Em segurança da informação, o termo “insider” refere-se a indivíduos que têm acesso legítimo aos sistemas e dados de uma organização e que, por motivos variados, podem causar danos intencionais ou não intencionais.
Esses insiders podem ser funcionários atuais, ex-funcionários, desenvolvedores, pessoas com conhecimento estratégico, contratados, parceiros de negócios, ou qualquer pessoa que possua privilégios de acesso.
Uma ameaça interna é quando alguém pode usar seu acesso autorizado para prejudicar a organização através do comprometimento de recursos, pessoas, instalações, informações e dados, equipamentos, redes ou sistemas da organização.
As ameaças internas são particularmente perigosas porque esses insiders já têm um certo nível de confiança e acesso, o que o diferencia dos criminosos externos que precisam trabalhar “arduamente” para obter acesso não autorizado.
Deste modo, implementar medidas de segurança que visem proteger a organização de ameaças internas deve ser considerado dentro da lista de prioridades. Isso inclui a implementação de políticas de segurança de dados, restrições de acesso baseadas em função, monitoramento de atividades suspeitas, educação e conscientização dos funcionários.
Além disso, é importante estabelecer um programa de denúncias anônimas para incentivar os funcionários a relatar qualquer comportamento suspeito. Ao adotar uma abordagem proativa para lidar com ameaças internas, as organizações podem reduzir significativamente o risco de violações de segurança e proteger seus ativos mais valiosos.
Lembre-se de que nem todos os insiders são maldosos; alguns podem ser alvos de engenharia social ou phishing. Alguns insiders podem ter sido induzidos a cometer crimes cibernéticos sem perceber.
Essas situações destacam a importância de educar todos os funcionários sobre práticas de segurança cibernética. A proteção contra ameaças internas requer uma abordagem variada, ampla e contínua para assegurar a segurança das informações da organização.
Ameaças Comuns Causadas por Insiders
Violação de dados
Os insiders têm a capacidade de acessar e extrair dados confidenciais, como dados financeiros, de propriedade intelectual ou informações pessoais de clientes e funcionários. Este tipo de ameaça pode ser prejudicial em diferentes setores da economia, dependendo do nível de confidencialidade dos dados, e de como estes podem ter seu uso desviado do propósito inicial.
Sabotagem
Funcionários descontentes podem deliberadamente danificar sistemas, deletar dados importantes ou introduzir malware nos sistemas da organização. Sabotagens podem causar paralisações, perda de dados críticos e danos à reputação da empresa.
Espionagem Industrial
Insiders podem coletar e vender segredos comerciais ou informações confidenciais a concorrentes. Este tipo de espionagem pode prejudicar gravemente a posição competitiva de uma empresa no mercado.
Uso Indevido de Recursos
Insiders podem utilizar os recursos da empresa para fins pessoais, como usar a infraestrutura de TI para mineração de criptomoedas, o que pode sobrecarregar os sistemas e aumentar os custos operacionais.
Erro Humano
Nem todas as ameaças internas são intencionais. Erros humanos, tais como clicar em links de phishing ou configurar incorretamente sistemas de segurança, podem causar vulnerabilidades de segurança inesperadas. Esses erros podem resultar em violações de dados e comprometer a segurança da empresa.
13 Dicas para Prevenir Ameaças de Insiders
1 – Verificação na contratação
Avaliar os conceitos e conhecimentos sobre segurança cibernética e a ética dos candidatos na entrevista. A falta de conhecimentos específicos sobre procedimentos não inviabiliza qualquer candidato, mas auxilia na definição do processo de “on-board” do mesmo dentro da companhia, orientando para quais treinamentos básicos são necessários. Fazer a nova contratação entender rapidamente a cultura da empresa sobre cibersegurança pode ser um diferencial.
2 – Alinhamento com os fornecedores
Verifique se os fornecedores compartilham da cultura e da noção de risco de segurança da sua empresa. Garanta que eles seguem as mesmas práticas de segurança cibernética e ética, ou que possuam processos semelhantes ou direcionados para a proteção do seu ambiente, que sejam alinhados com sua organização.
3 – Monitoramento e Detecção
Utilize ferramentas e técnicas para identificar comportamentos suspeitos e atividades maliciosas na rede da sua empresa. Verifique os logs regularmente para identificar possíveis ameaças e vulnerabilidades. Implemente políticas de resposta a incidentes para agir rapidamente em caso de ataques cibernéticos.
4 – Implementar Controles de Acesso Granulares
Utilize o princípio do menor privilégio, garantindo que os funcionários só tenham acesso às informações e sistemas necessários para realizar suas funções. Revise regularmente os privilégios de acesso para garantir que estejam atualizados.
5 – Monitoramento Contínuo e Análise de Comportamento
Implemente sistemas de monitoramento para detectar atividades anômalas. Ferramentas de análise de comportamento de usuários podem ajudar a identificar padrões incomuns que podem indicar atividades maliciosas.
6 – Treinamento e Conscientização de Segurança
Realize treinamentos regulares sobre segurança da informação para todos os funcionários. A conscientização sobre ameaças cibernéticas e práticas seguras pode reduzir o risco de erros humanos e mau uso de sistemas.
7 – Políticas de Segurança e Procedimentos Claros
Estabeleça políticas e procedimentos que sejam essenciais para garantir a proteção dos dados e informações da empresa. Devem ser implementadas e regularmente revisadas para manter a eficácia do sistema de segurança da informação. Garanta que todos os funcionários compreendam e sigam essas políticas.
8 – Gestão de Identidades e Acessos (IAM)
Gestão de identidades e acesso é uma prática fundamental para proteger contra ameaças internas e externas. Certifique-se de que as políticas de IAM sejam consistentemente aplicadas em todos os níveis da organização. Automatize o processo de provisionamento e eliminação de acesso, especialmente para funcionários que mudam de função ou deixam a empresa.
9 – Auditorias e Revisões Regulares
Realize auditorias de segurança periódicas para revisar atividades de usuários, configurações de sistemas e conformidade com políticas de segurança. Essas auditorias podem ajudar a identificar e corrigir vulnerabilidades antes que sejam exploradas.
10 – Segregação de Funções
Implemente a segregação de funções para garantir que nenhuma pessoa tenha controle total sobre processos críticos. Isso pode ajudar a prevenir fraudes e abusos, garantindo que atividades sensíveis sejam verificadas por múltiplas partes.
11 – Gestão de Ciclo de Vida dos Funcionários
Tenha um processo robusto para gerenciar todo o ciclo de vida dos funcionários, desde a contratação até a saída. Isso inclui verificações de antecedentes, gestão de acessos durante mudanças de função e revogação imediata de acessos ao término do vínculo empregatício.
12 – Plano de Resposta a Incidentes
Tenha um plano de resposta a incidentes bem definido e testado regularmente para garantir que a empresa esteja preparada para lidar com qualquer violação de segurança de forma eficaz e rápida. Isso inclui a definição de papéis e responsabilidades, comunicação clara com as partes interessadas e ações específicas a serem tomadas em caso de incidente.
13 – Tecnologias de Detecção e Prevenção de Perdas de Dados (DLP)
Utilize soluções de DLP para monitorar e proteger dados sensíveis contra exfiltração. Essas ferramentas podem detectar e bloquear tentativas de transferência de dados não autorizadas, alertando os administradores sobre possíveis violações.
Exemplos de Incidentes Famosos Envolvendo Insiders
Para ilustrar a gravidade das ameaças internas, vamos examinar alguns exemplos conhecidos:
Edward Snowden
Em 2013, Edward Snowden, um ex-contratado da NSA, vazou milhares de documentos confidenciais, revelando programas de vigilância em massa. Este incidente destacou a importância de controlar o acesso e monitorar atividades de usuários com altos privilégios. Além disso, trouxe à tona debates sobre privacidade e segurança cibernética ao nível global.
Tesla
Em 2018, a Tesla sofreu um incidente interno quando um funcionário descontente fez modificações não autorizadas no sistema de fabricação e vazou informações confidenciais para terceiros. Este caso demonstrou a necessidade de monitoramento contínuo e resposta rápida às atividades anômalas.
Considerações Finais
A proteção contra ameaças cibernéticas causadas por insiders exige uma abordagem em diferentes frentes de verificação e ações coordenadas, envolvendo tecnologias avançadas, políticas rigorosas e conscientização contínua dos funcionários. Compreender o conceito de insider e as ameaças comuns associadas é crucial para implementar estratégias eficazes de prevenção e mitigação.
Embora os insiders representem uma ameaça significativa devido ao seu acesso privilegiado, a implementação de estratégias abrangentes de segurança pode minimizar os riscos e proteger os ativos críticos da organização.
Organizações que investem em controles de acesso, monitoramento, treinamento, políticas claras, e tecnologias de prevenção e detecção estão melhor equipadas para enfrentar as ameaças internas e manter a segurança e integridade de seus sistemas e dados. A colaboração entre equipes de segurança, recursos humanos, e gestão é essencial para criar um ambiente de trabalho seguro e resiliente contra ameaças internas.