Em um mundo corporativo cada vez mais digital, as redes modernas se tornaram sistemas altamente interconectados e complexos, que dependem de uma infinidade de aplicativos e serviços de infraestrutura. Esses sistemas, funcionando em sincronia, precisam interagir de forma segura e eficiente, muitas vezes sem a necessidade de intervenção humana. Surge aqui a necessidade de identidades não humanas (NHIs), que incluem segredos de aplicativos, chaves de API, contas de serviço e tokens OAuth. O crescimento dessas identidades tem sido exponencial nos últimos anos, e algumas empresas já possuem NHIs em uma proporção de até 50 para 1 em comparação com identidades humanas.
Esse crescimento reflete diretamente a evolução da segurança cibernética, pois as NHIs desempenham um papel crucial em garantir que as interações entre sistemas e serviços ocorram de forma segura. No entanto, com a ascensão das NHIs, surgem novos desafios que exigem atenção especial dos profissionais de segurança cibernética para evitar falhas e exposições que possam comprometer a rede.
Embora essas NHIs sejam fundamentais para garantir a operação de sistemas complexos e a automação de tarefas, elas também apresentam riscos significativos de segurança que exigem atenção imediata. Segundo um relatório do Enterprise Strategy Group, 46% das organizações sofreram comprometimentos relacionados a NHIs no último ano. Este artigo examina o aumento das identidades não humanas, os riscos associados a elas e as estratégias utilizadas pelos CISOs para gerenciar essas identidades no atual cenário de segurança cibernética.
Ascensão das Identidades Não Humanas: O que são e por que importam?
As identidades não humanas tornaram-se vitais no ambiente corporativo moderno, impulsionadas pelo uso crescente de serviços em nuvem, automação e inteligência artificial. Elas permitem que aplicativos e serviços se autentiquem e interajam entre si, sem a necessidade de intervenção humana, o que facilita a automação e a execução de tarefas. As NHIs são essenciais para a autenticação de sistemas em tempo real, e sua crescente utilização não mostra sinais de desaceleração.
Essas identidades digitais são, muitas vezes, tão sensíveis quanto as credenciais humanas, se não mais. Caso sejam expostas, podem permitir que adversários ganhem acesso direto a sistemas e dados valiosos, causando danos consideráveis à segurança cibernética. Isso coloca as NHIs na mira de ataques, tornando o seu gerenciamento uma prioridade para os líderes de TI.
O Risco do Vazamento de Segredos e Outros Desafios
Apesar de sua importância, NHIs são, frequentemente, mal gerenciadas e protegidas de forma inadequada. Enquanto as identidades humanas podem contar com medidas de segurança como MFA (autenticação multifatorial) e biometria, as NHIs frequentemente operam com credenciais mais fracas e não possuem os mesmos controles de segurança. Isso as torna vulneráveis a ataques cibernéticos.
O vazamento de segredos é um dos maiores problemas. Segredos como chaves de API e tokens OAuth podem ser expostos acidentalmente, por exemplo, ao serem deixados no código-fonte de aplicativos ou em repositórios públicos como GitHub. A GitGuardian, empresa especializada em segurança, encontrou mais de 27 milhões de segredos expostos em repositórios públicos no último ano. E, como muitos NHIs não são rotacionados com frequência, uma vez vazados, podem ser usados por muito tempo, o que amplia ainda mais os riscos.
Além disso, muitas NHIs têm permissões excessivas, o que pode abrir portas para ataques de maior escala. Muitas contas de serviço e NHIs têm mais acesso ao que realmente precisam, aumentando a superfície de ataque das redes corporativas.
Gerenciamento de NHIs: O que os CISOs estão enfrentando
O gerenciamento de identidades não humanas não é uma tarefa simples. Embora os CISOs reconheçam a importância de proteger as NHIs, há vários desafios a serem superados. Aqui estão os três principais obstáculos que eles enfrentam:
1. Visibilidade: Onde Estão as NHIs?
O primeiro desafio no gerenciamento de NHIs é a falta de visibilidade. Muitas organizações possuem milhares dessas identidades, e muitas vezes, elas nem sabem onde estão. “Você não pode proteger o que não conhece”, é um ditado que se aplica bem aqui. Para garantir a proteção das NHIs, é essencial que as empresas implementem soluções de gerenciamento de postura de segurança de identidade, que ajudem na localização e monitoramento dessas identidades em todo o ambiente corporativo.
2. Priorização de Riscos: Qual NHI Representa o Maior Perigo?
Nem todas as NHIs são igualmente perigosas. Algumas possuem mais privilégios do que outras, o que pode representar um risco maior em caso de comprometimento. O desafio, então, é priorizar e identificar as NHIs que têm mais acesso e, portanto, representam maior risco. Reduzir os privilégios e ajustar as permissões dessas identidades é uma maneira eficaz de diminuir a superfície de ataque.
3. Falta de Processos Eficientes
Com a proliferação das NHIs, a governança tornou-se uma grande preocupação. Muitas dessas identidades são criadas por desenvolvedores para atender a necessidades específicas, mas raramente são rastreadas ou desativadas adequadamente. Isso pode levar a falhas de segurança graves. As equipes de segurança precisam implementar um processo robusto para governar essas identidades, com regras claras para criação, manutenção e desativação.
As identidades não humanas são essenciais para as operações modernas das empresas, permitindo a automação e a integração entre sistemas. No entanto, sua proteção não pode ser ignorada. NHIs mal gerenciadas representam uma grande ameaça à segurança cibernética e são um alvo atraente para cibercriminosos.
Assim como as identidades humanas, as NHIs precisam de uma abordagem de segurança completa, que envolva visibilidade, governança de identidade, controle de permissões e a adoção de medidas de proteção adequadas. No final, proteger as NHIs não é uma opção, é uma necessidade urgente para garantir a segurança das empresas e a integridade dos seus sistemas digitais.
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