16.4 C
São Paulo
quarta-feira, maio 14, 2025
InícioCibersegurançaCiberataques ao Setor de Educação Disparam: Como Responder a Essa Ameaça?

Ciberataques ao Setor de Educação Disparam: Como Responder a Essa Ameaça?

Nos últimos anos, o setor educacional tem se tornado um dos alvos mais visados por ciberataques, com instituições acadêmicas de todo o mundo sendo constantemente atacadas por cibercriminosos e até mesmo por agentes patrocinados por Estados-nação. De acordo com a Microsoft, no segundo trimestre de 2024, o setor educacional foi o terceiro mais visado por ciberataques. Esse aumento de ataques não é exclusivo de países estrangeiros; no Brasil, por exemplo, o setor enfrentou uma média de 1.540 ataques semanais nos últimos seis meses, segundo o Threat Intelligence Report da Check Point Software. Isso coloca a educação na oitava posição entre os setores mais atacados no país.

Por que o Setor de Educação é Alvo de Ciberataques?

Vários fatores tornam o setor educacional um alvo popular para cibercriminosos e agentes patrocinados por Estados. As instituições de ensino, desde escolas de ensino fundamental até universidades, apresentam características que as tornam vulneráveis aos ataques.

O orçamento restrito das instituições de ensino é um dos fatores que mais contribui para a alta taxa de ataques no setor. Ao contrário das grandes empresas privadas, que frequentemente possuem orçamentos robustos para contratar especialistas em cibersegurança e investir em tecnologias avançadas de proteção, muitas escolas, faculdades e universidades não têm recursos para realizar essas investigações ou proteger adequadamente suas infraestruturas digitais. Isso gera uma disparidade significativa em relação à proteção oferecida por essas instituições quando comparadas ao mercado privado.

Essas limitações orçamentárias podem ser observadas na falta de investimentos em software de segurança, atualizações de sistemas e treinamento de pessoal em questões de segurança digital. Além disso, a escassez de especialistas em cibersegurança nas equipes de TI das universidades e escolas agrava ainda mais esse cenário. Isso pode resultar em lacunas na defesa, facilitando a exploração de vulnerabilidades por cibercriminosos.

Outra característica do ambiente educacional que contribui para a vulnerabilidade é o uso de dispositivos pessoais. O modelo BYOD (Bring Your Own Device) é comum em muitas escolas e universidades, onde alunos e professores são incentivados ou até exigidos a usar seus próprios dispositivos, como laptops e smartphones, para acessar as redes e sistemas educacionais. Embora esse modelo facilite a flexibilidade e a aprendizagem, ele também abre portas para riscos de segurança.

Se esses dispositivos pessoais não tiverem proteções adequadas, como antivírus ou criptografia, podem se tornar um vetor de ataque para os cibercriminosos. O modelo BYOD muitas vezes permite que dispositivos de uso pessoal se conectem diretamente à rede interna da instituição, o que pode oferecer uma brecha significativa para hackers, especialmente se os dispositivos não forem verificados antes de acessar as redes.

Uma das maiores vulnerabilidades no setor educacional é o comportamento humano. As escolas e universidades têm uma grande quantidade de usuários – estudantes, professores, administradores e funcionários – que, frequentemente, não possuem um treinamento adequado em segurança digital. De acordo com pesquisas da Microsoft, os ataques de phishing são uma das ameaças mais comuns enfrentadas pelo setor educacional, e muitos ataques bem-sucedidos são facilitados pela falta de consciência cibernética dos usuários.

No Reino Unido, por exemplo, um estudo apontou que 71% das escolas secundárias e quase todas as universidades (97%) relataram ter identificado um vazamento de dados ou um ataque de segurança no último ano. Contudo, apenas uma pequena fração das instituições exige que seus alunos passem por treinamentos obrigatórios de segurança cibernética. Isso torna os usuários suscetíveis a e-mails fraudulentos, links maliciosos e outras formas de engenharia social, comprometendo a integridade de sistemas sensíveis.

As instituições de ensino lidam com uma grande variedade de dispositivos, desde computadores de servidores em nuvem até dispositivos móveis pessoais, redes domésticas, e até mesmo hardware legados. Essas tecnologias e sistemas frequentemente desatualizados ampliam a superfície de ataque, tornando as redes vulneráveis a múltiplos vetores de ataque.

Com o advento da aprendizagem virtual e o aumento do trabalho remoto, a superfície de ataque se expandiu consideravelmente. O uso de plataformas de videoconferências, armazenamento em nuvem, sistemas de gerenciamento de aprendizagem (LMS) e redes Wi-Fi acessíveis a estudantes e funcionários criam muitos pontos de entrada para os cibercriminosos. Instituições que operam com software desatualizado, ou que ainda utilizam infraestruturas legadas, correm o risco de não estarem protegendo adequadamente suas redes contra as ameaças mais modernas.

Instituições educacionais lidam com grandes volumes de informações pessoais sensíveis (PII), como dados financeiros e de saúde de alunos e funcionários. Esses dados são alvos valiosos para fraudadores e operadores de ransomware. Além disso, as universidades realizam pesquisa acadêmica de alto valor, que atrai a atenção de ciberespiões patrocinados por Estados-nação, como os que operam na China, Irã, Rússia e Coreia do Norte.

O valor financeiro desses dados e a possibilidade de roubo de propriedade intelectual tornam as instituições educacionais alvos ideais para ataques. As universidades, em particular, são vulneráveis, pois frequentemente têm grandes volumes de dados valiosos, mas não têm recursos suficientes para protegê-los de forma eficaz.

Ameaça é Real

A ameaça de ciberataques ao setor educacional é real e crescente. O K12 Security Information Exchange (SIX) relatou mais de 1.300 incidentes cibernéticos que afetaram distritos escolares nos EUA desde 2016. Além disso, entre 2023 e 2024, a ENISA, agência de segurança da União Europeia, documentou mais de 300 incidentes impactando o setor educacional, com uma grande parte desses ataques envolvendo ransomware. O aumento do uso de QR codes maliciosos também se tornou uma nova tática popular entre os atacantes.

Esses incidentes, especialmente aqueles envolvendo ransomware, causam interrupções significativas nas operações acadêmicas, resultando em tempo de inatividade, perdas financeiras e danos à reputação das instituições. Além disso, a natureza crescente e diversificada das ameaças, incluindo o uso de engenharia social e a exploração de vulnerabilidades não corrigidas, exige respostas ágeis e adaptáveis.

Como as Instituições de Ensino Podem Mitigar os Riscos Cibernéticos?

Para reduzir o risco de ciberataques e proteger seus dados sensíveis, as instituições de ensino precisam adotar uma abordagem robusta em cibersegurança, focada em três pilares essenciais: pessoas, processos e tecnologia.

A autenticação multifatorial (MFA) é uma das maneiras mais eficazes de reforçar a segurança no acesso aos sistemas institucionais. Isso deve ser complementado com a exigência de senhas fortes e únicas para proteger as contas de funcionários, alunos e outros membros da comunidade acadêmica.

A ciber-higiene é crucial para evitar que vulnerabilidades simples sejam exploradas por atacantes. Aplicar patches de segurança de forma rápida e realizar backups regulares são medidas essenciais. A adoção de criptografia para dados sensíveis e a segregação de redes também podem ajudar a mitigar os riscos.

Por fim, cada instituição de ensino deve desenvolver e testar regularmente um plano de resposta a incidentes. Esse plano deve incluir procedimentos claros para a detecção de ataques, resposta imediata e a recuperação de sistemas e dados afetados.

Siga o Itshow no LinkedIn e assine a nossa News para ficar por dentro de todas as notícias do setor de TI e Telecom!

Natália Oliveira
Natália Oliveirahttps://www.itshow.com.br
Jornalista | Analista de SEO | Criadora de Conteúdo
Postagens recomendadas
Outras postagens