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domingo, julho 20, 2025
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Cibercriminosos anunciam 11,2 TB de dados brasileiros com foco comercial na dark web

Um novo e alarmante anúncio na dark web revela a comercialização de um gigantesco pacote com 11,2 terabytes de dados de brasileiros, supostamente voltados para uso em campanhas de vendas, marketing digital e ações de telemarketing. A publicação, feita em um dos fóruns mais frequentados por cibercriminosos, destaca o potencial comercial do banco de dados e escancara mais uma vez a fragilidade da proteção de dados pessoais e corporativos no país.

Com o título “EXCLUSIVE! BRAZIL DATABASE 11.2 TB – PREMIUM LEADS FOR EXPLOSIVE SALES!”, o anúncio oferece uma ampla gama de informações sensíveis, incluindo mais de 150 milhões de endereços de e-mail validados, mais de 5 milhões de registros empresariais e seus sócios, além de dados de cartões de crédito e débito, embora o volume exato desses últimos não tenha sido detalhado.

Oferta inclui dados de operadoras, bancos, veículos e segmentação por perfil

A promessa dos criminosos é fornecer uma base “100% legal”, embora o local de venda, um fórum da dark web, e a natureza dos dados sugiram o oposto. A descrição do anúncio enfatiza que o material inclui:

  • Mais de 300 milhões de registros de operadoras de telefonia
  • Dados de titulares de cartões bancários
  • Informações de DETRAN e placas de veículos
  • Registros com segmentação por idade, localização e perfil econômico
  • Arquivos “atualizados” entre 2024 e 2025

O anúncio ainda apresenta um viés altamente mercadológico, sugerindo o uso da base para call centers, campanhas de WhatsApp e SMS, cobranças, remarketing, crédito, seguros e até ações eleitorais.

Usuário anônimo já comercializa dados de diversos países

O autor do post, identificado como “injectioninferno2”, nome que pode ser uma alusão direta ao ataque conhecido como SQL Injection, é um membro ativo do fórum desde maio deste ano. Já publicou ao menos 33 ofertas de bases de dados, envolvendo registros de cidadãos e empresas do México, Peru, Argentina, Arábia Saudita, Estados Unidos, entre outros países.

Pelo teor das publicações, o grupo ou indivíduo responsável parece ter acesso recorrente a bases atualizadas e alega ter obtido os dados por “meios legais”, o que claramente se contradiz com a venda em ambiente clandestino. A oferta também inclui “suporte técnico” para compradores, indicando um modelo de negócio estruturado e contínuo.

Alerta máximo para líderes de segurança e compliance

O episódio acende um sinal de alerta para CISOs, CIOs e gestores de risco. O uso comercial de dados vazados pode se tornar ainda mais perigoso do que ataques de ransomware ou fraudes financeiras individuais, uma vez que alimenta indústrias inteiras de prospecção e marketing ilícito, inclusive com aparente normalização da prática em algumas redes.

Especialistas apontam que essa profissionalização dos vazamentos, com linguagem voltada a negócios, segmentação de leads e “suporte ao cliente”, representa uma nova etapa no cibercrime corporativo, com impactos diretos sobre a LGPD, reputação de marcas e riscos jurídicos para empresas que eventualmente utilizem, mesmo que indiretamente, esse tipo de material.

Riscos de sanções e uso eleitoral aumentam a gravidade do caso

O conteúdo do anúncio chama atenção ainda por seu apelo a consultores políticos e campanhas eleitorais, sugerindo o uso de informações pessoais para manipulação de público e microtargeting. Isso acende luz vermelha em ano pré-eleitoral no Brasil, além de apontar para possíveis violações de normas eleitorais e de proteção de dados, que podem implicar desde sanções administrativas até responsabilizações criminais.

O papel das empresas: vigilância ativa e verificação de exposição

Com bases como essa circulando, torna-se essencial que organizações verifiquem se seus dados ou os de seus clientes estão expostos, e atualizem seus mecanismos de monitoramento de dark web e gestão de incidentes. Ferramentas de threat intelligence, alertas de credenciais vazadas e colaboração com autoridades passam a ser imprescindíveis no arsenal de defesa cibernética.

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas o episódio deve reforçar discussões sobre a efetividade da fiscalização da LGPD, bem como a necessidade de maior rigor no uso comercial de dados em campanhas de marketing e vendas no Brasil.

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Cíntia Ferreira
Cíntia Ferreira
Chief Operating Officer no Itshow, portal líder de notícias em Tecnologia e Telecom, com base em São Paulo. Com ampla experiência em gestão operacional e estratégia de alto impacto, ela conduz iniciativas que impulsionam inovação, eficiência e operações escaláveis. Reconhecida por liderar equipes multidisciplinares e integrar soluções de negócios e tecnologia,
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