O Departamento de Comércio dos Estados Unidos emitiu uma orientação rigorosa nesta semana alertando que o uso dos chips de inteligência artificial (IA) Ascend da Huawei, em qualquer lugar do mundo, constitui violação das regras de exportação americanas. A medida reforça a estratégia dos EUA para conter o avanço tecnológico da China em setores estratégicos como semicondutores e IA, ao mesmo tempo em que alerta para os riscos de utilização de tecnologia americana no treinamento e inferência de modelos de IA chineses.
Em comunicado divulgado na terça-feira, o Escritório de Indústria e Segurança (BIS) destacou que qualquer emprego dos chips da Huawei — mesmo fora do território chinês — está sujeito às restrições impostas pelo governo dos EUA. A ação ocorre num momento de tensões elevadas entre as duas potências, sobretudo na corrida pelo domínio da inteligência artificial.
Detalhes da orientação e implicações para a Huawei
A orientação do Departamento de Comércio deixa claro que o uso dos chips Ascend — desenvolvidos pela Huawei em Shenzhen — para processos de treinamento e inferência de modelos de IA chineses está sujeito a sanções rigorosas. O treinamento de IA refere-se à etapa em que grandes volumes de dados são usados para ensinar a máquina a reconhecer padrões, enquanto a inferência corresponde ao uso desse conhecimento para executar tarefas práticas. A proibição torna ainda mais difícil para a Huawei continuar sua ambição de criar chips mais avançados, particularmente no segmento de aceleradores para IA, competindo diretamente com gigantes como Nvidia.
Fontes reportam que os próximos processadores Ascend da Huawei, projetados com tecnologia de 7 nanômetros, já enfrentam limitações severas. As restrições dos EUA impedem seus parceiros de fabricação de adquirirem equipamentos de ponta necessários para a produção dos chips. Desde o início da guerra tecnológica, a Huawei tem sofrido bloqueios que impactam não apenas seus smartphones, mas também sua capacidade de inovar em semicondutores.
Revogação das regras de exportação da era Biden
Paralelamente, o Escritório de Indústria e Segurança anunciou a revogação de algumas regras impostas durante a administração Biden relacionadas à exportação de semicondutores utilizados no desenvolvimento de IA. As regras anteriores haviam gerado críticas de aliados dos EUA e grandes empresas americanas do setor, como Nvidia e Oracle, que argumentavam que as medidas poderiam prejudicar parcerias e o ecossistema tecnológico global.
O Departamento de Comércio justificou a revogação afirmando que as regulamentações “teriam prejudicado as relações diplomáticas dos EUA com dezenas de países, ao rebaixá-los a um status de segundo nível”. O governo planeja publicar uma nova regra substitutiva que deverá ser mais flexível e focada em parcerias estratégicas. Fontes indicam que o governo Trump está preparando uma abordagem própria, com negociações bilaterais com países confiáveis para formar uma coalizão tecnológica que resguarde a liderança americana sem comprometer alianças importantes.
Contexto da disputa tecnológica entre EUA e China
A crescente preocupação dos EUA com o avanço da China em IA e semicondutores reflete um cenário global de competição acirrada por tecnologias consideradas fundamentais para a segurança nacional e o domínio econômico nas próximas décadas. A Huawei, uma das maiores empresas de tecnologia da China, tem sido alvo central dessa disputa, sofrendo sucessivas sanções que restringem o acesso a tecnologias americanas, desde componentes para celulares até ferramentas essenciais para desenvolvimento de chips.
Essa nova orientação do Departamento de Comércio reforça que a estratégia americana não está apenas focada no controle direto dentro do território nacional, mas também no monitoramento e restrição do uso dessas tecnologias chinesas em todo o mundo. Ao impedir que os chips Ascend da Huawei sejam empregados globalmente, os EUA buscam minimizar o impacto da tecnologia chinesa em setores críticos de IA, mantendo a vantagem competitiva americana.
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