A revolução do eSIM não é mais uma tendência distante: ela já está chegando ao Brasil com empresas locais assumindo papel de protagonismo. O diferencial do eSIM está no fato de ser embarcado diretamente nos equipamentos, permitindo habilitação remota e troca de operadora sem intervenção física. Isso elimina etapas operacionais típicas dos SIM cards tradicionais e abre espaço para ganhos significativos de eficiência.
Além da eficiência técnica, a Virtueyes aposta no eSIM como pilar para novos modelos de negócio, como o HaaS (Hardware as a Service), em que dispositivos conectados são fornecidos já com a gestão de conectividade integrada. Isso amplia as possibilidades em setores que exigem resiliência e manutenção remota, como rastreamento de ativos, medição de energia e monitoramento ambiental.
Atualmente, a empresa conduz testes de campo com parceiros estratégicos para validar o desempenho da solução, dentro de um plano de investimento de R$ 40 milhões iniciado em 2024. Segundo projeções, o mercado global de eSIM deverá ultrapassar 3 bilhões de conexões até 2030, com expectativa de que o Brasil acompanhe o ritmo até 2032.
Da evolução do SIM ao eSIM
A trajetória do SIM card começou em 1991, quando foi padronizado junto com o GSM, estabelecendo-se como elemento essencial para autenticação do usuário nas redes móveis【1】. Desde então, o SIM passou por sucessivos processos de miniaturização, indo do formato full-size até o nano-SIM.
O objetivo sempre foi reduzir espaço físico nos dispositivos, liberar área para componentes mais avançados e melhorar a eficiência. Entretanto, a chegada do eSIM marcou uma ruptura conceitual: em vez de um cartão removível, trata-se de um componente embarcado, integrado diretamente ao dispositivo e capaz de ser reprogramado remotamente.
Essa mudança foi impulsionada por diversas razões, desde a necessidade de dispositivos mais compactos e resistentes especialmente em cenários como IoT industrial e automotivo até a busca por gestão de perfis de conectividade de maneira remota, algo impraticável com chips físicos【1】【11】.
Definição e fundamentos
O eSIM, tecnicamente denominado Embedded Subscriber Identity Module, é um padrão definido pela GSMA que permite o provisionamento remoto de perfis de operadoras【1】. Isso significa que, em vez de depender da troca física de um chip, o usuário ou administrador de conectividade pode habilitar, desabilitar ou apagar perfis de forma remota por meio de plataformas de gerenciamento. Essa capacidade simplifica processos logísticos, aumenta a flexibilidade operacional e abre espaço para novos modelos comerciais que privilegiam agilidade e eficiência【11】.
Tecnologias existentes: SGP.02, SGP.22 e SGP.32
A padronização do eSIM ocorreu em três versões principais. A primeira, conhecida como SGP.02, foi voltada para consumidores e introduziu o conceito de Remote SIM Provisioning em dispositivos como smartphones, tablets e smartwatches【1】. Em seguida, a SGP.22 ampliou as funcionalidades, trazendo maior segurança, escalabilidade e suporte a múltiplos perfis simultâneos, além de interfaces mais robustas para integração com os sistemas das operadoras【1】.
Mais recentemente, surgiu a SGP.32, projetada para o universo de IoT e M2M, com foco em reduzir a complexidade da integração em dispositivos de baixa capacidade, como sensores, rastreadores e wearables industriais【1】. É exatamente essa especificação que a Virtueyes está trazendo em primeira mão ao mercado brasileiro, reforçando sua posição de vanguarda.
Arquitetura e fluxos de operação
A arquitetura do eSIM é composta por três elementos centrais: o SM-DP+ (Subscription Manager Data Preparation), que prepara os perfis de operadoras; o SM-SR (Subscription Manager Secure Routing), que garante a entrega segura desses perfis; e o eUICC (embedded Universal Integrated Circuit Card), componente presente no dispositivo que armazena e executa os perfis【1】.
Dentro dessa arquitetura, destacam-se os fluxos de operação que permitem o gerenciamento contínuo da conectividade. O processo de habilitação é responsável por autorizar o dispositivo a iniciar a comunicação com a plataforma de gerenciamento. O procedimento de download garante que o perfil seja transferido de forma criptografada e segura até o eUICC.
A fase de enabling ativa o perfil imediatamente para uso, enquanto as funções de disabling e delete permitem suspender ou excluir perfis conforme necessário. Caso haja problemas durante a ativação, existe ainda a função de rollback, que retorna automaticamente ao perfil anterior para garantir continuidade do serviço【1】【11】.
Aplicações no mundo e no Brasil
No cenário internacional, o eSIM já conquistou espaço relevante. Desde o iPhone 14, a Apple adotou o modelo de forma radical em alguns mercados, eliminando por completo o slot físico para SIM【2】. Fabricantes como Samsung【3】, Google e Xiaomi também oferecem dispositivos com suporte a eSIM, ampliando a disponibilidade para consumidores finais. No setor automotivo, montadoras como BMW【6】, Tesla【5】 e Stellantis【4】 utilizam o eSIM para oferecer conectividade nativa em veículos, possibilitando telemetria, serviços de entretenimento embarcados e atualizações de software over-the-air.
No Brasil, a adoção ainda é mais gradual. As grandes operadoras Vivo, TIM e Claro já disponibilizam suporte para smartphones premium e wearables【7】. Contudo, o maior potencial está no IoT/M2M, onde empresas como a Virtueyes estão na dianteira, conduzindo pilotos e testes de campo em setores como logística, indústria e agronegócio. A estratégia de lançar o eSIM baseado em SGP.32 coloca a empresa como referência local e acelera a possibilidade de massificação em áreas que exigem conectividade resiliente e manutenção remota【12】.
Proposta de valor e vantagens estratégicas
O valor agregado do eSIM é perceptível em várias dimensões estratégicas. Do ponto de vista operacional, ele elimina a necessidade de envio físico de cartões SIM, o que reduz prazos, custos e dependência de logística【11】. Do ponto de vista global, o eSIM permite que dispositivos circulem entre países com muito mais facilidade, simplificando roaming e a ativação de planos locais sem a necessidade de trocas físicas【8】【9】.
Comercialmente, ele habilita que MVNOs e MVNEs ofereçam planos dinâmicos, ajustáveis em tempo real【11】. Nesse contexto, a Virtueyes, ao mesmo tempo em que atua como Full MVNO e futura MVNE habilitadora de novos entrantes, reforça como o eSIM se conecta diretamente à sua proposta de valor de oferecer flexibilidade comercial e técnica aos clientes corporativos.
Em termos de resiliência, a possibilidade de múltiplos perfis garante redundância de conectividade, fundamental em aplicações críticas【1. E, finalmente, do ponto de vista ambiental, a redução na produção de plásticos e resíduos eletrônicos traz um benefício sustentável cada vez mais valorizado【11】.
Casos de uso práticos
Os casos de uso são variados e reforçam o caráter transformador do eSIM. Para o consumidor final, a principal aplicação está nas viagens internacionais, onde é possível ativar planos locais em poucos segundos via aplicativos como Airalo【8】ou Holafly【9】, sem precisar buscar chips em aeroportos.
No setor automotivo, a conectividade nativa já é uma realidade, permitindo a transmissão de dados de telemetria, a integração com aplicativos de mobilidade e a atualização remota de sistemas【4】【5】【6】.
No agronegócio, sensores de campo em áreas remotas utilizam múltiplos perfis de operadoras para garantir cobertura, mesmo em regiões com baixa densidade de infraestrutura【12. É justamente nesse segmento que a Virtueyes aposta para expandir o alcance do eSIM, integrando sua plataforma V.Eye a soluções de agricultura 4.0, telemetria de insumos e monitoramento de maquinário.
Na saúde, wearables com conectividade celular permitem monitoramento contínuo e independente de redes Wi-Fi, facilitando diagnósticos em tempo real【11. Já na indústria 4.0, o eSIM viabiliza rastreadores e máquinas conectadas em redes privadas LTE e 5G, com perfis customizados para cada aplicação【12】, mais uma frente em que a Virtueyes atua em conjunto com parceiros estratégicos.
Pontos de atenção
Apesar das vantagens, o eSIM enfrenta pontos de atenção relevantes. Em termos regulatórios, alguns países ainda não permitem a ativação remota em larga escala【1】【11】, o que limita a universalização da tecnologia. Do lado das operadoras, ainda há restrições na oferta de múltiplos perfis ou na flexibilidade comercial【7】, o que reduz as opções disponíveis para empresas e consumidores.
A experiência do usuário também pode ser um desafio, já que a transferência de perfis entre dispositivos nem sempre é tão simples quanto a troca física de um chip【3】. Além disso, a segurança é um fator crítico: como todo processo é digital e remoto, as plataformas precisam garantir proteção contra fraudes, invasões e acessos não autorizados【11】.
Considerações finais
Diante desse cenário, é possível afirmar que o eSIM não é apenas uma evolução incremental do SIM card, mas um motor estratégico para a transformação digital das telecomunicações. Ele abre espaço para modelos mais ágeis, sustentáveis e globais, acelera a adoção de IoT/M2M em escala e permite que operadoras, MVNOs e integradores criem propostas de valor diferenciadas.
No Brasil, o ritmo de adoção ainda é mais lento que em mercados como Estados Unidos e Europa【10】. Porém, com iniciativas como a da Virtueyes, que combina pioneirismo tecnológico, visão comercial e forte presença em verticais de alto valor, os sinais de aceleração já são claros especialmente nos segmentos automotivo, agrícola e industrial【12】. O eSIM, portanto, consolida-se como um elemento central no futuro das comunicações móveis e como plataforma de novos modelos de negócio que redesenharão o ecossistema de conectividade.
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Referências
- GSMA – Remote SIM Provisioning Specifications: Documentos oficiais que definem os padrões técnicos SGP.02, SGP.22 e SGP.32. Disponível em: https://www.gsma.com.
- Apple Support – About eSIM on iPhone: Detalhes sobre a eliminação do SIM físico em alguns modelos, como o iPhone 14 nos EUA. Disponível em: https://support.apple.com/en-us/HT212780.
- Samsung Global – What is an eSIM?: Guia oficial explicando uso e benefícios em smartphones Galaxy. Disponível em: https://www.samsung.com/global/galaxy/what-is-esim.
- Stellantis Press Release (2023) – Conectividade Nativa em Veículos.
- Tesla – Vehicle Connectivity: Página institucional sobre conectividade embarcada. Disponível em: https://www.tesla.com/support/connectivity.
- BMW Group – Digital SIM / eSIM Personal: Materiais de suporte ao eSIM automotivo. Disponível em: https://www.bmw.com.
- Vivo, Claro e TIM – Guias de ativação de eSIM no Brasil.
- Airalo – Global eSIM Marketplace: Aplicativo para ativação instantânea de planos de dados em mais de 190 países. Disponível em: https://www.airalo.com.
- Holafly – International eSIM Solutions: Informações sobre planos ilimitados de viagem. Disponível em: https://www.holafly.com.
- Statista (2024) – eSIM Market Size Worldwide: Projeções de que o número de dispositivos habilitados para eSIM ultrapassará 3,5 bilhões em 2027.
- ABI Research (2023) – The State of eSIM Adoption: Relatório analítico sobre oportunidades e barreiras no mercado global de eSIM.
- IDC Latin America (2024) – IoT Market Outlook: Estudo destacando como eSIM acelera a expansão do IoT/M2M na região.