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quarta-feira, abril 2, 2025
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Quando o 5G não é suficiente: redes híbridas e complementares

Quatro anos falando 5G por aqui… Que o 5G é a revolução na conectividade, que o salto tecnológico com ele seria enorme, a ultra velocidade, a baixa latência e a ampla densidade.

No meu artigo anterior, discutimos por que o 5G ainda não resolveu todos os nossos problemas. Agora volto aqui para dizer que o 5G não é suficiente?

Calma lá, gente! Apesar de ser uma ótima discussão, o hype do 5G altera o debate. Tem muita gente por aí que não fala sobre verdades que só vemos em campo: mesmo quando o 5G estiver funcionando plenamente, ele não será suficiente para atender todos os cenários de conectividade.

A realidade além do hype

No Brasil, com seus 8,5 milhões de km² – um continente por si só, precisamos aceitar que uma abordagem “one size fits all” é utopia. O 5G enfrenta algumas limitações que devemos entender:

  • Cobertura geográfica em áreas remotas. Hoje, as redes celulares cobrem um pouco mais de 20% do território nacional.
  • Penetração do sinal em ambientes complexos (minas, indústrias)
  • Consumo de energia para dispositivos IoT que demandam baterias de longa duração
  • Custo de implementação da rede de transmissão de dados e antenas em regiões de baixa densidade

Os contrapontos em forma de fogo amigo: RedCap e redes privativas

Também no artigo passado, falamos que o 5G RedCap foi projetado para preencher a lacuna entre o 5G convencional e as necessidades de IoT com menor consumo de energia. Suas vantagens incluem segurança superior, garantia de QoS e aproveitamento da infraestrutura 5G existente.

Já as Redes Privativas 5G/4G, que são implantações de redes celulares dedicadas a uma área ou organização, oferecem:

  • Controle total sobre dados sensíveis de operações críticas
  • Cobertura personalizada onde redes públicas não chegam
  • Qualidade de serviço garantida e customização avançada
  • Baixa latência consistente para aplicações industriais

Ambos contrapontos não deixam de usar a tecnologia 5G, porém aplicam os conceitos de maneira diferente: mediante a um padrão derivado do original (RedCap) ou o estabelecimento de redes dedicadas muito mais compactas que as arquiteturas das redes das operadoras tradicionais (Redes Privativas).

Casos de uso híbridos transformadores

Agricultura 4.0

  • 5G: Nas sedes e centros operacionais, para máquinas agrícolas de milhões de reais
  • LoRaWAN: Nos campos distantes, para sensores de baixo consumo
  • Satélite: Para áreas completamente remotas e backup

Indústria 4.0

  • 5G/4G privativo: Destinado a aplicações críticas e robótica e cobertura de áreas confinadas
  • Wi-Fi 6: Para conectividade geral sem o ônus de adquirir devices compatíveis com redes celulares
  • LPWAN: Para monitoramento de ativos e eficiência energética

Utilities

  • NB-IoT/LTE-M: Para medidores inteligentes urbanos, combatendo “gatos” e “jacarés”, vazamentos e quedas no serviço por sobrecarga da rede.
  • LoRaWAN: Para sensores ao longo de tubulações e atuadores nas linhas de transmissão de energia
  • 5G: Para automação de força de campo, suporte remoto e leitura / corte remoto do consumo

Cidades inteligentes

  • 5G: Nos centros urbanos, para aplicações de alta demanda
  • Fibra óptica: Como espinha dorsal da rede municipal
  • Wi-Fi público: Para democratização do acesso ancorado no mobiliário público
  • LPWAN: Para iluminação inteligente e gestão de resíduos

Como avançar em um mundo de conectividade híbrida?

Para empresas e gestores de produção e tecnologia:

  • Defina diferentes níveis de criticidade para suas aplicações
  • Considere o custo total (implantação, manutenção, energia)
  • Adote tecnologias escaláveis e interoperáveis
  • Avalie se sua operação justifica redes privativas para dados sensíveis ou cobertura em ambientes complexos com menor densidade de antenas

Para o ecossistema de inovação:

  • Desenvolva para ambientes híbridos de conectividade
  • Foque em plataformas que integram dados de diferentes fontes
  • Explore modelos que funcionam mesmo com conectividade e energia limitadas
  • Acompanhe a evolução do RedCap e a adoção silenciosa das redes privativas

A orquestra digital

O 5G é um instrumento de conectividade extraordinário, mas não toca sozinho a sinfonia da transformação digital. O futuro da sinfonia perfeita pertence a quem souber orquestrar diferentes tecnologias, criando sistemas resilientes e adaptados às nossas diversas realidades, seja nos desafios tecnológicos ou atendendo ao conjunto de necessidades dos diversos setores econômicos.

Mesmo assim, o 5G tradicional segue como protagonista. Com a chegada do RedCap ampliando seu alcance e as redes privativas garantindo soberania para operações críticas, novas maneiras de usar o 5G estão na mesa. Mas para executarmos uma ópera completa, a diversidade de instrumentos é essencial.

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Mauro Periquito
Mauro Periquito
Engenheiro de Telecomunicações e Consultor de Tecnologia, com o objetivo de desenvolver e gerenciar projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em sua trajetória profissional, tem como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
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