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terça-feira, dezembro 3, 2024
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A urgência em formar capital humano para a cibersegurança no Brasil

A cibersegurança é hoje um dos pilares mais críticos da segurança nacional e da economia global. No entanto, a falta de capital humano qualificado nessa área é um problema alarmante, especialmente no Brasil, onde o déficit de talentos alcança números impressionantes.

O Desafio da Escassez de Profissionais de Cibersegurança no Brasil e as Ações Necessárias para Superá-lo

A demanda por profissionais de cibersegurança tem crescido exponencialmente devido ao avanço das ameaças digitais, aceleradas pela pandemia da Covid-19. O aumento da digitalização e da conectividade trouxe benefícios, mas também expôs organizações a vulnerabilidades críticas.

Segundo o (ISC), o Brasil lidera o ranking de países com maior déficit de profissionais na América Latina, com mais de 450 mil vagas em aberto em 2023. Embora esse número tenha se reduzido nos últimos anos (porém, com a tendência de continuar aumentando por razões óbvias), isso reflete mais a retração econômica e a eliminação de postos de trabalho do que o crescimento da oferta de profissionais qualificados.

As dificuldades em contratar profissionais capacitados são evidentes. Pesquisas mostram que 57,3% das empresas brasileiras enfrentam barreiras nesse sentido, sendo a principal causa a falta de talentos disponíveis no mercado. Essa escassez é agravada por questões regionais e sociais, com a maior concentração de talentos e vagas no Sudeste, especialmente em São Paulo, e um mercado pouco diverso, com barreiras significativas para mulheres.

Além disso, a fuga de talentos qualificados para o exterior representa outro grande desafio. A remuneração e as condições de trabalho oferecidas por empresas internacionais são significativamente mais atraentes, levando muitos profissionais brasileiros a buscarem oportunidades fora do país. Esse êxodo não só amplia o déficit interno, mas também enfraquece a capacidade do Brasil de enfrentar as crescentes ameaças cibernéticas.

Estratégias para Impulsionar o Capital Humano em Cibersegurança no Brasil

Para combater essa crise, é essencial investir em políticas públicas robustas que promovam a formação de capital humano. Exemplos internacionais, como a “National Cyber Workforce and Education Strategy” dos Estados Unidos, oferecem diretrizes valiosas. Entre as medidas destacam-se a inclusão de cibersegurança nas grades curriculares do ensino básico e médio, a criação de programas de capacitação gratuitos ou de baixo custo, e o incentivo à diversidade no mercado de trabalho.

No Brasil, algumas iniciativas já apontam para o caminho certo. Programas como o “Hackers do Bem”, coordenado pela Softex, buscam preparar milhares de profissionais em níveis diversos. Instituições como SENAC, IBSEC e IDESP têm ampliado a oferta de cursos e certificações. No entanto, esses esforços ainda estão longe de atender à demanda nacional.

Além da formação acadêmica, é crucial que as empresas se tornem centros de formação prática, oferecendo vagas de entrada para profissionais juniores e programas de treinamento contínuo para seus colaboradores. A criação de programas de recolocação para profissionais mais experientes, sobretudo em um país com envelhecimento populacional acelerado, também é uma estratégia necessária.

O governo desempenha um papel central nesse esforço. A inclusão de cibersegurança em políticas públicas como a Política Nacional de Cibersegurança e a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética deve ser acompanhada de investimentos significativos em pesquisa, desenvolvimento e educação. Recursos devem ser destinados à criação de ecossistemas educacionais sustentáveis, que promovam o aprendizado contínuo e alinhado às demandas do mercado.

A construção de um Brasil mais resiliente no campo da cibersegurança, seja para a atuação na segurança ou na defesa nacional, em especial às infraestruturas críticas, passa pela valorização do capital humano. Isso exige esforços conjuntos de governos, empresas e sociedade para reduzir o déficit de profissionais, reter talentos e preparar as próximas gerações para enfrentar os crescentes desafios do mundo digital. Se não agirmos de forma mais intensa agora, as consequências para a economia, segurança e defesa nacional serão ainda mais graves e de longo alcance.

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