Os impactos da inteligência artificial no trabalho foram o principal tema da reunião técnica do Grupo de Trabalho sobre Emprego do BRICS, realizada em Brasília entre os dias 22 e 24 de abril. Com a presença de representantes de 11 países, o encontro aprofundou as discussões sobre transformação digital, proteção social e qualificação profissional no contexto das mudanças tecnológicas globais.
O evento foi marcado pela presença de autoridades como o ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, Luiz Marinho, além de especialistas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Durante a cerimônia de abertura, Marinho ressaltou a necessidade de promover uma transição justa para um novo modelo econômico, mais sustentável e inclusivo.
Governança colaborativa e desenvolvimento social
O encontro técnico simboliza um esforço coordenado entre os países do bloco BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Indonésia — para o fortalecimento da cooperação multilateral. Sob a presidência brasileira em 2025, o lema orientador das atividades é: Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança Mais Inclusiva e Sustentável.
A mudança no perfil das profissões, impulsionada pela digitalização e pela automação, traz desafios significativos aos sistemas de proteção social, especialmente nos países em desenvolvimento. Nesse cenário, os participantes destacaram a urgência de políticas públicas voltadas à geração de empregos de qualidade, requalificação profissional e inclusão dos grupos mais vulneráveis.
Sustentabilidade e trabalho digno em foco
Um dos principais destaques foi a ênfase na necessidade de integrar os impactos da inteligência artificial no trabalho às estratégias de desenvolvimento sustentável. Para Luiz Marinho, essa transformação não deve ser tratada apenas sob uma perspectiva econômica, mas também como uma necessidade social.
“A transição para uma economia verde exige não apenas inovação tecnológica, mas também um forte compromisso com o bem-estar da população trabalhadora”, afirmou o ministro.
Segundo ele, a justiça social precisa estar no centro desse processo, o que inclui assegurar direitos trabalhistas, acesso à educação continuada e igualdade de oportunidades em todos os setores produtivos.
Avanço conjunto na formulação de políticas públicas
Durante o evento, foi anunciado o progresso na construção de um capítulo específico sobre tecnologias emergentes no mundo do trabalho, dentro da agenda de cooperação do BRICS. Essa iniciativa reforça o papel do grupo como agente ativo na formulação de propostas que conciliem crescimento econômico e proteção social.
A fala de Moustapha Kamal Gueye, coordenador do Programa de Empregos Verdes da OIT, destacou a importância de medidas que promovam uma transição justa. Para ele, as políticas públicas devem minimizar os efeitos negativos da automação e ampliar as oportunidades econômicas.
“Precisamos de estratégias que combinem inovação tecnológica com inclusão social, sempre respeitando os direitos fundamentais no ambiente laboral”, disse Gueye.
Inserção internacional e COP30
Um dos anúncios mais relevantes do encontro foi a decisão de levar os debates promovidos pelo Grupo de Trabalho à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém (PA). Essa inserção no cenário internacional amplia o alcance das propostas discutidas e posiciona o BRICS como um dos protagonistas nos fóruns globais sobre clima, trabalho e tecnologia.
A proposta é apresentar soluções integradas que articulem tecnologia, meio ambiente e trabalho digno, ressaltando a contribuição dos países do Sul Global para a construção de uma governança mais justa e equilibrada.
Cooperação internacional e fortalecimento institucional
O apoio técnico da OIT e da Associação Internacional da Seguridade Social foi amplamente reconhecido durante a reunião. Essas instituições oferecem bases sólidas para a formulação de políticas que levem em conta as diferentes realidades dos países-membros, sem perder de vista os objetivos comuns.
Luiz Marinho encerrou sua participação agradecendo a contribuição dessas entidades, além de reforçar o papel da solidariedade internacional na construção de soluções duradouras para os desafios do mercado de trabalho contemporâneo.
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