Quatro anos falando 5G por aqui… Que o 5G é a revolução na conectividade, que o salto tecnológico com ele seria enorme, a ultra velocidade, a baixa latência e a ampla densidade.
No meu artigo anterior, discutimos por que o 5G ainda não resolveu todos os nossos problemas. Agora volto aqui para dizer que o 5G não é suficiente?
Calma lá, gente! Apesar de ser uma ótima discussão, o hype do 5G altera o debate. Tem muita gente por aí que não fala sobre verdades que só vemos em campo: mesmo quando o 5G estiver funcionando plenamente, ele não será suficiente para atender todos os cenários de conectividade.
A realidade além do hype
No Brasil, com seus 8,5 milhões de km² – um continente por si só, precisamos aceitar que uma abordagem “one size fits all” é utopia. O 5G enfrenta algumas limitações que devemos entender:
- Cobertura geográfica em áreas remotas. Hoje, as redes celulares cobrem um pouco mais de 20% do território nacional.
- Penetração do sinal em ambientes complexos (minas, indústrias)
- Consumo de energia para dispositivos IoT que demandam baterias de longa duração
- Custo de implementação da rede de transmissão de dados e antenas em regiões de baixa densidade
Os contrapontos em forma de fogo amigo: RedCap e redes privativas
Também no artigo passado, falamos que o 5G RedCap foi projetado para preencher a lacuna entre o 5G convencional e as necessidades de IoT com menor consumo de energia. Suas vantagens incluem segurança superior, garantia de QoS e aproveitamento da infraestrutura 5G existente.
Já as Redes Privativas 5G/4G, que são implantações de redes celulares dedicadas a uma área ou organização, oferecem:
- Controle total sobre dados sensíveis de operações críticas
- Cobertura personalizada onde redes públicas não chegam
- Qualidade de serviço garantida e customização avançada
- Baixa latência consistente para aplicações industriais
Ambos contrapontos não deixam de usar a tecnologia 5G, porém aplicam os conceitos de maneira diferente: mediante a um padrão derivado do original (RedCap) ou o estabelecimento de redes dedicadas muito mais compactas que as arquiteturas das redes das operadoras tradicionais (Redes Privativas).
Casos de uso híbridos transformadores
Agricultura 4.0
- 5G: Nas sedes e centros operacionais, para máquinas agrícolas de milhões de reais
- LoRaWAN: Nos campos distantes, para sensores de baixo consumo
- Satélite: Para áreas completamente remotas e backup
Indústria 4.0
- 5G/4G privativo: Destinado a aplicações críticas e robótica e cobertura de áreas confinadas
- Wi-Fi 6: Para conectividade geral sem o ônus de adquirir devices compatíveis com redes celulares
- LPWAN: Para monitoramento de ativos e eficiência energética
Utilities
- NB-IoT/LTE-M: Para medidores inteligentes urbanos, combatendo “gatos” e “jacarés”, vazamentos e quedas no serviço por sobrecarga da rede.
- LoRaWAN: Para sensores ao longo de tubulações e atuadores nas linhas de transmissão de energia
- 5G: Para automação de força de campo, suporte remoto e leitura / corte remoto do consumo
Cidades inteligentes
- 5G: Nos centros urbanos, para aplicações de alta demanda
- Fibra óptica: Como espinha dorsal da rede municipal
- Wi-Fi público: Para democratização do acesso ancorado no mobiliário público
- LPWAN: Para iluminação inteligente e gestão de resíduos
Como avançar em um mundo de conectividade híbrida?
Para empresas e gestores de produção e tecnologia:
- Defina diferentes níveis de criticidade para suas aplicações
- Considere o custo total (implantação, manutenção, energia)
- Adote tecnologias escaláveis e interoperáveis
- Avalie se sua operação justifica redes privativas para dados sensíveis ou cobertura em ambientes complexos com menor densidade de antenas
Para o ecossistema de inovação:
- Desenvolva para ambientes híbridos de conectividade
- Foque em plataformas que integram dados de diferentes fontes
- Explore modelos que funcionam mesmo com conectividade e energia limitadas
- Acompanhe a evolução do RedCap e a adoção silenciosa das redes privativas
A orquestra digital
O 5G é um instrumento de conectividade extraordinário, mas não toca sozinho a sinfonia da transformação digital. O futuro da sinfonia perfeita pertence a quem souber orquestrar diferentes tecnologias, criando sistemas resilientes e adaptados às nossas diversas realidades, seja nos desafios tecnológicos ou atendendo ao conjunto de necessidades dos diversos setores econômicos.
Mesmo assim, o 5G tradicional segue como protagonista. Com a chegada do RedCap ampliando seu alcance e as redes privativas garantindo soberania para operações críticas, novas maneiras de usar o 5G estão na mesa. Mas para executarmos uma ópera completa, a diversidade de instrumentos é essencial.
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