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terça-feira, julho 22, 2025
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Digital Twins: do chão de fábrica ao boardroom

E se fosse possível testar uma estratégia antes de colocá-la em prática? Simular uma expansão internacional, avaliar o impacto de uma fusão ou até prever como o mercado reagiria a uma ruptura no seu modelo de negócios. Tudo isso sem arriscar reputação, capital ou anos de trabalho. Essa é a promessa dos Digital Twins, uma tecnologia que, na minha opinião, está prestes a se tornar o novo “oráculo” dos líderes empresariais.

O poder dos Digital Twins: simulando o futuro sem riscos

Apesar do termo técnico, a essência é simples: criar uma réplica digital dinâmica da operação, capaz de refletir o presente em tempo real e antecipar o futuro com mais precisão. E não estou falando de uma realidade muito distante, visto que algumas empresas já estão utilizando gêmeos digitais para tomar decisões mais seguras, rápidas e inteligentes. A história dessa tecnologia tem algo de inspirador.

Nos anos 2000, a NASA enfrentava o desafio de monitorar naves espaciais em missões longas e perigosas. A solução foi criar modelos digitais que simulavam o comportamento de cada componente em condições extremas. Esse conceito, aliado ao avanço da Internet das Coisas e da inteligência artificial, migrou para o mundo corporativo. Hoje, começa a influenciar não apenas o chão de fábrica, mas também as discussões de conselho e as salas de reunião do C-Level.

Na indústria, Siemens e GE usam Digital Twins para prever falhas em turbinas e otimizar linhas de produção, economizando milhões em manutenção preditiva. Singapura criou uma réplica digital da cidade para planejar intervenções urbanas, gerir o tráfego e otimizar o consumo de energia. Hospitais americanos já utilizam modelos semelhantes para melhorar a gestão de leitos e reduzir tempos de espera. No varejo, redes globais simulam mudanças de layout e campanhas promocionais para entender o comportamento do consumidor antes de investir no mundo físico.

De conceito técnico à revolução estratégica nas empresas

Porém, é quando levamos essa lógica para o nível estratégico que o potencial se torna ainda mais fascinante. Imagine um CEO testando diferentes cenários macroeconômicos em um gêmeo digital de sua organização global, ou um conselho de administração avaliando o impacto de uma nova regulamentação sobre operações críticas sem precisar recorrer a longos e caros estudos de impacto. Não é exagero dizer que os Digital Twins podem se tornar uma ferramenta indispensável para líderes que querem navegar com segurança em tempos de incerteza.

Essa tecnologia oferece a possibilidade de errar sem consequências reais, algo raro no mundo corporativo. Com dados vivos e análises dinâmicas, permite antecipar crises, reduzir riscos e acelerar ciclos de inovação. A Tesla já demonstra um exemplo desse mindset ao ajustar remotamente funcionalidades de seus veículos com base em dados de uso, evoluindo continuamente a experiência do cliente sem que ele perceba.

Claro que há obstáculos, pois implantar um gêmeo digital exige uma base sólida de dados, integração entre sistemas muitas vezes fragmentados e uma governança robusta para proteger informações estratégicas. Sem dados de qualidade, o modelo perde a força e, em tempos de ataques cibernéticos cada vez mais sofisticados, a segurança precisa ser prioridade absoluta.

Ainda assim, é difícil não enxergar o caminho, já que com o avanço do 5G, da IA e da computação em nuvem, as barreiras técnicas e financeiras estão caindo rapidamente. Um estudo da Gartner projeta que o mercado global de software e serviços para simulação de gêmeos digitais deve saltar de US$ 35 bi (2024) para US$ 379 bi em 2034.

No final, tudo é uma questão de visão. Os líderes que entenderem o potencial dos Digital Twins e começarem a experimentá-los agora estarão mais bem preparados para enfrentar o imprevisível. Em um mercado cada vez mais complexo, a capacidade de testar o futuro antes de vivê-lo pode ser a diferença entre liderar a transformação e ser surpreendido por ela.

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