre os dez únicos países do mundo com competência técnica e institucional para desenvolver esse tipo de tecnologia. O anúncio foi feito durante a Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, e marca uma nova fase para o programa espacial nacional.

O que muda com o CBERS‑5

Ao contrário dos satélites anteriores da linha CBERS, que operam em órbita baixa e são usados principalmente para observação da superfície terrestre, o CBERS‑5 será o primeiro voltado à monitoramento ambiental e meteorológico em órbita geoestacionária, ou seja, em posição fixa em relação à Terra. Isso permite observação contínua de uma mesma região, o que é essencial para análise de clima, previsão do tempo, monitoramento de eventos extremos e vigilância de áreas críticas como florestas, áreas urbanas e zonas costeiras.

Com essa capacidade, o Brasil amplia sua autonomia no uso de dados espaciais, reduzindo a dependência de informações fornecidas por agências estrangeiras. Trata-se de um salto técnico com impacto direto em diversos setores produtivos e estratégicos.

Aplicações práticas e impacto direto em setores-chave

O CBERS‑5 trará ganhos imediatos para áreas como agronegócio, geração de energia limpa, infraestrutura, defesa civil, meio ambiente e urbanismo. O agronegócio poderá se beneficiar com previsões mais precisas de chuvas, secas e temperaturas, fundamentais para o planejamento da produção e redução de perdas. No setor energético, a previsão de radiação solar e ventos será aprimorada, apoiando usinas solares e eólicas a operarem com maior eficiência.

Além disso, com dados mais confiáveis sobre queimadas, desmatamento e mudanças no uso do solo, o Brasil poderá reforçar suas estratégias de controle ambiental e de emissão de gases de efeito estufa, especialmente em momentos de maior pressão internacional por compromissos climáticos. Cidades também se beneficiarão com monitoramento de ilhas de calor, qualidade do ar e planejamento de drenagem urbana.

Cooperação além da tecnologia: soberania e integração regional

O projeto CBERS‑5 não se limita à produção do satélite em si. A parceria com a China inclui transferência de tecnologia, intercâmbio técnico e abertura dos dados coletados para outros países da América Latina e do Caribe. Isso amplia o escopo de atuação do Brasil no cenário regional e reforça seu papel como um hub latino-americano de inovação e ciência aplicada.

Trata-se de um modelo de cooperação que combina acesso à tecnologia de ponta com impacto geopolítico positivo, alinhando o programa espacial brasileiro com metas de soberania digital, desenvolvimento sustentável e diplomacia científica.

Por que a órbita geoestacionária importa

Satélites geoestacionários operam a cerca de 36 mil quilômetros da superfície da Terra e permanecem sincronizados com a rotação do planeta, observando continuamente a mesma área. Isso os torna ideais para o monitoramento de fenômenos que mudam rapidamente, como sistemas de tempestade, formação de ciclones e eventos atmosféricos em tempo real.

Atualmente, países que operam satélites geoestacionários com capacidade meteorológica incluem Estados Unidos, Rússia, China, Japão, Índia e alguns membros da União Europeia. A entrada do Brasil nesse grupo representa um reconhecimento da sua maturidade tecnológica e institucional, além de abrir portas para futuras missões com maior grau de complexidade.

Tecnologia nacional, dados estratégicos

Além da parceria técnica com a China, o Brasil será responsável por parte do desenvolvimento, operação e utilização dos dados gerados. O controle de informações ambientais e climáticas em tempo real fortalece as capacidades internas de planejamento, resposta a desastres e elaboração de políticas públicas baseadas em evidências.

Com acesso irrestrito às informações do CBERS‑5, o país poderá também fomentar novos mercados de soluções baseadas em geointeligência, como startups e empresas de análise de dados espaciais. A expectativa é que a tecnologia impacte diretamente a inovação em smart cities, agro digital e gestão territorial automatizada.

Um marco para a política espacial brasileira

O desenvolvimento do CBERS‑5 chega em um momento em que o Brasil busca retomar investimentos estratégicos em ciência, tecnologia e inovação. O programa espacial brasileiro, historicamente marcado por avanços pontuais e desafios de continuidade, reencontra com esse projeto uma oportunidade de consolidação e expansão de sua presença internacional.

Combinando objetivos técnicos com impacto social e ambiental, o CBERS‑5 se insere em uma agenda mais ampla de transformação digital com soberania. Ao unir capacidades com a China, o país demonstra que a cooperação tecnológica pode ser instrumento de posicionamento global e desenvolvimento sustentável.

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Natália Oliveira
Natália Oliveirahttps://www.itshow.com.br
Jornalista | Analista de SEO | Criadora de Conteúdo
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